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Apenas 26% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são plenamente alfabetizados. O dado faz parte de pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Paulo Montenegro e integra o 5º Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional. Isso significa que apenas um quarto da população nesta faixa etária consegue ler e interpretar textos corretamente e fazer relações entre eles.

A pesquisa foi feita com duas mil pessoas. Deste total, 7% são analfabetos, 30% têm nível rudimentar de alfabetização (só conseguem ler títulos ou frases e localizar informações explícitas num texto). Outros 38% têm nível básico: lêem textos curtos, e localizam informações explícitas ou que exijam pequena conclusão.

Houve uma leve queda do analfabetismo, entre 2003 e 2005, de 9% para 7%. O nível básico de alfabetização subiu de 34% para 38%. Mas os especialistas não consideram esses índices satisfatórios.

"A escolaridade aumentou entre 2001 e 2005, mas não garantiu resultados efetivos na aprendizagem", avalia Vera Mazagão, secretária-executiva da ONG Ação Educativa, que colaborou com a pesquisa.

De 2001 para 2005, a percentagem de jovens entre 15 e 24 anos que concluíram pelo menos a 8ª série do ensino fundamental passou de 57% para 67%. O problema é que, entre pessoas com um a três anos de estudo, 26% são analfabetos e 58% têm nível rudimentar de alfabetização. Na faixa entre quatro e sete anos de estudo formal, 4% são analfabetos, 42% têm nível rudimentar e 44%, nível básico.

"Sabemos que a evolução dos indicadores sociais é lenta, mas é preciso mais investimento para que ela se acelere. A pesquisa mostra que 63% das pessoas não têm um nível educacional garantido por lei. É uma população excluída de direitos mínimos, como o ensino fundamental", afirma Vera.

Ela explica que sem o curso fundamental completo é difícil garantir um nível básico de alfabetização. A secretária-executiva lembra ainda que, em países desenvolvidos, pesquisas similares já partem do pressuposto de que todos são alfabetizados.

Entre a população analfabeta, 64% são homens, 77% têm mais de 35 anos e 81% pertencem às classes D e E. Nesse grupo, 41% não estão ocupados e, entre os que trabalham, 41% são do setor da agricultura. Entre os que têm nível rudimentar de alfabetização, 39% pertencem à faixa entre 15 e 34 anos, um terço está na classe C e 64%, nas classes D e E. Deste total, 49% completaram entre quatro e sete anos de estudo formal.

No nível básico de alfabetização, as mulheres são maioria: compõem 53% deste público. Neste grupo, 40% pertencem à classe C e 45%, às classes D e E. Deste total, 40% têm entre quatro e sete anos de estudo formal e 23% usam computador, mesmo que ocasionalmente. O grupo com nível de alfabetização pleno também é composto por 53% de mulheres. Nesse grupo, 70% têm até 34 anos e um terço pertence às classes A e B e 41%, à classe C. Ao todo, 54% dessas pessoas usam computador.

A pesquisa ainda mostra que apenas um quarto da população brasileira usa computador. "Esse dado nos assustou. Eu esperava um número maior de pessoas com acesso ao computador. Mas o número permaneceu praticamente inalterado entre 2003 e 2005. As escolas devem estar mais equipadas, mas, por falta de professores ou funcionários, os alunos talvez não tenham acesso às salas", explica Vera.

A pesquisa foi feita entre os dias 30 de junho e 10 de julho deste ano em todo o país.

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