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Como na canção, Hora de carregar uns aos outros

Davos não reúne apenas os figurões que definem a política econômica ao redor do mundo. Ontem, o Fórum Econômico Mundial promoveu o painel Raising Healthy Children ("criando crianças saudáveis"), com a participação de autoridades como Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde; filantropos como Melinda Gates, mulher de Bill Gates; e ativistas como o cantor Bono, do U2 (foto). Eles discutiram meios de combater a mortalidade infantil nos países em desenvolvimento, acesso a tratamento médico, saneamento básico, nutrição e cuidados maternos.

Corte de gasto público precisa ser gradual, diz Timothy Geithner

O secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, alertou os países em recuperação para os impactos da redução de gastos públicos, que deve ser feita com cautela para não afetar a retomada do crescimento. "Algumas pessoas querem ir muito rápido para fazer fortes cortes dos gastos de governo. Mas não é um método razoável. Deve-se ter certeza de que não vai afetar a recuperação", afirmou Geithner em plenária do Fórum Econômico Mundial ontem.

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FMI pode incluir iuan em cesta de moedas

O conselho do Fundo Monetário Internacional (FMI) vai discutir uma possível expansão das cestas de moeda que compõem o fundo de reserva internacional (SDR, em inglês), informou o Wall Street Journal. A declaração foi dada ontem pelo vice-diretor gerente do FMI, John Lipsky, nos corredores do Fórum Econômico Mundial. Lipsky admitiu, no entanto, que ainda não há propostas concretas para a inclusão das moedas no fundo.

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O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou na manhã de ontem, em Davos, na Suíça, que o Brasil possui as ferramentas necessárias para manter a estabilidade monetária. Segundo ele, o país está lidando com a questão da valorização cambial, fruto do forte fluxo cambial, e a alta da inflação. O Banco Central já apertou a política monetária, além de adotar medidas macroprudenciais para conter o avanço do crédito. "É preciso lidar com a bonança", disse, durante painel sobre o Brasil no Fórum Econômico Mundial, em Davos.

Para Tombini, a valorização do real "é uma situação temporária, reflexo do ambiente externo". Segundo ele, a atual situação positiva do Brasil é resultado da estrutura criada nos últimos dez anos, com o regime de câmbio flutuante, metas de inflação e política fiscal. Essa estrutura já foi testada diversas vezes, em ambientes desafiadores. Além disso, o país possui sólido sistema financeiro, que o permitiu passar bem pela crise.

Tombini afirmou que o Brasil enfrenta hoje uma situação de "muita demanda". Por isso, precisa usar as ferramentas existentes para administrar a questão. "Estamos lidando com a inflação", afirmou. Segundo ele, esse não é um "grande problema", exatamente porque o país tem as ferramentas necessárias e está comprometido em lidar com a questão. O presidente do BC lembrou que a instituição já elevou a taxa básica de juros, além de ter adotado medidas macroprudenciais para conter o crédito. Em sua estreia em Davos, Tombini teve rápida participação no painel sobre o Brasil e não quis falar com a imprensa.

Presença tímida

O painel sobre o Brasil, realizado na manhã de ontem, não foi dos mais concorridos, o que reforça a percepção da participação apática do país no Fórum Econômico Mundial. O quórum foi moderado, até porque a discussão sofreu a "concorrência" do discurso do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, realizado no mesmo horário (leia mais nesta página).

O painel contou com a participação da delegação brasileira: além do presidente do BC, participaram o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, formando a equipe mais técnica do governo em Davos. A presença do Brasil no Fórum é tímida neste ano, principalmente se comparada à atuação dos outros integrantes do Bric – Rússia, Índia e China. O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, abriu o encontro, enquanto Índia e China realizam vários eventos no resort de esqui suíço. A participação de empresas nacionais também é modesta, com Petrobras, Embraer, Braskem e Itaú.

"Preço do sucesso"

O discurso de Tombini repercute declarações anteriores de seu sucessor. Henrique Meirelles afirmava que "o Brasil está pagando o preço do sucesso". Mas, durante o fim da gestão Meirelles, o estouro da crise do subprime nos EUA e suas consequências amplas deram uma ajuda no quesito preços externos, o que não ocorre agora, momento de estragos climáticos e de retomada de demanda em várias partes do globo. Ontem, uma autoridade do Ministério do Comércio da China afirmou que o país vai, provavelmente, expandir suas importações de commodities cujos níveis de estoque nos armazéns do governo estejam baixos. No entanto, não deu detalhes sobre quais produtos serão comprados e nem sobre o timing da compra.

Além desse momento distinto, o mercado segue desconfortável com a ausência de coordenação do BC e da falta de clareza dessa forma de a autoridade monetária lidar com as pressões de preços. "A ata não atingiu o objetivo primordial de dar pistas e fazer a ancoragem das expectativas. A ata traz uma série de incertezas. Mas tudo fica em aberto", ponderou Paulo Rebuzzi, da Ativa Corretora, ressaltando, no entanto, que o documento foi bem escrito. Ele observa que, embora seja positiva a harmonia entre o Banco Central e outros entes do governo, o BC é guardião da moeda e a Fazenda tem outras atribuições.

Saia justa

Junto com os diversos elogios na área econômica recebidos de participantes internacionais, como o presidente do Citi, Vikram Pandit, o evento registrou uma saia justa. Durante a sessão de perguntas, o economista venezuelano Ricardo Hausmann, da Universidade de Harvard, levantou-se para questionar a atitude brasileira em casos de direitos humanos, como o relacionamento com a Venezuela de Hugo Chávez, arrancando alguns aplausos da plateia. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, respondeu que o país tem participado de iniciativas para promover a estabilidade na região, como a atuação na Unasul e no Haiti. Também citou o passado da presidente Dilma Rousseff de combate à ditadura como exemplo de amadurecimento da democracia.

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