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Alimentos mais caros influenciaram resultado da pesquisa: vendas em supermercados ficaram abaixo da média nacional. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Alimentos mais caros influenciaram resultado da pesquisa: vendas em supermercados ficaram abaixo da média nacional.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
  • Variação no comércio do Paraná

Apesar do impacto da inflação sobre o setor de supermercados, as vendas do comércio varejista bateram recorde no primeiro semestre deste ano: a expansão de 10,6% no volume comercializado foi a maior desde igual período de 2001, primeiro ano da série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando as vendas de material de construção e veículos, o chamado "comércio varejista ampliado" teve expansão ainda maior, de 14,3% no semestre.

No Paraná, o volume de vendas no varejo cresceu 6,9% no semestre, puxado por categorias como "materiais de escritório e informática" (alta de 33,3%). O faturamento do comércio paranaense avançou 11,4%, com destaque para o setor de hipermercados, que apresentou alta de 15,2% no período. Já no chamado "comércio ampliado", categorias como veículos e materiais de construção – que também atuam no atacado – tiveram contribuição de peso no semestre e elevaram bastante os resultados do comércio no Paraná (veja infográfico).

Nacionalmente, o volume de vendas teve aceleração de 1,3% em junho, na comparação livre de influências sazonais com maio (1%). Em relação a junho de 2007, a alta foi de 8,2% – nesse caso, num ritmo menor do que o registrado em maio (11,1%).

"Os números já mostram uma desaceleração marginal por causa da alta da inflação de alimentos especialmente, mas não devem ocorrer até o final do ano quedas substanciais no nível de atividade do comércio", afirma Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Segundo ele, as vendas perderam um pouco de fôlego no segundo trimestre – subiram 9,4%, ante 11,3% dos primeiros três meses do ano – por dois motivos: juros maiores e aumento do preço dos alimentos.

Ainda assim, Freitas diz que o efeito da alta da Selic (a taxa básica da economia brasileira) foi limitado e só deve causar impacto mais forte no setor no final deste ano e início de 2009.

Alimentos

Afetado pela alta dos produtos alimentícios, o ramo de hiper e supermercados e demais lojas de alimentos vendeu 5,9% a mais no primeiro semestre, resultado abaixo da média do varejo. Em junho, as vendas do setor subiram 1,5% ante o mesmo mês de 2007, abaixo dos 8,4% de maio.

"Há uma nítida influência da inflação nos resultados dos produtos alimentícios, que têm quase a metade do peso dos produtos analisados na Pesquisa Mensal do Comércio", disse Reinaldo Silva Pereira, coordenador da pesquisa do IBGE.

O recorde do semestre poderia ser até melhor não fosse a inflação, segundo o técnico. Tal efeito foi responsável ainda, diz, pela desaceleração do varejo no segundo trimestre.

Ainda beneficiadas pelo crédito, as vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 18,5%. Também tiveram destaque os ramos de informática (30,9%) e artigos de uso pessoal e doméstico, favorecidos tanto pela expansão dos financiamentos como pela queda de preços de importados.

Segundo o diretor-executivo do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Emerson Kapaz, o crescimento no primeiro semestre se "deu em cima de uma base já muito elevada", o que torna o resultado ainda mais significativo. O motor do desempenho, diz, foi o crédito, que "continua firme e não mostra sinais de arrefecimento".

Diante de tal cenário, Kapaz estima uma expansão das vendas do varejo neste ano no mesmo nível da de 2007: na casa de 9,6% a 9,7%. "A alta dos juros teve impacto no segundo trimestre. O setor sentiu, mas foi apenas um pequeno ajuste no ritmo de crescimento. Não haverá uma queda brusca."

Já Freitas Filho, da CNC, ressalta que, se a taxa de juros chegar aos 15% ao final do ano, conforme estimam analistas, o crédito se tornará mais escasso e com prazos menores. Isso, diz, reduzirá o nível de atividade do varejo. O efeito, porém, comprometerá mais o comércio em 2009, segundo o economista.

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