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Ao contrário do que a Appa havia dito anteontem, o terminal da Centro-Sul seguia lacrado na tarde de quarta-feira | Sandra Pedro/ Gazeta do Povo
Ao contrário do que a Appa havia dito anteontem, o terminal da Centro-Sul seguia lacrado na tarde de quarta-feira| Foto: Sandra Pedro/ Gazeta do Povo

Justificativas

Segundo a Appa, uma série de fatores explica a morosidade no escoamento de grãos na época de colheita, que provoca filas quilométricas à beira da BR-277.

Chuva

Com o excesso de chuvas registrado durante o pico da colheita do ano passado, os caminhões ficavam impedidos de entrar no porto e descarregar soja e milho. Como não há cobertura na área de carregamento entre o porto e os navios, os grãos corriam o risco de apodrecer se embarcassem com umidade. Neste ano, porém, o fenômeno La Niña trouxe seca ao estado e não prejudicou a colheita. Mesmo assim, a fila se formou.

Carga On-Line

O Carga On-Line, sistema criado para programar com antecedência a chegada dos caminhões e agendar data e hora dos descarregamentos, já foi culpado pela Appa por pelo menos duas vezes. Tanto no ano passado como neste ano, o serviço entrou em pane no momento em que o porto mais precisava dele. Nesta safra, a Appa alegou que os caminhoneiros não estavam aderindo ao serviço.

Safra e exportação recordes

O crescimento no volume de produção e exportação de grãos no Paraná e em Mato Grosso também é apontado pela Appa como fator que congestiona o escoamento por Paranaguá e gera filas na estrada. Nesta safra, a colheita paranaense de soja, principal grão exportado pelo corredor, registrou quebra de 23%, mas os produtores estão exportando mais cedo que o de costume. A Appa alega que o volume vindo de Mato Grosso aumentou neste ano, mas, de acordo com representantes do setor produtivo do estado, o escoamento da safra matogrossense tem dado prioridade a Santos – que, por sua vez, exporta volumes muito superiores aos de Paranaguá, sem congestionamentos extensos.

O terminal de embarques administrado pela Centro-Sul Serviços Marítimos no Porto de Paranaguá, cuja interdição estava provocando filas de caminhoneiros no acostamento da BR-277, voltou a operar apenas na tarde de ontem, segundo a Receita e a Justiça Federal. As informações dos dois órgãos desmentem informações prestadas anteontem pela Administração dos Portos de Paranaguá e Anto­nina (Appa), segundo a qual o terminal teria voltado a operar normalmente na última quarta-feira.

"Liberamos o funcionamento da Centro-Sul por volta do meio dia. Até a manhã de quinta-feira, a empresa não recebeu caminhões", garantiu Gerson Zanetti, inspetor adjunto da Receita em Paranaguá. Ele informou ainda que o terminal foi interditado a partir de segunda-feira e não desde sexta-feira passada, como havia dito a Appa.

Na tarde de quarta-feira – quando, segundo informações prestadas pela Appa naquele dia, o terminal já teria voltado a funcionar –, a reportagem da Gazeta do Povo foi até o local e encontrou os portões da Centro-Sul lacrados. As moegas que recebem os caminhões para descarregamento de grãos também estavam sem movimento algum.

Um dos funcionários da Centro-Sul, que pede para não ser identificado, confirma o ocorrido. "Reto­mamos nossas atividades no fim da manhã de hoje [ontem], depois de a Receita deslacrar nossas cancelas", disse ele. De acordo com Zanetti, o terminal foi fechado porque a empresa pediu prorrogação do prazo de alfandegamento fora do prazo determinado.

Por telefone, um dos assessores da entidade que administra o Porto de Paranaguá insistiu que o terminal estava em funcionamento havia mais de um dia. A coordenação do departamento de comunicação da entidade, no entanto, não se manifestou e nem deu retorno às ligações da reportagem até o fechamento desta edição.

A interrupção do escoamento de grãos pelo terminal Centro-Sul foi um dos fatores apontados pela Appa na quarta-feira para justificar a fila de caminhões de mais de 17 quilômetros que se formou à beira da BR-277 no início desta semana. Em entrevista no mesmo dia, o diretor da Appa, Lou­renço Fregonese, disse que a paralisação das atividades no terminal comprometeu o escoamento de 24 mil toneladas, volume que, segundo ele, equivale à carga de 700 carretas.

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