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Crise

Indústria cortou 238 mil vagas no último ano

Um dos setores com maior índice de formalização, a indústria dispensou 59 mil funcionários de agosto para setembro. Em um ano, os cortes no parque industrial chegaram a 238 mil vagas.

O economista-chefe da Lopes Filho & Associados, Júlio Hegedus Netto, aponta que diversas companhias estão com estoques elevados e devem começar a demitir em breve, após adotarem medidas paliativas, como as licenças e layoffs no setor automotivo. "É preciso desconfiar dessa taxa de desemprego em queda, o quadro econômico atual não mostra isso", declarou Netto.

A pesquisa do IBGE revela ainda que a renda real dos empregados continua a crescer no país, mas com menor fôlego. Houve estabilidade em relação a agosto. A massa de salários pagos aos trabalhadores também ficou estagnada.

"A desaceleração da massa salarial e a redução do poder de compra das famílias deve motivar o retorno de pessoas em idade ativa que estão fora do mercado de trabalho a buscar emprego, fator que deve delinear uma trajetória de elevação gradual da taxa de desemprego nos próximos trimestres", alertou o economista da Tendências Consultoria Integrada Rafael Bacciotti.

A taxa de desemprego no país caiu de 5,0% em agosto para 4,9% em setembro, o menor patamar para o mês desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego, em 2002, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o resultado ainda é impulsionado pela saída de pessoas do mercado de trabalho – os jovens têm adiado a procura por emprego em busca de mais qualificação.

INFOGRÁFICO: Setembro teve a menor taxa de desemprego para o mês desde o início da série histórica, em 2002

O mercado não tem gerado novas vagas, informou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. "Ao longo desse ano de 2014, nessas comparações anuais (mês contra mesmo mês do ano anterior), mostram que tem redução de procura (por emprego) e aumento da inatividade. A taxa cai porque menos pessoas estão procurando trabalho", explicou Adriana.

A população desocupada recuou 10,9% em setembro ante setembro de 2013, o equivalente a menos 145 mil pessoas na fila do desemprego. No entanto, não houve geração de vagas no mesmo período. A população ocupada até encolheu 0,4%, devido à dispensa de 91 mil trabalhadores. "A gente vem nesse ano de 2014 com uma população ocupada praticamente parada, praticamente estável", afirmou a técnica do IBGE.

Ao mesmo tempo, o total de inativos cresceu 3,7% em setembro em relação a um ano antes: 690 mil pessoas migraram para a inatividade. Apenas na passagem de agosto para setembro, 133 mil pessoas se tornaram inativas.

Em casa

O IBGE afirma que o desalento, grupo formado por pessoas que desistiram de procurar emprego por não terem encontrado, está diminuindo. Por outro lado, o número de inativos tem aumentado porque há mais pessoas que não procuram emprego porque não querem mesmo trabalhar. Segundo Adriana, essa população é formada por jovens em processo de escolarização, que adiam a busca por emprego, ou pessoas mais velhas, que já se aposentaram e saíram do mercado de trabalho.

"O desemprego baixo é sempre uma boa notícia. Mas ele não conta a história toda. O emprego com carteira assinada caiu. O mercado de trabalho está se deteriorando, e vai continuar assim. O ano que vem vai ser difícil, independentemente de quem vença as eleições", sentenciou Manuel Thedim, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets).

O número de empregados com carteira assinada no setor privado encolheu 0,2% na passagem de agosto para setembro – foram 18 mil vagas formais a menos. Em relação a setembro do ano passado, a queda foi de 0,8%, com a eliminação de 89 mil postos com carteira.

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