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O presidente do conselho da Telecom Italia, os diretores independentes da companhia e políticos italianos se manifestaram nesta quarta-feira contra a possibilidade de planos da Telefónica envolverem a venda de alguns dos ativos mais valiosos da companhia assim que o grupo espanhol assumir o controle da empresa.

As críticas vieram um dia depois da Telefónica anunciar acordo com três investidores da Telecom Italia para gradualmente assumir o controle sobre a rival e seus lucrativos ativos na América do Sul, sem ter que fazer uma oferta ao restante dos acionistas da companhia.

A insatisfação aponta para uma turbulenta reunião do conselho da Telecom Italia, que ocorrerá em 3 de outubro, quando diferentes facções interessadas na empresa vão debater como a Telecom Italia deverá reduzir sua dívida de quase 29 bilhões de euros e ser reestruturada.

O acordo poderá também colocar pressão sobre o governo italiano para agir, depois que um representante do Ministério da Economia, Antonio Catricala, excluiu na segunda-feira uma intervenção na empresa para manter o ex-monopólio estatal sob controle italiano.

O presidente do conselho da Telecom Italia, Franco Bernabè, que comanda a empresa desde 2008, afirmou nesta quarta-feira que a melhor opção para a operadora é levantar dinheiro junto a investidores para evitar um custoso corte na nota de crédito da companhia para "junk". Vendas de ativos podem demorar muito tempo, disse ele.

"Há muita liquidez, há condições favoráveis para um aumento de capital", afirmou Bernabè durante audiência no Senado italiano. Ele acrescentou que tal movimento pode ser aberto a novos e atuais investidores, sem especificar o montante necessário.

Um representante sindical disse à Reuters que Bernabè está preparando um ambicioso plano de investimento na Itália, que, se aprovado, poderá exigir injeção de capital na Telecom Italia. Uma fonte com conhecimento do assunto disse que um montante realista para a captação de recursos se situa entre 3 bilhões e 5 bilhões de euros.

No entanto, com a Telefónica sobrecarregada com uma dívida de cerca de 50 bilhões de euros e com sua divisão alemã envolvida em uma custosa aquisição, a empresa é vista como mais inclinada a apoiar a venda de ativos da Telecom Italia em vez da injeção de mais dinheiro na empresa.

CONTROVÉRSIA

Membros independentes do conselho de administração da Telecom Italia manifestaram nesta quarta-feira oposição à possibilidade da Telefónica forçar a companhia italiana a vender ativos em mercados emergentes de rápido crescimento.

"Este é o caso da Telefónica, uma competidora direta da Telecom Italia na Argentina e no Brasil e que arrisca forçar a Telecom Italia a vender ativos que são preciosos para a reestruturação da empresa", disse o membro do conselho Luigi Zingales.

Os diretores também criticaram o acordo ao afirmarem que ele trará benefícios apenas para alguns acionistas da empresa.

Zingales falou em nome dos cinco membros independentes do conselho da Telecom Italia.

A Telefónica, cujo acordo anunciado na terça-feira depende de aprovação de autoridades de defesa da concorrência, não comentou sobre os planos para a Telecom Italia.

Enquanto isso, políticos italianos e sindicatos de trabalhadores pediram para a coalizão do governo do premiê, Enrico Letta, intervir na empresa.

O político de esquerda Matteo Colaninno afirmou que o Partido Democrático, ao qual Letta pertence, acredita que "interesses nacionais vitais" que afetam empregos e infraestrutura estão em risco depois do acordo da Telefónica com os acionistas italianos da Telco.

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