Principal matéria-prima do pão francês, o trigo acumula desvalorização de 26% no campo em 12 meses. Neste mesmo período, as padarias registraram alta de 2% no valor do alimento. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que, em Curitiba, o quilo do pão terminou o mês de março com preço médio de R$ 8,10 no varejo.
A explicação para a diferença é a baixa influência do grão colhido no campo nos custos do produto vendido no varejo.
Inflação em março é a maior em 12 anos
IPCA subiu 1,32% mês passado, puxado principalmente pela conta de luz, e levou acumulado em 12 meses para 8,13%, distante do teto da meta
Leia a matéria completaOs dados foram apresentados nesta quarta-feira (8) pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Conforme o técnico da entidade Hugo Godinho, o problema está no aumento de outros custos embutidos na produção do pão. “Se dependesse apenas do trigo paranaense e os outros custos tivessem se mantido, o pão poderia estar R$ 0,19 mais barato”, aponta.
Os fatores que mais pesaram na alta foram os gastos com energia e mão de obra. O estudo pondera que o salário mínimo teve reajuste de 9%, “o que deve ser o principal fator a influenciar o preço final do pão”, salienta Godinho.
Safra cheia, preço baixo
Enquanto o Brasil importa 60% do trigo que usa, no Paraná essa proporção não chega a 15%. Na última safra o estado retomou a liderança na produção nacional do grão, com 3,7 milhões de toneladas. O Paraná também é líder no processamento, sendo a maior produtora de farinha do país.
Mas a baixa remuneração desperta preocupação no campo. Em algumas regiões do estado a saca de 60 quilos é negociada abaixo de R$ 30, ficando inferior ao preço mínimo estipulado pelo governo (R$ 33,45).
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