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O Paraná é líder nacional na produção de hortaliças e grãos orgânicos (aqueles sem agrotóxicos e aditivos químicos). Em termos de consumo, no entanto, o estado passa longe dos primeiros lugares. Isso pode mudar, pois Curitiba foi eleita a primeira cidade a receber investimentos federais para a construção de um mercado de orgânicos. O lançamento da pedra fundamental aconteceu ontem, no estacionamento do Mercado Municipal, onde será construído um segundo piso para abrigar a ala orgânica.

A parceria entre a Secretaria Municipal de Abastecimento e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) vai consumir um investimento de R$ 3,2 milhão, ainda à espera de licitação e com inauguração prevista para o fim do ano. Por enquanto, o mercado é palco do Cenário Orgânico, feira que reúne produtores até domingo.

O fato de a cidade ganhar mais um ponto de venda de alimentos orgânicos não resolverá, segundo os produtores, a questão do consumo reduzido, uma vez que Curitiba já tem cinco feiras só com alimentos livres de aditivos químicos. Mas o local funcionará como uma vitrine e fonte de informações sobre o conceito de alimentação diferenciada. "Com mais locais de venda, a tendência é o preço cair e se tornar acessível às camadas mais pobres", espera o presidente da Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia, Luiz Bueno.

Para o coordenador da Comissão da Agroindústria de Produtos Orgânicos da Federação das Indústrias do estado, Luiz Sérgio Valle, a divulgação do conceito de alimentação orgânica não é importante apenas para o consumidor preocupado com sua saúde. "É mais do que isso, é uma filosofia de trabalho que preserva a produtividade da terra", diz.

Quem produz orgânicos concorda, mas não vê a hora de as vendas decolarem. "O mercado local ainda está estacionado", reclama Marco Giotto, diretor da Rio de Una, maior processadora da América do Sul de hortaliças e legumes. Grande parte da linha de salada pronta orgânica da Rio de Una é vendida para supermercados de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Giotto também aposta nas exportações, destino de 75% de toda a produção nacional. Para o mercado externo, a Rio de Una investiu R$ 500 mil no desenvolvimento de uma linha de legumes congelados e outra de frutas vermelhas.

A Nutrimental também lançou recentemente a primeira barra de cereais orgânica do país, mas por enquanto ela só é vendida em casas especializadas em alimentação saudável. As duas marcas esperam vender na Mercado de Orgânicos, assim como a Jasmine, produtora de biscoitos e produtos à base de soja. Mas, na fábrica, as vendas de orgânicos da Jasmine ainda representam menos de 10% do faturamento.

"A campanha institucional é fundamental para aumentar a demanda", comenta o diretor da Rio de Una, sustentando que o preço dos produtos não é mais caro que o do convencional.

Os supermercados também apostam nesse acréscimo. Mercadorama e Big colocaram 100 ítens orgânicos em local separado, na esperança de vender 50% a mais, e o Wal-Mart aposta na redução de preço dos produtos – este ano, segundo o mercado, eles baixaram em média 40%. "Mais do que o produto, queremos vender o conceito, porque as pessoas precisam acreditar que eles fazem bem para a saúde", diz Gilberto Alves, diretor regional das bandeiras Big e Mercadorama.

O preço dos orgânicos, que costuma ser mais alto que o de produtos de cultivo tradicional, é considerado um dos fatores que freiam um consumo maior no estado. Mas o presidente da Associação de Consumidor de Produtos Orgânicos do Paraná, Moacir Darolt, vê outras razões: "o número pequeno de produtores em relação ao total (1%), a falta de assistência técnica aos produtores e a falta de informação ao consumidor."

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