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Armazém de soja no Porto de Paranaguá: mercado favorável fez produtor antecipar as exportações. Com isso, embarques foram multiplicados por dez em relação ao 1º bimestre de 2011 | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Armazém de soja no Porto de Paranaguá: mercado favorável fez produtor antecipar as exportações. Com isso, embarques foram multiplicados por dez em relação ao 1º bimestre de 2011| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Terminal de embarque volta a operar no Porto de Paranaguá

O terminal de embarques administrado pela Centro-Sul Serviços Marítimos no Porto de Paranaguá, cuja interdição estava provocando filas de caminhoneiros no acostamento da BR-277, voltou a operar apenas na tarde de ontem, segundo a Receita e a Justiça Federal. As informações dos dois órgãos desmentem informações prestadas anteontem pela Administração dos Portos de Paranaguá e Anto­nina (Appa), segundo a qual o terminal teria voltado a operar normalmente na última quarta-feira.

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Infladas pela antecipação dos embarques de soja, as exportações de produtos paranaenses somaram US$ 2,38 bilhões no primeiro bimestre deste ano, valor 26% superior ao do mesmo intervalo de 2011. Foi a primeira vez desde 2006 que as vendas do Paraná a outros países cresceram em ritmo superior ao das importações – estas aumentaram 23%, para US$ 3,03 bilhões.

O crescimento das exportações foi disseminado: de 91 grupos de produtos monitorados pelo Ministério do Desenvolvimento, 57 faturaram mais neste ano. Mas a expansão não teria sido a mesma sem a soja. Apesar da quebra da safra estadual – que deve ser 23% menor que a do ano passado, segundo projeção da Expedição Safra Gazeta do Povo –, os embarques do grão foram multiplicados por dez em relação aos registrados nos dois primeiros meses de 2011, atingindo 735 mil toneladas, vendidas por US$ 335 milhões. Sem a soja, as exportações do estado teriam crescido somente 10%.

A explicação para o fenômeno está no crescimento da demanda externa, que elevou preços e "prêmios" do grão, estimulando os produtores locais a vender mais cedo sua produção. Segundo algumas corretoras, nos últimos dias os importadores têm oferecido "extras" de mais de US$ 0,60 por bushel (27,2 kg) para a soja embarcada por Paranaguá, algo incomum em época de colheita. Esse prêmio equivale a quase 5% da cotação atual do grão no mercado internacional.

Outros destaques do primeiro bimestre foram as exportações de veículos e peças, que cresceram 52%; de açúcar, que aumentaram 65%; e de combustíveis, que quase duplicaram em relação ao acumulado dos dois primeiros meses de 2011. As vendas de veículos e combustíveis contaram com colaboração da Argentina, que, embora tenha erguido novas barreiras protecionistas, elevou as compras desses produtos.

Déficit

O crescimento mais rápido das exportações não evitou que o saldo da balança paranaense ficasse negativo pelo sétimo mês seguido, muito embora em fevereiro a diferença entre exportações e importações tenha sido de apenas US$ 3,4 milhões. No bimestre, o déficit comercial somou US$ 649 milhões, bem superior ao de US$ 567 milhões do começo do ano passado.

O maior importador do período foi o setor automotivo, que, entre veículos prontos e componentes, trouxe do exterior US$ 597 milhões no primeiro bimestre, quase o dobro do que faturou com suas vendas a outros países.

Argentina compra mais carros e combustíveis

A entrada em vigor de novas barreiras comerciais na Ar­gen­tina, em 1.º de fevereiro, não impediu que as exportações do Paraná ao país vizinho fechassem o mês com forte crescimento. Os argentinos compraram US$ 194 milhões em mercadorias paranaenses no mês passado, 35% a mais que em janeiro e 53% acima do valor de fevereiro do ano passado. Em ambos os casos, a expansão foi superior ao crescimento médio das vendas totais do Paraná, de 11% e 22%, respectivamente.

Mas o aquecimento do comércio com a Argentina concentrou-se em apenas duas categorias de produtos. As exportações de combustíveis – principalmente diesel e óleo combustível – e veículos e peças somaram US$ 144 milhões, três quartos do total, valor bem superior ao de janeiro (US$ 84 milhões) e fevereiro do ano passado (US$ 75 milhões). Desconsiderando esses dois grupos, os embarques paranaenses à Argentina teriam recuado 16% em relação a janeiro e 3% sobre fevereiro de 2011.

Não há explicação clara para essa forte expansão. Uma possibilidade é que em fevereiro foram realizadas exportações que já haviam sido contratadas e autorizadas anteriormente pelo governo argentino – que no mês passado passou a exigir das empresas locais, entre outros papéis, uma declaração juramentada dos produtos que pretendem importar.

Outra hipótese é que as montadoras de veículos – que têm grande poder de articulação, filiais na Argentina e ainda a proteção do regime automotivo entre os dois países – não tenham enfrentado as mesmas dificuldades que outros setores e principalmente empresas de pequeno porte passaram a enfrentar.

De 70 categorias de produtos que os argentinos habitualmente compram do Paraná, 47 tiveram em fevereiro resultados piores que os de janeiro – destas, 13 reduziram suas vendas a zero no mês passado. No confronto com o mesmo mês de 2011, 35 grupos perderam receita em fevereiro, e sete deles não conseguiram exportar um dólar sequer ao país vizinho.

Entre as empresas que sofreram quedas expressivas nas duas comparações estão fabricantes de papel (baixa de 49% nas exportações em relação a janeiro e de 37% sobre fevereiro de 2011); plásticos (-28% e -22%, respectivamente); madeira (-69% e -40%); produtos químicos (-40% e -47%); e chocolates (-86% e -77%). (FJ)

Colaborou Cassiano Ribeiro.

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