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 A Empiricus afirma que 1,1 milhão de pessoas se inscreveram para assistir aos vídeos da Bettina, a jovem funcionária que apareceu em uma campanha viral dizendo que, com investimento inicial de R$ 1.500, alcançou o patrimônio de R$ 1 milhão em três anos. 

Ao jornal Folha de S.Paulo, após questionamentos sobre como juntou dinheiro em tão pouco, Bettina Rudolph, 22, explicou que faz investimentos mensais e contou com um aporte de R$ 35 mil do pai. Ela não sabe quanto efetivamente investiu e qual foi o retorno de sua carteira no período. 

 A campanha nas redes sociais era justamente para o lançamento de um novo produto da Empiricus, uma série em que Bettina Rudolph, 22, promete contar como fez seu dinheiro crescer tão rapidamente aplicando em ações. 

 Para acessar os vídeos, porém, investidores precisam obrigatoriamente informar o email para a Empiricus (e, opcionalmente, nome, celular e o Facebook). 

 Felipe Miranda comemorou, no programa Pânico, da rádio Jovem Pan, a marca de inscritos, por ser superior ao número de investidores pessoa física inscritos na Bolsa de Valores, ao redor de 1 milhão. 

 A receita da Empiricus vem da venda de relatórios que fazem recomendações de investimentos. 

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Bettina disse à Folha de S.Paulo, por exemplo, que suas decisões de compra de ações -ela tem mais de 30 em sua carteira- foram baseadas nos relatórios pagos da empresa, que assinava antes de virar funcionária. Ela chegou a ter 98% de seu dinheiro aplicado em ações no período. 

 Antes de convencer alguém a pagar por um conteúdo da empresa, a Empiricus entrega no email gratuito.  Diariamente, 2 milhões de pessoas recebem a newsletter de Felipe Miranda, o estrategista da Empiricus. A empresa tem ainda 325 mil assinantes que pagam por relatórios. 

Para a pesquisadora do ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio) Priscilla Silva, a troca do email pelo conteúdo faz com que os vídeos não possam ser considerados gratuitos, como diz a Empiricus.  "Tem uma troca ali, e ela vale dinheiro, nossos dados valem dinheiro. As empresas lucram com esses dados, então é uma contrapartida muito alta", afirma. 

 O convencimento para que o leitor se torne assinante vem justamente dos textos enviados para o email dos inscritos. Bettina, como copywritter, é uma das redatoras desses textos. "Depois da troca do email haveria uma abertura para a venda de produtos", enfatiza Silva. 

 Propaganda enganosa?

Outro debate em torno do anúncio é se houve propaganda enganosa, o que a Empiricus nega, por dizer que essa campanha não envolve nem sequer a venda de um produto. Na peça publicitária sugere que um único aporte de recursos levou à multiplicação de R$ 1.520 em mais de R$ 1 milhão. 

 "A questão principal é que o anúncio passa a informação de que daria conselhos financeiros, e na verdade haverá venda de produtos", diz Silva.  Segundo ela, o CDC (Código de Defesa do Consumidor) considera propaganda enganosa tanto uma campanha que induza o consumidor a erro quanto a que deixa dúvida sobre a clareza da informação. O Procon-SP já notificou a Empiricus sobre o caso. 

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 A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgou comunicado nesta quinta-feira (21) para lembrar que já aciona a Empiricus na Justiça. Em dezembro, a autarquia derrubou a liminar que permitia à empresa escapar da alçada do órgão regulador. 

 A Empiricus, que começou como empresa de análise de investimentos, mudou o seu registro na Junta Comercial para editora e passou a se definir como produtora de conteúdo. Miranda defende que o motivo é evitar censura. 

 Desde que começou a atuar com marketing agressivo, a Empiricus sofreu diversas sanções da CVM e de outros reguladores do mercado, que consideraram que a empresa descumpre boas práticas do mercado. Suas concorrentes, como a Suno Research e a Eleven, estão registradas na CVM.

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