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Juros refletem a “irracionalidade do mercado”, alega o ministro espanhol Luis de Guindos | Susana Vera/Reuters
Juros refletem a “irracionalidade do mercado”, alega o ministro espanhol Luis de Guindos| Foto: Susana Vera/Reuters

Zona do euro

Agência prevê pedido de socorro e rebaixa Alemanha e Holanda

Reuters

A agência de classificação de risco Moody’s reduziu ontem, de estável para negativa, as notas de Alemanha, Holanda e Luxemburgo, alertando que esses países podem ter de aumentar apoio a parceiros endividados da zona do euro, como Espanha e Itália. Entre as justificativas, citou um aumento da chance de a Grécia deixar a zona do euro, o que "desencadearia uma série de choques ao setor financeiro... que as autoridades poderiam conter só com custos muito altos".

A agência confirmou o rating "AAA" e a perspectiva estável apenas para a Finlândia. E considerou crescente a necessidade de maior apoio a Espanha e Itália.

A Moody’s afirmou que o fardo desse apoio recairia mais fortemente sobre os países com melhores ratings na zona do euro. A agência anunciou também que suas decisões sobre Alemanha, Holanda e Luxemburgo significam que agora há perspectivas negativas para todos os países que devem "arcar com o ônus financeiro principal do apoio". A agência colocou França e Áustria em perspectiva negativa em fevereiro.

A Espanha sofreu com a desconfiança dos mercados e viu seus títulos de dívida pública alcançarem o maior valor desde a criação do euro, em 1999, após o BC local divulgar que a economia encolheu entre abril e junho, o terceiro trimestre consecutivo de contração. O Banco da Espanha prevê uma queda de 0,4% do PIB no segundo trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, expandindo o período de recessão, caracterizado por ao menos dois trimestres seguidos de contração econômica.

O dado oficial sairá na próxima segunda-feira. No primeiro trimestre de 2012, o PIB espanhol sofreu queda de 0,3% em relação ao último trimestre de 2011. A Espanha vive o seu "segundo mergulho" na recessão, e a economia está distante do patamar de antes da crise, em 2009.

A desconfiança sobre o futuro do país fez ontem os juros dos títulos da dívida pública da Espanha com vencimento em dez anos chegarem ao valor recorde de 7,48% – bem além da fronteira de 7%, considerada insustentável por analistas. Quanto mais altos os juros, maior o temor dos mercados de que o país não conseguirá cumprir suas obrigações financeiras.

Os mercados temem que, após acertar um pacote de ajuda de até 100 bilhões de euros (R$ 246 bilhões) para o setor bancário na semana passada, o país seja obrigado a recorrer a um resgate de toda a sua economia – como já aconteceu com Irlanda, Portugal e Grécia.

O ministro da Economia, Luis de Guindos, declarou que os altos juros refletiam a "irracionalidade dos mercados" e negou que a Espanha será resgatada, "porque é um país competitivo e que pode crescer a médio prazo".

Para lidar com essa situação, o órgão de regulação dos mercados da Espanha proibiu ontem por três meses as vendas a descoberto (operações de caráter especulativo e que são praticadas por fundos de alto risco). A Itália também anunciou a proibição de operações desse tipo, mas apenas para ações de bancos e seguradoras e com prazo menor: até o fim desta semana.

As principais Bolsas europeias encerraram o dia em queda. No Brasil, a Bovespa caiu 2,14%.

A Espanha tem o maior índice de desemprego da zona do euro: 24,6% em maio. Recentemente, o governo do premiê Mariano Rajoy anunciou um novo pacote de austeridade para reduzir o déficit orçamentário do país, com medidas impopulares. Entre elas, estão o aumento do imposto sobre valor agregado, de 18% para 21%, e o fim dos bônus de Natal para funcionários públicos.

A agência oficial de estatísticas da União Europeia mostrou ontem que a dívida média dos governos da zona do euro em relação ao PIB subiu de 87,3% no quarto trimestre do ano passado para 88,2% no primeiro trimestre de 2012, sinal insatisfatório para os que advogam maior austeridade fiscal ao continente.

Queda coletivaPiora na Europa eleva aversão ao risco e faz Bovespa recuar

Agência Estado

As preocupações com a situação das economias da Grécia e Espanha voltaram a assombrar os mercados ontem, fazendo a Bovespa retroceder ao nível dos 53 mil pontos, com direito a cravar a mínima intraday do ano, durante a manhã. Além disso, dúvidas sobre a magnitude da desaceleração chinesa ajudaram a aumentar a aversão ao risco, afetando diretamente Petrobras e Vale.

O Ibovespa encerrou a sessão em baixa de 2,14%, aos 53 033,96 pontos, menor pontuação do mês desde o dia 28 de junho (52.652,25). Na mínima, o índice caiu 3,66%, aos 52.213 pontos, enquanto, na máxima, marcou 54.183 pontos (-0,02%). Com isso, a Bovespa acumula perda de 2,43% no mês de julho, e desvalorização de 6,55% no ano. O giro financeiro somou R$ 5,400 bilhões.

Na esteira da queda do preço do petróleo nos mercados internacionais, as ações ON da Petrobras recuaram 1,52%, enquanto as PN perderam 1,15%. Com as preocupações sobre a demanda global, os contratos de petróleo com entrega em setembro na New York Mercantile Exchange (Nymex) despencaram 4,02%, a US$ 88,14 o barril.

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