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A avaliação do resultado da primeira edição do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) mostrou que o desempenho dos calouros com domínio do conteúdo de sua área de atuação foi superior ao dos formandos. Este é o perfil de 49 (25%) dos 207 cursos de ensino superior do Paraná avaliados no exame. (Veja o desempenho das universidades do estado).

O índice sobe para 34% se forem levados em conta apenas os cursos que receberam conceito na avaliação – faculdades que ainda não formaram a primeira turma ficaram sem nota final. O Enade, que substituiu o Provão, avaliou, nesta edição, estudantes de 13 cursos. Pelo novo modelo, está sendo considerado tanto o desempenho de estudantes em final de curso como os que estão ingressando.

A edição desta quinta-feira da Gazeta do Povo mostrou que os números surpreenderam coordenadores de curso, pró-reitores e professores. Nenhum deles associa o índice expressivo a um retrocesso na formação do estudante ao longo dos anos que ele passa na universidade. Para o diretor do curso de Zootecnia da PUC-PR, José Altivo da Costa, a diferença entre as notas foi causada pelo descaso dos acadêmicos na hora de fazer a prova. "É impossível conceber que quem entra tenha um conhecimento específico superior a quem esteja saindo. Para mim faltou comprometimento dos alunos concluintes na hora da prova", afirmou o professor, que teve o seu curso com um dos piores conceitos do estado: 2.

A pró-reitora de Graduação da PUC, Neusa Aparecida Ramos, disse que vai solicitar ao setor de estatística da universidade um estudo para avaliar as razões das notas de conhecimentos específicos dos calouros serem maiores que a dos formandos em cinco cursos. "O normal seria esperar que os concluintes tivessem uma nota maior", afirmou ela.

Segundo o professor Edson Fagundes, vice-presidente da Regional Sul do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), a melhor performance dos calouros só pode ser explicada levando-se em conta os critérios de elaboração das provas de conhecimento específico. A maior abrangência de temas poderia, segundo ele, ter dificultado o exame dos formandos.

O desempenho superior dos iniciantes em boa parte dos cursos ficou em segundo plano na avaliação do Enade feita pelo ministro da Educação, Tarso Genro, na divulgação dos resultados, na terça-feira. O petista priorizou a variação mínima nas notas de conhecimentos gerais entre ingressantes e concluintes e pediu mudanças curriculares que permitam maior espaço para atividades extracurriculares. O discurso foi entendido pelos professores paranaenses como campanha a favor da reforma universitária, que prevê três semestres de conhecimentos específicos no ensino superior.

"Tem que iniciar (a abordagem de temas gerais) nas últimas séries dos ensinos fundamental e médio. Podemos mudar o currículo, mas não é suficiente dedicar três semestres que não habilitam o universitário a nada e não vão acrescentar na formação dele", afirmou Neusa.

O reitor Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Moreira Júnior, afirmou nesta quinta-feira (5) estar bastante satisfeito com o desempenho da instituição no Enad. "O resultado foi altamente favorável e mostra a qualidade do nosso ensino, dos nossos alunos e dos profissionais que trabalham da instituição.

Segundo o reitor, existe uma relação entre as boas notas e a reformulações dos cursos. "Os cursos que tiveram os conceitos mais altos tiveram os currículos reformulados e estão funcionando bem. Os outros, com conceitos menores, necessitam reforma ou estão em processo de reformulação".

Quanto ao curso de Terapia Ocupacional, que teve a maior nota final - 4,7 - apesar de sofrer com déficit de professores e não possuir edifício próprio, o reitor garantiu que os problemas serão resolvidos. "É um compromisso da UFPR de resolver esses problemas".

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