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Em meio a um cenário de crise na siderurgia brasileira, a Usiminas divulgou nesta quinta-feira (18) que teve um prejuízo líquido de R$ 3,7 bilhões em 2015 frente a um lucro de R$ 208 milhões em 2014.

No quarto trimestre de 2015, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 1,6 bilhão frente a um prejuízo de R$ 1,04 bilhão no trimestre anterior – uma alta de 56% – e prejuízo de R$ 117 milhões no mesmo período de 2014. O resultado do quarto trimestre foi pior do que o esperado pelos analistas de mercado, que estimavam um prejuízo entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões no período.

Na teleconferência com investidores, nesta manhã, o diretor vice-presidente de Finanças e relações com investidores, Ronald Seckelmann, disse que existe um consenso entre os principais acionistas para um aumento de capital na Usiminas, mas ainda não se sabe de que forma isso será feito.

“Há um consenso entre os acionistas majoritários que é necessária uma injeção de recursos na empresa. A maneira mais adequada para fazer esse aporte está sendo analisada. Entre as alternativas, estão um aporte dos controladores, um empréstimo dos próprios acionistas ou entre empresas”, explicou o vice-presidente, que disse que o equacionamento da dívida da empresa que vence este ano (cerca de R$ 1,9 bilhão) também está sendo discutido no mesmo contexto, junto com os bancos credores. Ele disse que os credores não estão condicionando um alongamento da dívida com o aporte de recursos na empresa.

Disputa

Além da redução da demanda interna por aço, desde o final de setembro, a Usiminas está no centro de uma disputa de poder entre os principais controladores, os japoneses da Nippon Steel e os argentinos da Ternium, o que vem prejudicando a gestão da companhia, segundo analistas.

Plano estratégico

De acordo com a Bloomberg, o plano estratégico da Usiminas para 2016 tem foco na adequação dos desembolsos financeiros à realidade econômica mais desafiadora. O plano prioriza geração de caixa operacional e a administração do capital de giro e de investimentos. A proposta prevê aumento de capital social, diz a empresa, sem detalhar valores.

A Usiminas também fará alongamento dos prazos e renovação das dívidas financeiras com vencimento em 2016, por meio de renegociação dos principais contratos, segundo o comunicado.

Na quarta-feira, durante reunião do conselho de administração, os argentinos vetaram um aporte de R$ 1 bilhão que os japoneses propuseram fazer na siderúrgica como forma de reestruturar as dívidas e evitar que a Usiminas seja obrigada recorrer a um pedido de recuperação judicial.

De acordo com comunicado divulgado pela companhia, o resultado foi afetado principalmente pelo reconhecimento da redução do valor contábil de ativos (impairment), que totalizou R$ 1,6 bilhão, no quarto trimestre. No ano de 2015, as baixas contábeis dos ativos totalizaram R$ 2,6 bilhões. Segundo a empresa, as baixas contábeis não têm efeito no caixa da empresa, que estava em R$ 2 bilhões ao final do ano de 2015.

“A companhia apresentou prejuízo líquido principalmente devido ao impairment de ativos no valor de R$ 1,6 bilhão, bem como ao menor desempenho operacional das unidades de siderurgia e mineração e transformação do aço e das maiores despesas financeiras de R$ 1,2 bilhão em 2015, em função da desvalorização cambial de 47% no ano”, diz o comunicado da empresa.

Caixa

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 1,82 bilhão, frente ao resultado positivo de R$ 291 milhões no quarto trimestre do ano anterior. No terceiro trimestre, o Ebitda já tinha sido negativo em R$ 97 milhões, o que segundo analistas mostra a dificuldade de geração de caixa da empresa.

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No ano, houve redução do valor contábil dos ativos na unidade de mineração, no valor de R$ 2,1 bilhões, na siderurgia (principalmente nas coquerias de Cubatão) no valor de R$ 357,2 milhões e na transformação do aço no valor de R$ 56,7 milhões.

Outros efeitos extraordinários também influenciaram o resultado, segundo a empresa, tendo sido reconhecidos no quarto trimestre. Entre eles, estão as provisões de despesas relacionadas aos desligamentos trabalhistas na usina de Cubatão (R$ 93,8 milhões) e de despesas relacionadas à renegociação do contrato de transporte de minério entre a Mineração Usiminas e a MRS (R$ 163 milhões).

Ao final de 2015, a dívida bruta da empresa estava em R$ 7,9 bilhões frente aos R$ 8,1 bilhões registrados no final do trimestre anterior, representando uma queda de 2,8% em razão de amortizações e de uma valorização de 1,7% do real frente ao dólar nos últimos três meses do ano, o que impactou diretamente a parcela da dívida em moeda americana, que corresponde a 47% do total. Ao final de 2014, a dívida da empresa era de R$ 6,7 bilhões.

Perdas cambiais

A companhia também teve um aumento de suas despesas financeiras, em 2015, que chegaram a R$ 1,2 bilhão em função da desvalorização cambial de 47% do real no ano passado. Em 2014, as despesas financeiras foram de R$ 522,8 milhões. As perdas cambiais foram de R$ 1,1 bilhão em 2015 frente aos R$ 193,1 milhões registrados em 2014.

“No ano de 2015, a receita líquida foi de R$ 10,2 bilhões, contra R$ 11,7 bilhões em 2014, em função de menores volumes de vendas de aço e minério de ferro, decorrente da retração de mercado enfrentada pelas unidades de negócio da companhia, com exceção da unidade de bens de capital que teve sua receita líquida aumentada em 9,4% no período”, informa comunicado da empresa. Da receita total, 21% das exportações. No terceiro trimestre do ano passado, as exportações responderam por 27% das receitas.

O volume de vendas de vendas de aço da Usiminas caiu em 2015 em relação ao ano anterior. Em 2014, foram vendidas 5,5 mil toneladas de aço e no ano passado a quantidade caiu para 4,9 mil toneladas, redução de 11%. Em relação às vendas de minério de ferro, houve uma redução de 33% em relação ao ano anterior. Em 2015, as vendas do produto encolheram para 3,7 mil toneladas frente às 5,6 mil toneladas vendidas em 2014.

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