Fontes do setor de aviação afirmam que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já está buscando uma solução de mercado para a crise da Varig. Em encontros sigilosos, executivos da Anac teriam pedido às concorrentes Gol, TAM, BRA e Ocean Air que preparem planos de emergência para o caso de a Varig deixar de voar.
As estratégias para enfrentar uma situação de emergência foram reforçadas após o aumento das seqüências de vôos cancelados pela empresa, além de muitos atrasos, que têm deixado os passageiros no chão, "a ver navios".
Segundo fontes do setor, a Ocean Air teria feito uma proposta à Varig, avaliada em US$ 80 milhões, que dependeria de aporte do BNDES. Outras fontes ouvidas pelo "Globo" afirmam que o empresário German Efromovich, dono da Ocean Air, estaria prestes a fechar um acordo de compartilhamento de vôos com a Varig.
De acordo com nota publicada no "Portal Exame", um número ainda não definido de aviões da Varig passaria a usar a marca Ocean Air nos vôos domésticos. Em troca, Efromovich garantiria o pagamento dos arrendadores de aeronaves da Varig (cerca de US$ 30 milhões por mês).
Preocupado com uma eventual paralisação da Varig, que deixaria na rua 11 mil trabalhadores, o governo realizou na quinta-feira uma intensa mobilização no Palácio do Planalto. Participaram representantes dos credores públicos (BR Distribuidora, Infraero e Banco do Brasil), do INSS, da Secretaria de Previdência Complementar (SPC), da Fazenda, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, e o ministro da Defesa, Waldir Pires.
Segundo fontes presentes à reunião na Casa Civil, o objetivo era traçar um diagnóstico sobre a real situação da companhia, a iminência de ela parar de voar e as conseqüências para o mercado.
Com os evidentes problemas de caixa, inclusive para a manutenção dos aviões, a Varig está operando com apenas 54 de suas 71 aeronaves. Com isso, a situação dos passageiros que compraram bilhetes da companhia também se complica. Na quinta-feira, o painel da Infraero no Aeroporto Internacional Tom Jobim indicava o cancelamento e o atraso de quatro vôos internacionais e dois domésticos.
Os alemães Sebastian Kruse e Mona Karim esperavam embarcar em um vôo da Varig para Munique, depois das férias no Rio. Foram surpreendidos ao chegar ao aeroporto e constatar que o vôo marcado para às 20h já constava como cancelado às 17h.
- A orientação que recebi foi de me dirigir a um balcão da empresa, mas não sei de que maneira isso será resolvido - reclamava Mona.
Na volta para o Brasil, esta semana passageiros descobriram em Nova York que os vôos noturnos foram cancelados e precisaram contar com a sorte de haver vaga em outra companhia. Um funcionário disse que em abril serão mantidos apenas vôos diurnos.
A Varig informou que os atrasos e cancelamentos registrados na quinta-feira foram provocados por condições climáticas. Também alegou que a Infraero ainda não atualizou as informações de vôos depois da mudança da malha da companhia. Representantes da Infraero não foram localizados.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast