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Segundo aplicação foi realizada por conta das ocupações de escolas no final de 2016 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Segundo aplicação foi realizada por conta das ocupações de escolas no final de 2016| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Candidatos que realizaram a segunda aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) alegam ter sido prejudicados pela divisão nas datas de execução da prova. Segundo eles, as notas apresentam discrepâncias “enormes” em relação às obtidas por quem fez o primeiro exame, fazendo com que alunos com mais acertos tivessem uma média final consideravelmente menor do que aqueles que acertaram menos questões.

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É o caso de Luísa Haddad, que fez 745 pontos na prova objetiva ao acertar 152 questões. Ela foi uma das 273 mil pessoas que tiveram de realizar o Enem nos dias 3 e 4 de dezembro por causa das ocupações nas escolas públicas no fim do ano passado e agora questiona os critérios adotados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na correção. “Um amigo acertou 138 questões e fez 758 pontos”, compara. “Essa diferença faz com que ele consiga competir por muitas vagas no Sisu [Sistema de Seleção Unificada], enquanto a minha não me deixa entrar em quase nada”.

Segundo ela, o problema está na metodologia adotada pelo Inep, que faz com que um único erro na segunda prova tenha um desconto muito maior do que na primeira. A chamada Teoria de Resposta ao Item (TRI) categoriza as questões entre fáceis, médias e difíceis e as pontua com base no total de respostas certas dadas durante o exame. Assim, se todos os candidatos acertam uma pergunta, ela passa a valer menos do que outra com uma taxa menor de acertos. O objetivo desse método é, segundo o instituto, prestigiar aqueles que realmente dominam o conteúdo cobrado.

“O problema é que o TRI considerou a nossa prova mais fácil”, aponta Raphael Figueiredo, outro aluno que fez a segunda aplicação e que encabeça um movimento que busca mais transparência por parte do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Para ele, existem duas razões que poderiam explicar a conclusão obtida pelo método: ou as provas não tinham a mesma dificuldade ou há um desvio causado pela amostragem.

“Se o MEC testou as questões antes do Enem, ele sabia que as duas provas não tinham o mesmo peso. Porém, se ele não fez essa verificação, isso mostra que o espaço amostral influenciou o resultado”, detalha Figueiredo. Segundo o estudante, o fato de a segunda aplicação ter um número maior de candidatos nas regiões Sul e Sudeste pode ter afetado o cálculo das notas. “Fizemos uma planilha com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de todas as cidades que tiveram essa segunda prova e vimos que o valor é realmente maior do que a média do país”.

Medidas legais

Em busca de respostas, Figueiredo e outros alunos levaram a questão ao Ministério Público. Eles querem mais transparência por parte do MEC em relação ao modo como a prova foi construída e corrigida. “Queremos que eles nos mostrem que o Enem foi pré-testado e que teve uma divisão equivalente à da primeira prova”, afirma o estudante.

Por meio de nota, o Inep informou que “é impossível afirmar que há disparidade entre as notas dos candidatos das duas aplicações” do exame, uma vez que o percentual de acertos não é divulgado e que somente os depoimentos dos estudantes não são o suficiente para isso. “A nota é resultado da relação entre o participante e o item, e não entre o participante e o grupo”, afirma o texto.

Ainda segundo o Inep, essa não foi a primeira vez que o Enem foi realizado em duas provas, já que todos os anos essa mesma lógica é aplicada a pessoas privadas de liberdade e que o exame sempre equilibrou a dificuldade dessas provas.

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