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“Não daria para promover uma reforma educacional se continuássemos com critérios políticos para escolhas de diretores. Demos recursos para as escolas e cobramos resultados.” Chris Cerf, subsecretário de Educação de Nova Iorque |
“Não daria para promover uma reforma educacional se continuássemos com critérios políticos para escolhas de diretores. Demos recursos para as escolas e cobramos resultados.” Chris Cerf, subsecretário de Educação de Nova Iorque| Foto:

Receita de sucesso

Confira as medidas que deram certo em Nova Iorque:

Autonomia e avaliação

Diretor passou a ser o centro das tomadas de decisão da escola, com a eliminação das diretorias regionais. O sistema americano de avaliação oferece dados por aluno.

Escolas charters

Escolas de gestão compartilhada entre o poder público e privado auxiliam os gestores públicos a compartilhar implementação de políticas com toda a rede.

Capacitação e recrutamento

Além de maiores salários, os professores ganharam apoio técnico presencial e funcionários da secretaria de Educação acompanham o dia a dia da sala de aula.

Participação das famílias

Um funcionário específico tem a função de aproximar as famílias das escolas: os coordenadores de pais.

Sindicatos

A negociação com os sindicatos foi o ponto-chave para conseguir implementar o pagamento dos professores de acordo com o desempenho dentro da sala de aula.

São Paulo adota medidas semelhantes

O estado de São Paulo está prestes a adotar mais uma medida semelhante à da rede de ensino público de Nova Iorque, em suas escolas estaduais. Hoje, o secretário de Educação, Paulo Renato Souza, apresenta um projeto de lei que prevê o pagamento de bônus para os professores da rede estadual, de acordo com o desempenho.

Os docentes serão submetidos a provas para receber o prêmio, que pode atingir o teto de R$ 7 mil. Ape­nas 25% dos melhores avaliados receberão o prêmio. A medida, se­gundo o secretário, é para não comprometer o orçamento, de acordo com a Lei de Respon­sa­bilidade Fiscal. O projeto depende de aprovação da assembleia legislativa.

Desde janeiro, um projeto piloto, baseado nas medidas adotadas em Nova Iorque, funciona em dez escola na Zona Leste da capital paulista. "O que foi feito em Nova Iorque deve ser olhado com cuidado. Por isso estamos lançando iniciativa não com sentido de copiar, mas como inspiração para melhorar a qualidade da educação em nosso país", diz. (TD)

São Paulo - Um aumento de 25% na proficiência em Matemática dos alunos de 3.ª e 8.ª séries do ensino fundamental e a redução do déficit de desempenho entre estudantes negros e brancos em 14% foram algumas das ações de melhorias medidas na rede pública de ensino de Nova Iorque, em oito anos. O fim da burocracia na gestão das escolas foi uma das receitas do sucesso norte-americano, segundo mostrou ontem o subsecretário de Educação de Nova Iorque, Chris Cerf.

Cerf participou de um debate que reuniu especialistas em educação, em São Paulo. O evento marcou o lançamento da publicação A Reforma Educacional de Nova Iorque: Possibilidades para o Brasil, resultado de uma pesquisa de campo sobre a reforma educacional que vem sendo implantada na rede de ensino da cidade norte-americana desde 2002. O estudo foi realizado por pesquisadores numa parceria entre a Fundação Itaú Social e o Instituto Fernand Braudel e aponta estratégias que deram certo em Nova Iorque, como possibilidades de solução para gestores de educação pública brasileira.

Mais autonomia para as escolas, seleção de diretores capacitados, programa de valorização do magistério – incluindo pagamento de acordo com resultados obtidos – e diversas ações ligadas à redução da burocracia que evolve o funcionamento dos principais sistemas educacionais públicos do mundo. "Não daria para promover uma reforma educacional se continuássemos com critérios políticos para escolhas de diretores. Demos recursos para as escolas e cobramos resultados", diz.

Valorização do professor

Percebendo que havia pouca comunicação entre o gestor público e as escolas, as diretorias regionais ligadas diretamente à administração da secretaria de educação de Nova Iorque foram praticamente extintas. Para atrair mais professores, a solução adotada por Cerf foi de aumentar em 43% os salários. Já a falta de profissionais interessados em atuar no magistério foi resolvida com a busca de estudantes dentro das universidades e de profissionais de outras carreiras interessados em dar aulas.

Para Norman Gall, um dos autores da publicação, vantagens e desvantagens podem ser percebidos tanto nos sistemas da cidade norte-americana, quanto de qualquer cidade ou estado brasileiro. Mas a possibilidade de subir na carreira, como supervisor ou até mesmo diretor, é outro acerto adotado em Nova Iorque, apontado pelo pesquisador. "Os professores brasileiros precisam ser reconhecidos como líderes, suas carreiras são estancadas. É necessário uma nova visão estratégica para esse sistema" diz.

Aceitação do público

O presidente do grupo Abril, Roberto Civita, defendeu que o grande desafio da educação é mostrar para as famílias dos estudantes que a educação brasileira, comparada com outros países, tem os mais baixos desempenhos. De acordo com Civita, uma pesquisa feita pelo grupo mostra que 80% dos pais de alunos estão satisfeitos com o ensino recebido, tanto na rede pública quanto na privada. "As pessoas não estão preocupadas se as crianças estão aprendendo. Temos de que aumentar a insatisfação popular e mostrar que a educação não é boa como pensa a sociedade", diz. Uma das ações do grupo será de informar, por meio de 32 cartilhas direcionadas para os pais de alunos.

Para o subsecretário de Nova Iorque, o sucesso na gestão da educação pública só é possível a partir da responsabilização e cobrança de resultados. "Nos relatórios de desempenho, se uma escola tem notas baixas por dois anos, nós não só mandamos o diretor embora, como fechamos essa escola e construímos outra", diz.

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