Ambulâncias de empresa ligada à OHL: concessionárias de pedágio costumam pagar bons dividendos| Foto: Divulgação

Estratégia precisa incluir renda fixa

Ambos os especialistas alertam que uma estratégia para a aposentadoria não pode se basear somente em renda variável – ou seja, em ações. "Tem de ter uma reserva em renda fixa", ensina Mário de Almeida, da Gradual.

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Recomendações

Os especialistas costu­mam recomendar que o investidor que pretende comprar ações para a aposentadoria avalie o histórico de pagamento de dividendos das empre­sas. Abaixo, algumas em­presas que tiveram uma boa relação entre preço da ação e dividendos pagos em 2008.

Empresa Dividendos*

Eletropaulo - 13,9%

Metalúrgica Gerdau - 11,7%

Sabesp - 9,2%

Itaúsa - 8,3%

Souza Cruz - 7,5%

CCR - 6%

Cemig - 5,5%

* Dividend Yield

Fontes: Gerdau Investimentos e Link Corretora de Valores

No Brasil, é pouco comum que o indivíduo prepare uma reserva para a aposentadoria comprando ações. Essa é a forma americana de poupança. Por aqui, mais frequentes são os planos de previdência privada, mas ainda imperam aqueles que não mantêm nenhuma reserva. Pesquisa feita pelo banco HSBC em 15 países mostra que 94% dos brasileiros não se sentem preparados para a aposentadoria – um número superior à média mundial, que é de 87%. Mesmo assim, tem sido crescente o número de indivíduos que vai ao mercado para garantir uma velhice tranquila.

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Uma das razões para a crescente procura pelas ações no planejamento da aposentadoria está no rendimento dos fundos de previdência. "A performance deles quase sempre é muito ruim", diz o consultor em planejamento financeiro Raul Pereira Ribas, da Diversinvest. Segundo dados da Associação nacional de Bancos de Investimento (Anbid), os fundos de melhor performance nessa categoria obtiveram rentabilidades entre 19% e 21% neste ano (até 1.º de setembro). Nesse mesmo período, o Ibovespa rendeu 40%.

Administrar uma carteira de ações para a aposentadoria, no entanto, requer muito mais disposição do investidor do que um fundo de previdência privada. Não se trata mais de, simplesmente, depositar o dinheiro. É preciso escolher as empresas onde será feito o investimento, acompanhar seu desempenho e, eventualmente, mudar de estratégia. Por isso normalmente quem segue essa opção o faz porque já tem algum conhecimento do mercado e se sente seguro para fazer as operações.

Acima de tudo, no entanto, é preciso ter persistência e disciplina. "Essa é a parte mais difícil, as pessoas não têm esse costume", observa Mário de Almeida, gestor da corretora Gradual Investi­­men­­tos para a Região Sul.

Essa disciplina inclui não se as­­sustar com os altos e baixos do mercado – pelo contrário, é preciso usá-los a seu favor para obter me­­lhores resultados no longo prazo. "Os movimentos do mercado po­­­dem tanto excitar quanto assustar o investidor", observa Raul Ribas. "Mas ele precisa manter o foco."

Dividendos

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Mário de Almeida explica que uma carteira destinada a garantir re­­cursos para a aposentadoria precisa mirar em empresas que pa­­guem bons dividendos e que possam garantir bons resultados no futuro. Essa última exigência deve-se ao fato de que o investimento é planejado para dar frutos dentro de um horizonte de 20 ou 30 anos, por isso é melhor que essas companhias continuem no centro da atividade econômica até lá.

Um exemplo bem fácil de entender é o das companhias energéticas. "Energia é um setor perene na economia, o mundo sempre vai precisar dela", diz Almeida. "Não há risco de essas empresas perderem importância."

Já os dividendos são a parte dos lucros obtidos pela empresa que são distribuídos aos acionistas a cada ano. Por lei, elas precisam entregar pelo menos 20% do lucro aos acionistas, mas muitas fazem bem mais do que isso. "Há empresas que distribuem 95% ou mais", diz Almeida. Os dividendos vão garantir ao investidor uma renda adicional quando chegar a hora de deixar o dia a dia do trabalho. Além disso, ele ainda pode contar com a valorização dos papéis.

Alguns setores da economia se distinguem por terem empresas que costumam pagar bons dividendos. Um deles é o de energia. Outro é o das concessionárias de serviços pú­­blicos, que inclui empresas de sa­­neamento (Copasa e Sabesp, por exemplo) e pedágio (CCR e OHL). Bens de capital e serviços financeiros – em especial os bancos mé­­dios – também compõem a lista.