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Os cerca de 500 professores do Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade) decidiram ontem entrar em greve às 19 h de sexta-feira, dia 29, exigindo o pagamento de três meses de salário em atraso. A decisão foi tomada em assembléia que reuniu 100 professores. No dia 31 de agosto a Justiça concedeu à Uniandrade prazo de 60 dias para pagar os salários em atraso. "Mas, como o pagamento de agosto também não foi feito e a entidade se nega a negociar, entramos com reclamatória trabalhista pedindo a tutela antecipada das mensalidades e decidimos pela paralisação", diz Valdyr Perrini, vice-presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior. Ele recomenda aos professores que não se demitam antes do resultado final. "Em 2004 tivemos sucesso num caso semelhante envolvendo a Faculdades Integradas Espírita", diz.

A direção do centro universitário não quis se manifestar ontem sobre atraso de salários, mas há três semanas, a direção disse que os pagamentos estavam sendo negociados.

A greve anunciada agrava uma situação que já vinha prejudicando cerca de 5 mil alunos. Além de ter poucas aulas nas últimas semanas, os estudantes vêm recebendo cobrança duplicada de mensalidades. "Há dias não temos aulas e, quando os professores entam na sala, só batem papo", diz a aluna de Enfermagem Bianca Oliveira. A Uniandrade afirmou que as aulas estão ocorrendo normalmente.

Este mês, os alunos receberam boletos de cobrança referentes a mensalidades já quitadas, emitidas pelo Banco Safra, além de cartas de ameaça do banco e ofício judicial que autoriza o pagamento ao banco. Alguns alunos tiveram o nome enviado para entidades de proteção ao crédito e não sabem se devem continuar pagando à entidade ou ao banco.

De acordo com Gisele Zanini, aluna do 4.º período de Enfermagem, os alunos do seu curso e do primeiro período de Direito receberam as cobranças. Ela conta que, na noite de segunda-feira, eles pediram explicações à faculdade sobre os boletos recebidos e foram atendidos pelo pró-reitor José de Andrade na sede da Rua João Negrão. Ele teria dito tratar-se de um erro do banco e reafirmado que os pagamentos de mensalidade devem ser feitos na tesouraria da entidade. "Paguei adiantado pelo semestre inteiro e agora recebi nova cobrança e ameaça de ficar com o nome sujo", reclama.

A aluna Bianca de Oliveira também recebeu em casa um ofício judicial da 11.ª Vara Cível de Curitiba e carta de ameaça do Safra, apesar de estar com as mensalidades em dia. "Pago antecipadamente para garantir o desconto", diz.

A Uniandrade informou que já está com processo judicial em andamento para defender os interesses dos alunos contra o Banco Safra. O banco nega o erro e diz ter recebido o nome dos alunos para cobrança como garantia em caso de não-pagamento de um empréstimo pelo centro universitário. A dívida da entidade chegaria a R$ 40 milhões.

Em agosto os alunos tiveram o mesmo problema com o Banco Industrial do Brasil: receberam em casa cobrança da mensalidade emitida pelo banco, que deveria ser paga em juízo, e outra idêntica mas emitida pela própria Uniandrade. O caso foi parar na Justiça, e o juiz da 10.ª Vara Cível de Curitiba decidiu que apenas o boleto do centro universitário deveria ser pago na tesouraria da entidade. Na ocasião, o banco disse ser credor de uma dívida de R$ 1 milhão contraída pela Uniandrade, que teria dado como garantia a mensalidade de cerca de 600 alunos.

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