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A viagem protagonizada pela presidente Dilma Rousseff à China, bastante concentrada na área comercial e em investimentos, pode marcar uma nova fase nas relações bilaterais, segundo analistas. Eles consideram que a iniciativa foi em geral bem-sucedida, com anúncios de investimentos de empresas chinesas no Brasil e a aproximação com um dos mais importantes parceiros do país.

"A viagem pode estar marcando uma nova fase entre Brasil e China, porque até agora o grande crescimento havia sido no campo comercial, mas na área de investimentos não era tão relevante", afirma o professor de Relações Inter­nacionais Alexandre Ueha­ra, das Faculdades Integradas Rio Branco.

Uehara diz que, em 2004, quando o presidente chinês, Hu Jintao, visitou o Brasil, houve algumas promessas de investimento, "mas neste momento [atual] se percebe que empresas chinesas estão anunciando investimentos de fato".

Há uma trajetória crescente no intercâmbio entre os dois países, avalia outro professor consultado, Marcos Cordeiro, especialista em História Econômica e Economia Política da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

"Se olharmos para a questão comercial, ou para os acordos que foram firmados, é possível ver que ocorreram avanços não só de incremento e tentativa de diversificação do comércio, mas também uma certa boa vontade dos chineses", diz Cordeiro, citando o caso da Embraer.

Tecnologia

A empresa brasileira anunciou a venda de 20 aviões à China Southern, além de conseguir a garantia de que manterá sua fábrica em Harbin, após conseguir licença do governo chinês para produzir jatos executivos Legacy.

Cordeiro cita ainda os protocolos para se buscar uma diversificação dos investimentos chineses no País. Um dos objetivos declarados da viagem de Dilma era trazer também investimentos em setores de tecnologia, não apenas em commodities. Foi anunciado um aporte da Foxconn de US$ 12 bilhões no Brasil, em seis anos, na área de tecnologia da informação. O investimento deve ser para a instalação de uma fábrica para produzir telas para celulares de última geração e iPads.

"O Brasil quer elevar a relação com a China para um novo patamar, e sinalizou isso", diz a professora de Relações Internacionais Danielly Ramos Becard, da Uni­versidade de Brasília (UnB). A intenção brasileira, segundo ela, é não exportar apenas commodities, mostrar mais rigor com dumpings e atrair investimentos em setores mais sofisticados, como os anunciados em nanotecnologia. Um dos acordos bilaterais prevê a criação de um Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia.

Becard lembra que as relações diplomáticas entre Brasil e China foram estabelecidas oficialmente em 1974. Nos anos 1990, essa relação floresceu, com o fim da Guerra Fria e maior abertura comercial. Na década seguinte, a China se fortalece como ator global, e a relação ganha importância crescente, prossegue a professora.

A China já tem bastante interesse em setores como energia, minérios e em produtos agropecuários para exportação, cita a professora. Mas, além disso, o Brasil também almeja investimentos em áreas como o pré-sal, o desenvolvimento de alta tecnologia e em pesquisas, enumera Becard.

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