A ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, criticou a gestão das contas do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao anunciar que a atual gestão sob Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está fazendo uma revisão de todos os gastos que pretende chegar a uma economia de R$ 50,6 bilhões até 2026.
Mesmo após pouco mais de um ano sob nova direção, o governo ainda analisa desperdícios e indícios de fraudes e erros em contas e programas sociais que vão desde os precatórios, passando pelo Bolsa Família, INSS, Benefício de Prestação Continuada (BPC), seguro-defesa, entre outros.
Simone Tebet afirmou que pegou um governo “disruptivo” e “disfuncional” no trato das contas públicas, e que a transição entre Bolsonaro e Lula não foi como a sucessão pós-Fernando Henrique Cardoso.
“Em 2023, começamos a implantar uma cultura de planejamento. Não sucedemos um governo qualquer. Lula não está sucedendo Fernando Henrique. Estamos sucedendo um governo disruptivo, sabemos aí da tentativa de golpe, e disfuncional, um desgoverno em que tudo era possível”, disparou Tebet em entrevista à Folha de São Paulo publicada no fim da noite de domingo (25).
A ministra afirmou que está começando uma “avaliação ex-ante[prévia]” que vai levar dez anos, e que está sendo cobrada pelos ministérios que fazem parte da Junta de Execução Orçamentária, formada pela Fazenda, Casa Civil e Gestão.
A revisão de todos os gastos do governo, diz a ministra, faz parte do esforço para zerar o rombo das contas públicas do lado da gestão, que preferiu evitar o corte na própria carne ao propor o déficit zero no Orçamento deste ano. Do outro lado, fez passar medidas no Congresso para aumentar a arrecadação, como a tributação de fundos exclusivos e offshores, entre outros.
Simone Tebet afirmou que, apesar de prever uma revisão em todos os gastos do governo – “tudo está na mesa” –, evitou detalhar o que ainda vem pela frente além do que já foi anunciado. “Há coisas para serem anunciadas, embora a gente prefira fazer em silêncio a falar”, disse.
Do que se tem até o momento, segundo a ministra, estão R$ 9 bilhões no Bolsa Família, com a exclusão de 1,7 milhão de famílias unipessoais que teriam sido criadas para receber o benefício. Deste montante, R$ 7 bilhões eram de uma meta imposta pela ministra e outros mais R$ 2 bilhões foram conseguidos pelo ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento Social.
“Salvo engano, ele me disse que fechou o ano com quase R$ 11 bilhões de economia. O que se conseguiu além dos R$ 7 bilhões voltou para o MDS, para fazer política social, para diminuir a fila do Bolsa Família, o que ele fez. É preciso ter metas e uma cenourinha [um incentivo]: que a sobra além da meta fique com o ministério”, citou.
A ministra do Planejamento e Orçamento explicou que, no INSS, há uma meta de se poupar R$ 12,5 bilhões ao ano com a revisão de benefícios como o seguro-defeso, auxílio-acidente, auxílio-doença, benefício de incapacidade permanente e Benefícios de Prestação Continuada (BPC).
O seguro-defeso é um ponto mais delicado para o governo, que, diz a ministra, está pagando para 940 mil pessoas, enquanto que a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) indica entre 240 mil e 250 mil pescadores. Ela também pretende mexer no Proagro, uma espécie de seguro rural para calamidades voltado à agricultura familiar e que teve R$ 5 bilhões contingenciados no ano passado.
“O Proagro saiu de R$ 1,7 bilhão em 2021 para R$ 5,2 bilhões em 2022 e para R$ 9,4 bilhões em 2023. Tivemos um pouquinho mais de problema de clima, mas não justifica passar de R$ 5 bilhões para R$ 9,4 bilhões”, pontuou.
Outro ponto é a questão dos precatórios, que o governo adiantou o pagamento de R$ 30 bilhões neste mês, e que pretende chegar a R$ 87 bilhões até o final do ano. Segundo Simone Tebet, esta antecipação rendeu uma economia de R$ 2 bilhões em juros e correção.
Por outro lado, a ministra garantiu que nenhum programa social ficará sem dinheiro para cumprir o que foi prometo pelo governo, e que a revisão anual do salário mínimo acima da inflação também segue garantida sem cortes. “Nada é proibido. A única coisa que está interditada é a valorização do salário mínimo acima da inflação. Essa sempre vai acontecer”, completou.
Eleições municipais indicam ascensão de novas lideranças da direita no Brasil
Reeleição de prefeitos em capitais apontam para disputa por governos estaduais em 2026
Os vencedores e os derrotados do primeiro turno
Candidato mais rico do Brasil recebe 3% dos votos e fica em quinto lugar em eleição municipal
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião