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Marcelo Coutinho, professor da FGV e consultor do Ibope Inteligência, durante evento em Curitiba: é preciso combinar meios digitais e tradicionais | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Marcelo Coutinho, professor da FGV e consultor do Ibope Inteligência, durante evento em Curitiba: é preciso combinar meios digitais e tradicionais| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Mídias sociais: você já está dentro delas

Aos empresários que perguntam "como entrar nas mídias sociais", o professor Marcelo Coutinho é categórico: "Já era! Você já está lá!" Para o consultor do Ibope Inteligência, que apresentou palestra ontem no IAB Brasil sobre o tema, não cabe às empresas o poder de decidir se entram ou não com sua marca nas redes sociais. O consumidor já fez com que eles estejam lá e, por isso, o caminho agora é se estruturar para essa nova realidade.

"Acabou a era do um fala para muitos. Agora milhares falam para milhares. E isso muda radicalmente a relação de poder entre marcas e consumidores", alerta. "Precisamos aprender a lidar com esse novo paradigma e com os novos formatos de comunicação."

Como fazer isso? O primeiro passo é esquecer a noção de controle. As marcas não são mais, na opinião do consultor, uma propriedade, mas uma informação que é repensada e refeita pelo consumidor – que hoje são "uma central de mídia". Na opinião de Coutinho, cabe às marcas aprender a criar conteúdos que possam ser "remixados" por seus usuários e por seus "fãs". "As empresas têm que promover conteúdos, para estimular as pessoas a falarem sobre suas marcas, permitindo que elas se expressem."

Elas só vão fazer isso, no entanto, se isso aumentar o seu "capital social", se isso lhes trouxer benefícios – sejam emocionais, financeiros ou operacionais. Ou seja, isso pode ser feito com uma informação em primeira mão – que dá prestígio ao internauta – ou com games, aplicativos, descontos etc. Coutinho exemplifica a teoria com o case da campanha de Barack Obama à presidência americana, premiada com um Leão de Ouro em Cannes. "Cinco minutos antes da imprensa, os maiores fãs de Obama na rede ficaram sabendo o nome do candidato à vice. Imediatamente, eles fizeram essa informação circular nas suas comunidades, no Twitter e no Facebook", lembra. (CS)

"A grandeza da internet já é evidente. Cabe a nós aprender a lidar com ela." A frase com a qual o presidente do conselho da Interactive Advertising Bureau – IAB Brasil, Paulo Castro, abriu o evento da entidade ontem, em Curitiba, também é um bom resumo das discussões que aconteceram ao longo de todo o dia. Por "grandeza" entende-se uma população de internautas perto de 65 milhões em julho – número que deve dobrar até 2012 – e um crescimento de receita publicitária de cerca de 20% nos últimos dois anos.

Mesmo em um cenário de crise, a web cresceu 23% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo os dados da pesquisa Inter-Meios, organizada pela Meio&Mensagem. A projeção do IAB é que ela feche o ano com cerca de 4,5% de todo o bolo publicitário brasileiro, alcançando algo em torno de R$ 1 bilhão. Em cinco anos, caso o ritmo de crescimento se mantenha, esse porcentual deve chegar a 10%. "Se isso acontecer, chegaremos ao nível que está hoje os Estados Unidos, por exemplo", diz. "A internet ainda tem muito espaço para crescer como mídia no Brasil."

Mais tempo

Os números apresentados no evento mostram que não cresce apenas o número de pessoas que têm acesso a internet, mas também o tempo que elas passam conectadas. O usuário brasileiro é o que mais tempo passa navegando: cerca de 30 horas por mês, considerando apenas o acesso domiciliar. Somados ao tempo de acesso no trabalho, o número pode chegar a 70 horas.

E provavelmente somos também os mais "interativos". Os brasileiros são maioria entre os usuários do site de relacionamento Orkut e do MSN Messenger, ferramenta de comunicação on-line da Microsoft – e ainda tem um número médio de contatos que é dobro da média mundial. O país também é o quinto com maior número de usuários do You Tube – e o segundo maior responsável por uploads.

"Algumas companhias já se valem dessa característica e têm resultados muito bacanas", diz Castro. "Mas, sem dúvida, temos condições de estimular ainda mais essa interatividade do usuário, que é uma das características fundamentais da internet."

Para o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marcelo Coutinho, que também é consultor do Ibope Inteligência, outro grande poder da internet se mostra na sua combinação com outros meios – em 2008, o número de pessoas que acessaram vídeos na internet superou o de usuários de e-mail. "A comunicação digital é a nova arena que as empresas têm para se comunicar, e vai ter cada vez mais peso", diz. "Mas isso não quer dizer que a mídia tradicional vai morrer. Eles agora terão que se combinar".

Como exemplo dessa combinação bem sucedida ele cita a campanha feita pelo governo australiano que o oferecia "o melhor emprego do mundo" para divulgar a paradisíaca ilha de Queensland. "Essa campanha teve início com 19 anúncios publicados em classificados de jornais ao redor do mundo, que levava a um site, especialmente criado para a campanha", lembra.

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