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A Technip, multinacional francesa de engenharia com forte atuação em petróleo e gás, está finalizando, com a parceira norueguesa DOF, a construção da primeira embarcação de bandeira brasileira de lançamento de dutos flexíveis, um projeto de 250 milhões de dólares contratado pela Petrobras, afirmou um diretor da empresa.

"Em dezembro faremos os primeiros testes em alto mar com o navio e a partir do primeiro trimestre de 2010 ele será afretado pela Petrobras, para atuação sobretudo nas águas profundas das bacias da região Sudeste", informou o diretor de projetos da companhia no Brasil, Raymond Semple, durante Santos Offshore, evento do setor de petróleo que acontece na cidade litorânea nesta semana.

A estatal brasileira deve desembolsar, a valores de mercado, entre 150 mil e 200 mil reais/dia pelo aluguel do navio.

Segundo Semple, os custos de contratação do navio de instalação de dutos com 100 por cento de conteúdo nacional ficaram acima dos valores no caso do mesmo projeto executado com embarcações de origem estrangeira, como dois navios similares da Technip que estão trabalhando para a Petrobras. No total, a estatal brasileira opera com oito navios desse tipo, todos de bandeira estrangeira.

O executivo atribuiu o aumento dos gastos em relação aos empreendimentos concluídos fora do país à maior incidência de impostos como PIS e Cofins sobre o afretamento de embarcação brasileira.

Apenas o estaleiro contratado pela parceria Technip e DOF Subsea para a construção do casco do novo navio, o STX Brazil, situado na Ilha da Conceição, em Niterói (RJ), recebeu incentivo do governo para esse empreendimento, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), informou Semple.

O restante do projeto, que inclui toda a instalação de equipamentos de alta tecnologia, robôs e a torre de lançamento dos dutos, está sendo conduzido a partir da injeção de capital próprio da Technip e da DOF.

Sediado em Paris, o grupo Technip faturou 7,5 bilhões de euros no ano passado e desde sua chegada ao Brasil, na década de 70, fez investimentos estimados em 1 bilhão de reais, segundo Semple.

"Grande parte desses recursos foi aplicada na construção e constante ampliação da nossa fábrica de dutos flexíveis e umbilicais em Vitória (ES), além de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias submarinas e ativos marítimos".

Além do primeiro navio de lançamento de dutos brasileiro, a empresa construiu, em parceria com o grupo Keppel Fels, de Cingapura, a plataforma semi-submersível P-51, a primeira fabricada integralmente no Brasil, que consumiu investimento de 1 bilhão de dólares e foi batizada em outubro de 2008.

O consórcio também é responsável pelas plataformas P-52, lançada em junho de 2006, e P-56, prevista para entrar em operação no fim de 2010.

Dutos Para Tupi

O contrato com a Petrobras envolvendo a embarcação de bandeira brasileira prevê o afretamento por quatro anos, renováveis por igual período.

Segundo o diretor da Technip, esses navios são capazes de lançar ao mar até 300 quilômetros de dutos por ano.

"Trata-se de uma operação bastante complexa, que inclui além de lançamento dos dutos, serviços de conexão do equipamento à cabeça do poços, trabalhos de inspeções, manutenção dos projetos existentes, entre outras operações", afirmou.

A primeira parceria da Technip com a Petrobras foi fechada em 1970, antes mesmo de a companhia fincar suas bases no Brasil, quando integrou o projeto de prospecção do Campo de Garoupa, abrindo o caminho para o sucesso exploratório na Bacia de Campos (RJ). De lá para cá, o executivo do grupo calcula que a empresa tenha vendido para a Petrobras mais de cinco mil quilômetros de dutos flexíveis.

Agora, a empresa começa a vender os primeiros dutos à Petrobras para o campo de Tupi, na bacia de Santos, onde a estatal realiza testes para a retirada de petróleo abaixo da camada de sal, em águas ultraprofundas.

Segundo Semple, parte da linha de produção de equipamentos, assim como as embarcações de lançamento de dutos, já está recebendo adaptações para os projetos de exploração na nova fronteira petrolífera, onde se sabe que há uma piora nas condições de corrosividade, em função do aumento de pressão, o que exige materiais mais resistentes.

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