As vendas no varejo nos Estados Unidos subiram a um ritmo sólido em dezembro, uma vez que os norte-americanos ignoraram a ameaça de impostos mais altos e compraram automóveis e diversos outros bens, sugerindo vigor nos gastos do consumidor no final do ano passado.
Outros dados nesta terça-feira (15) mostraram ainda que as pressões inflacionárias permaneceram brandas, com os preços no atacado recuando pelo terceiro mês seguido em dezembro. Isso deve permitir que o Federal Reserve, banco central norte-americano, permaneça em seu curso de política monetária frouxa para impulsionar a recuperação.
O Departamento do Comércio informou nesta terça-feira que as vendas no varejo subiram 0,5% após alta de 0,4% em novembro, segundo dados revisados. Inicialmente, havia sido informado que as vendas de novembro tinham subido 0,3%.
Economistas consultados esperavam que as vendas subissem apenas 0,2%.
"Isso de fato sugere um consumidor resistente frente aos debates sobre o abismo fiscal. Oferece um sinal favorável para o crescimento do quarto trimestre", disse o analista de mercado sênior do Western Union Business Solutions Joe Manimbo.
As vendas avançaram 4,7% ante dezembro de 2011 e no acumulado de 2012 registraram alta de 5,2%.
Excluindo automóveis, gasolina e materiais de construção, numa medida mais próxima do componente de gastos do consumidor do Produto Interno Bruto (PIB), as vendas avançaram 0,6% após alta de 0,5% em novembro.
O segundo mês seguido de ganhos nessa medida sugere que os gastos do consumidor aceleraram no quarto trimestre depois de subirem a um ritmo anual de 1,6% no período entre julho e setembro.
Alguns economistas elevaram suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre após os dados das vendas no varejo. Na semana passada, analistas reduziram suas já baixas estimativas de crescimento na esteira de um déficit comercial maior em novembro.
Um segundo relatório do Departamento do Comércio mostrou que os estoques empresariais nos Estados Unidos avançaram modestos 0,3% em novembro, reforçando opiniões de que o reabastecimento não vai fomentar o crescimento econômico no quarto trimestre.
Impostos devem desacelerar vendas
Embora um acordo de última hora do Congresso dos EUA tenha evitado o pior do chamado abismo fiscal, ou US$ 600 bilhões em cortes automáticos de gastos do governo e tributos mais altos, as famílias verão reduções em seus rendimentos a partir de janeiro.
Economistas afirmam que isso pode manter os gastos dos consumidores em banho-maria no início deste ano e uma iminente disputa sobre a elevação do teto da dívida do país pode afetar a confiança do consumidor.
"As pessoas estão preocupadas sobre a desaceleração dos gastos no primeiro trimestre com a implementação de impostos mais altos e a inquietação em relação à disputa sobre o teto da dívida. Eles vão ajustar seus gastos de acordo com isso", disse o economista sênior do Wells Fargo Securities Sam Bullard.
Economistas estimam que os aumentos tributários podem reduzir até 1,2 ponto percentual dos gastos do consumidor no primeiro trimestre.
Em outro relatório, o Departamento do Trabalho os preços ao produtor nos Estados Unidos caíram 0,2% em dezembro segundo dados ajustados sazonalmente, em meio ao recuo dos preços da energia.
Os preços no atacado excluindo alimentos e energia, considerados mais voláteis, registraram variação positiva de 0,1% pelo segundo mês seguido.
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