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Em 2011, o Enem teve problemas com o vazamento de questões e com a correção da prova de Redação | Felipe Rosa/Gazeta do Povo
Em 2011, o Enem teve problemas com o vazamento de questões e com a correção da prova de Redação| Foto: Felipe Rosa/Gazeta do Povo

Finalidade

Melhoria do ensino fica em segundo plano em aplicação do Enem

O foco no uso do Enem como acesso ao ensino superior não é novidade, mas ofusca um dos principais objetivos do exame: o de melhorar o ensino médio brasileiro. A opinião é do especialista em avaliações educacionais Odilon Carlos Nunes, professor da UFPR. Ele afirma que o governo sempre teve o propósito de substituir progressivamente os vestibulares e que o exame não significou melhoras para a educação. "Discutimos a estreita portinha de acesso [à universidade] em vez de discutir a melhoria da estrutura inteira de ensino. Assim, há riscos de trocarmos seis por meia dúzia e esquecermos que o fim deve ser a aprendizagem e não a avaliação", diz. (AC)

Serviço

Detalhes da prova

As provas do Enem serão aplicadas nos dias 3 e 4 de novembro, a partir das 13 horas, com fechamento dos portões às 12h30. No primeiro dia, serão quatro horas e meia para responder às provas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza. No segundo dia, serão cinco horas e meia para Linguagens, Matemática, Língua Estrangeira e Redação. A previsão é que o gabarito seja divulgado no dia 7 de novembro e o resultado, em 28 de dezembro. Mais informações pelos sites www.enem.inep.gov.br e www.gazetadopovo.com.br/vida-universidade.

Redação

Há mais de três meses, os 5,5 mil corretores de redações do Enem têm sido treinados pelo Inep em todo o Brasil. A partir desta edição, todos os participantes podem ter acesso às redações corrigidas. O edital, no entanto, não prevê a possibilidade de o estudante recorrer da nota recebida. No ano passado, o MEC recebeu 122 pedidos judiciais de revisão da redação.

No próximo fim de semana, 5,8 milhões de estudantes participam do Exame Na­­cional do Ensino Médio (Enem) em 1,6 mil municípios. Hoje, além de ser usado para avaliar a qualidade da última etapa da educação básica, o exame disputa com os vestibulares tradicionais a posição de mecanismo oficial de seleção para o acesso ao ensino superior. Contudo, o Enem ainda precisa de avanços para vencer essa batalha. Para começar, o exame tem de recuperar a sua credibilidade, o que significa evitar novos erros e problemas de logística como os ocorridos nas últimas edições.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu­­cacionais (Inep), responsável pelo exame, tem trabalhado nesse sentido e informou que, para evitar problemas durante a aplicação da prova, estão sendo checados mais de 3,4 mil itens de segurança e logística. As últimas edições foram marcadas por falhas – do vazamento de provas e dados pessoais de inscritos à divulgação de gabaritos com erros, problemas de impressão e transferência às pressas de candidatos de um local de prova para outro.

"Se a metodologia de aplicação [do Enem] se mostrar confiável no sentido de garantir que a logística não vai comprometer prazos e idoneidade do processo, podemos confirmar a tendência de extinguirmos os vestibulares e termos uma avaliação única no Brasil, seguindo tendências internacionais", diz o consultor em gestão educacional Renato Casagrande. No entanto, o vestibular tradicional só deve ser ameaçado quando for quebrada a resistência das universidades em usar o Enem e o uso da nota do exame deixar de ser facultativo.

Hoje, o Enem pode ser usado pelas instituições de ensino superior como primeira fase de seleção, fase única para todas as vagas ou somente para as remanescentes. Todas as 59 universidades federais do país usam o resultado do exame de alguma forma. A seleção na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, por exemplo, é feita pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa exclusivamente a nota do Enem. Já na Universidade Federal do Paraná (UFPR), a nota final dos candidatos é composta por 10% do resultado obtido no exame e 90% do desempenho no vestibular. Além disso, a UFPR destina 529 vagas ao Sisu.

Ainda não

O Enem pode ser uma alternativa interessante ao vestibular, de acordo com Maria Amélia Sabbag Zainko, pró-reitora de Graduação da UFPR, mas não neste momento. "A implementação do Enem foi muito rápida e pouco discutida, o que gerou vários problemas. Algumas correções foram feitas, mas, por enquanto, o Enem ainda deixa a desejar", diz. Para a pró-reitora, o processo seletivo da instituição tem um grande nível de satisfação e modificações não são discutidas no momento. "Temos um vestibular muito bem elaborado e vamos manter os 10% da nota do Enem por força da legislação."

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