O mesmo filme - Município vive dias de incerteza com TMT e Tritec

O fechamento da TMT Motoco ocorreu em meio a uma série de problemas enfrentados por metalúrgicas no município de Campo Largo. O anúncio da suspensão das atividades e a demissão de 680 funcionários diretos – juntamente com os indiretos, eram 1,3 mil trabalhadores – foi feito menos de quatro anos após o início da produção. Vale lembrar que a empresa se instalou na fábrica que pertencia à Chrysler, outra frustração do município. A montadora fechou as portas em setembro de 2001, menos de três anos após o início da produção das picapes Dakota, que não venderam como o esperado. Agora é a vez de a fabricante de motores Tritec, resultado de uma parceria entre a BMW e a DaimlerChrysler, colocar a pulga atrás da orelha de trabalhadores e autoridades da cidade de Campo Largo. A participação da BMW na sociedade termina em junho, e a empresa precisa de um novo cliente do porte da marca alemã para manter o ritmo atual de produção. A Tritec tem contratos em aberto com três montadoras chinesas – Chery, Lifan e Haima – mas sem volumes de produção definidos. (FL)

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A TMT Motoco, fabricante de motores para a americana Tecumseh, manifestou a intenção de retomar suas atividades em Campo Largo, município da região metropolitana de Curitiba. A empresa, que era a maior empregadora metalúrgica da cidade, parou de produzir há pouco mais de dois meses, e há 60 dias teve seu processo de recuperação judicial determinado pela Justiça de Campo Largo. De lá pra cá, a TMT elaborou um plano de recuperação, que foi protocolado ontem na Justiça. Agora, o plano precisa ser aprovado pelos credores da empresa – cinco bancos (Bradesco, HSBC, Itaú, Unibanco e Alfa) e fornecedores de peças e materiais. "É importante frisar que a empresa está disposta a produzir, mas quem vai decidir isso são nossos credores", afirmou ontem o diretor-geral da TMT, Richard Streck Neto.

A decisão de propor a retomada das atividades, mais que uma esperança de recontratação dos 680 trabalhadores demitidos em abril, é sinal de que a matriz da empresa, a americana Tecumseh, acredita em sua subsidiária brasileira e não deve transferir a produção de motores de Campo Largo para outro país. Foi a matriz que decidiu pela retomada das atividades em Campo Largo – uma das opções seria liquidar a empresa para pagar os credores. A TMT fabricava motores de baixa potência para equipar as pequenas máquinas agrícolas da Tecumseh, como limpadores de neve e cortadores de grama.

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A dívida da empresa com os cinco bancos soma R$ 189 milhões, decorrente principalmente dos empréstimos realizados para a compra da sede e instalação da linha de produção, em 2003. No ano passado, a TMT tentou repactuar esta dívida. "Foi aproximadamente um ano de trabalho, sentamos com alguns dos maiores bancos do país, conseguimos uma renegociação, mas ela não foi homologada pela justiça", explicou o diretor. A tentativa de recuperação extra-judicial foi interrompida este ano, quando a conta da empresa foi bloqueada por decisão da Justiça, a pedido de dois credores (os bancos Unibanco e Alfa, que detêm 20% dos créditos devidos pela empresa) que não acataram o plano então proposto pela fabricante de Campo Largo.

Com a conta bloqueada, a TMT não conseguiu pagar alguns fornecedores. O valor devido é pequeno se comparado à dívida com os bancos. Ainda assim, agora eles terão poder de decisão sobre o futuro da empresa.

O documento protocolado ontem na Justiça de Campo Largo – elaborado com mais pressa que a tentativa de recuperação extra-judicial, no ano passado – será agora apresentado aos credores, que têm 30 dias para estudá-lo e se manifestar. Se apenas um deles não acatar o plano proposto, o procedimento legal é a convocação de uma "assembléia geral de credores". Para o plano ser aprovado, é necessário o consentimento dos detentores de mais de 50% dos créditos devidos pela TMT. "Se tivermos 50% mais um, o plano já é aprovado", contou o diretor Streck Neto.

A recuperação judicial é um dos procedimentos previstos na Nova Lei de Falências, com o objetivo de oferecer mecanismos legais para que as empresas superem crises econômico-financeiras com a ajuda de seus credores.