De olho no preço: a blogueira Hami Waltrick já começou a monitorar sites e produtos para a Black Friday| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo.

Acompanhamento

Vendas crescem ano a ano, assim como as investigações

A crise de desconfiança desencadeada na primeira ação, em 2011, não tem impedido a Black Friday do Busca Descontos de crescer. Em 2013, movimentou R$ 424 milhões em compras, segundo a ClearSale – no ano anterior, foram R$ 217 milhões. O site manterá em 2014 medidas na tentativa de melhorar a fama da ação, como o código de ética que deverá ser assinado por participantes, o hotsite para denúncias no Reclame Aqui e o selo de idoneidade para lojas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico.

O idealizador da ação, Pedro Eugênio, avalia que o consumidor "tem entendido melhor" a iniciativa. "A Black Friday não vale para a loja inteira e nem para lançamentos. É o conceito de outlet", diz ele, afirmando que o número de reclamações é baixo se comparado com o de compras.

Em 2013, o Procon-SP processou administrativamente cerca de 20 lojas denunciadas por forjarem descontos. A orientação é que consumidores chequem desde já preços (inteiro e com desconto) e frete. A diretora executiva do Procon-SP, Andrea Arante, diz que o órgão está pronto a definir sanções mais graves do que multas. "Temos autonomia para suspender vendas e licenças e pretendemos ir longe porque essa prática não é mais aceitável."

Enquanto isso, o consumidor aprende a pesquisar. A produtora de moda Hami Waltrick, 19 anos, de Curitiba, dona do blog Chiquerrí, quer adquirir um celular e um modelador de cabelos na sua primeira compra durante a Black Friday. "Estou olhando preços em sites conhecidos e anotando em um caderno", diz. O alerta surgiu ao verificar o preço do celular que a interessa. "Nessa semana ele passou a ser vendido a um preço maior do que sempre foi", reclama.

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Lojas virtuais que forjam descontos antes de liquidações – aumentando preços para depois baixá-los – têm tudo para não passar mais incólumes pelos consumidores. Sites e aplicativos que monitoram históricos de preços se consolidaram como ferramentas "mão na roda" para a clientela desconfiada. Faltando cerca de 20 dias para a já tradicional ação de Black Friday do site Busca Descontos, da qual participam as maiores lojas do setor, é a hora de o consumidor prestar atenção a essas reviravoltas.

INFOGRÁFICO: Veja quais são os sites e aplicativos que te ajudam a aproveitar as promoções

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Uma boa ferramenta é o aplicativo para computador Baixou Agora, que já registrou 900 mil downloads desde agosto de 2013. A expectativa é de que o número chegue a 1,5 milhão durante a Black Friday, no dia 28. O aplicativo permite checar as últimas 15 alterações de preços de um produto.

O usuário pode consultar o dado em uma barra no topo da página do item. São cerca de 30 lojas monitoradas, entre elas gigantes do e-commerce – como Americanas, Submarino e Walmart. A exceção são lojas do grupo Via Varejo (Extra, Ponto Frio e Casas Bahia), que o site pretende monitorar até a Black Friday.

Para o fundador do Baixou, Patrick Nogueira, as lojas estão mais conscientes da repercussão negativa que maquiar descontos acarreta, mas a prática continua comum. "Após as denúncias na primeira Black Friday [sobre descontos falsos], em 2013 ainda houve o 'pela metade do dobro' no sentido de a loja exagerar o desconto. Subiam um pouco o preço para afirmar que cortaram pela metade, mas na verdade era só 15%".

Nogueira diz que sua intenção não é criar saia justa com as lojas – afinal, o Baixou ganha porcentagem sobre compras feitas por links do site –, mas nem todas encaram bem a ferramenta. "Já recebemos ameaça de processo e notamos que algumas tentam dificultar tecnicamente a nossa ação."

Na tela

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Bem menor do que o Baixou (tem 5 mil usuários), o Bizoo oferece recurso parecido, com um diferencial: registra imagens das ofertas. O site nasceu para viabilizar descontos personalizados e está em fase de testes, mas já permite pesquisar preços. O mecanismo foi criado na intenção de que os preços antigos ajudassem na negociação, conta Mauro Lopes, fundador do site.

Durante esse desenvolvimento, Lopes percebeu como lojas aumentam preço para depois reduzi-lo e dar impressão de desconto agressivo. "Não tem loja vilã, é até uma prática do mercado", opina. "Tem consumidor atento, que monitora e faz print [screen], mas queremos automatizar isso."

Entrega garantida

Outro recurso é a garantia de entrega do buscador Zoom, que tem 15 milhões de visitantes por mês. O site reembolsa em até R$ 3 mil os usuários caso a entrega não ocorra em no mínimo 30 dias e no máximo duas vezes o prazo dado pela loja. O Zoom garante que as lojas parceiras são idôneas e darão descontos reais (de 10% a 80%) na Black Friday.

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