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Omar e seu PC “disfaçado” de Chucky, o brinquedo assassino: seis meses de preparo e investimento de R$ 2 mil para modificar o computador, que não está à venda | Cristiano Sant’Anna/indicefoto.com
Omar e seu PC “disfaçado” de Chucky, o brinquedo assassino: seis meses de preparo e investimento de R$ 2 mil para modificar o computador, que não está à venda| Foto: Cristiano Sant’Anna/indicefoto.com

Para "novatos"

Educação, filmes e videogames

Nem só de experts em tecnologia vive a Campus Party. Um espaço da feira é destinado justamente a quem nunca teve contato com o mundo da informática. Chamado de Batismo Digital, o projeto permite que crianças de diversas comunidades e escolas aprendam a usar o computador.

O Batismo inicia com um momento prático, no qual a equipe apresenta o computador para as crianças. Posteriormente, elas são estimuladas a usarem um editor de texto. A aula termina com uma apresentação sobre internet e mídias sociais.

Lucineia de Fátima de Lima, funcionária do setor de operações de uma empresa de telefonia, levou o filho para passear na feira. O pequeno Natan, de 7 anos, aproveitou tudo. Voou em um simulador de avião e se divertiu como o piano gigante tocado com os pés. Com 6,6 metros de comprimento e 2,3 de largura, o instrumento é uma réplica do que aparece no filme Quero ser Grande.

Como a maioria das crianças de sua idade, Natan conta que adora jogos eletrônicos e navegar na internet. "Se deixar ele fica o dia inteiro no computador", conta a mãe. Ela acredita que é importante que o filho tenha contato com todas as novidades. "Tudo que está sendo mostrado aqui são as coisas com que ele vai lidar no futuro. Quero que ele se sinta bem neste meio que muito importante".

Na área de games, a grande febre desta edição é o Kinect. O equipamento, desenvolvido pela Microsoft para o console Xbox 360, dispensa o jogador do uso de qualquer controle nas mãos. No campus Futura os visitantes da feira puderam ter contato com softwares que devem chegar ao mercado brasileiro ainda este ano. A Cadtec apresentou o Leonar3Do, desenvolvido na Hungria. Um programa gráfico onde o usuário desenha e visualiza em tempo real em três dimensões.

  • Jacqueline (à esquerda) com um amigo na abertura da Campus Party: contra o nerd estereotipado

Seis dias para ficar conectado 24 horas, para jogar em rede com milhares de pessoas que estão no mesmo espaço, para ver e testar as novidades eletrônicas e discutir os rumos a internet. Assim foi a Campus Party, maior encontro de aficcionados por tecnologia do país. O eventou reuniu em São Paulo cerca de 6.500 campuseiros, como são chamados os participantes, vindos de todos os cantos do país. Entre as personalidades do mundo da computação que passaram pela feira estão John Hall, diretor-executivo da Linux Internacional, Tim Berners-Lee, um dos criadores da web, e Stephen Crocker, um dos chefes da Arpa, a rede do governo americano nos anos 60, embrião da internet.

A estudante Jacqueline Pereira, 23 anos, saiu de Foz do Iguaçu, Oeste do estado, para participar pela primeira vez da Campus Party. Entre os campuseiros ela é considerada uma celebridade do mundo virtual, apesar de pouca gente saber seu nome verdadeiro. A paranaense tem mais de 3 mil seguidores no Twitter, com seu usuário @nerdeliciouss. "Só aqui que eu resolvi revelar minha identidade, porque muita gente achava que era um perfil falso", disse.

Nerd assumida, Jacqueline conta que a paixão pelo mundo virtual começou quando ganhou o primeiro computador, aos três anos de idade. Em 2009, com a febre do Twitter instalada no Brasil, a estudante criou um perfil pessoal, mas depois decidiu incrementar. "Existe sempre aquele estereótipo de que o nerd é uma pessoa fechada, sem graça. Resolvi criar o nerdeliciouss e provar que também somos sensuais", afirma.

Ela própria explica a diferença entre os nerds e os geeks. "Nerd é a pessoa apaixonada por determinado assunto, que procura saber tu­­do sobre ele. Já os geeks gostam especificamente de tecnologia."

Omar Majzoub, de 23 anos, é um campuseiro que pode ser considerado geek. Ele chamou muita atenção dentro da Arena do Centro de Exposições com um dos computadores mais modificados. Um dos eventos mais esperados da Campus Party é o concurso de gabinetes "tunados", no qual os participantes transformam seus CPUs com leds, cabos coloridos e placas transparente. Apesar de gostar de tecnologia desde criança, ele não quis transformar o hobby em profissão. Omar é comerciante de colchões e destina suas horas vagas a desmontar e montar aparelhos eletrônicos. Omar participa desde a primeira Campus Party, em 2008, e para este ano dedicou seis meses de preparo e cerca de R$ 2 mil para as modificações de seu PC.

"Eu estava meio sem inspiração sobre o tema. Foi então que olhei para minha coleção de DVDs e vi um um clássico do terror: Chucky, o brinquedo assassino", conta. Mesmo já tendo recebido ofertas por suas máquinas, ele disse que não pretende se desfazer delas.

A vovó da festa

A campuseira mais velha é uma professora de 65 anos. Ela saiu de Macapá (AP) para sua primeira participação na Campus Party. Ivonilde Araújo, ou simplesmente Nilde, como gosta de ser chamada, é uma verdadeira vovó geek. Em sua mesa, na Arena de Exposição, além do netbook, ela mantinha oito celulares. Durante a conversa, Nilde ia trocando o chip de um aparelho pelo de outro e substituindo baterias gastas por novas. "Tenho um de cada operadora e outros de reserva. Um deles sempre está disponível", conta.

O primeiro contato de Nilde com o computador aconteceu em 2004. "Eu tive um problema e fiquei de cama. Minha filha então comprou um notebook para mim. Achei fascinante quando entrei na internet pela primeira vez", conta. Como mora sozinha, passou a usar o Messenger e o Orkut para se comunicar com os parentes.

Quando a filha comentou sobre a Campus Party, ela não pensou duas vezes. "Quero estar por dentro de tudo que há de novidades", disse. Ela afirma, no entanto, que já está se sentindo desatualizada. "Preciso urgentemente criar um perfil para mim no Facebook e no Twitter, mas ainda não tive tempo", revela.

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