A UEPG é referência em uma técnica de criação de cordeiros para o abate| Foto: Josué Teixeira / Gazeta do Povo

UTFPR

Em Pato Branco, o foco é voltado para a agricultura familiar

Com apenas 30 hectares (um décimo da área da fazenda-escola da UEPG), a área experimental da UTFPR, em Pato Branco, destaca-se pelas pesquisas em espaços pequenos e é usada exclusivamente por estudantes de agronomia. "Aproveitamos 100% da área para experimentos. No espaço, temos maquinário, barracões, laboratório e uma área de preservação ambiental que também faz parte das aulas", explica a coordenadora do curso Marlene de Lurdes Ferronato.

Pequenas propriedades rurais que praticam a agricultura familiar e a diversificação de atividades caracterizam a produção agrícola no Sudoeste do Paraná. Há duas décadas, o curso da UTFPR foi criado com foco nesse estilo de cultura, de olho em melhorias para a região. "Geralmente, cada universidade desenvolve uma linha de pesquisa voltada à região em que está inserida", afirma Marlene.

Segundo a coordenadora, na área experimental da UTFPR, destacam-se pesquisas voltadas à integração entre lavoura e pecuária; ao melhoramento vegetal de grãos, como aveia e trigo; ao cultivo de árvores frutíferas de clima temperado, como pêssego, ameixa e uva; ao reflorestamento de eucalipto; ao plantio de pastagem para o gado leiteiro e à análise de árvores nativas.

Demanda

Hoje, o curso tem cerca de 200 alunos de graduação e 70 estudantes nos programas de mestrado e doutorado. Para atender à demanda crescente, a universidade avalia a aquisição de uma área maior para fazer os estudos de campo. "Hoje, 90% dos nossos alunos saem empregados da universidade. A prática é importante porque eles terão de conviver com produtores e, assim, terão mais segurança", afirma Marlene.

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UEM

Com o câmpus dentro de uma fazenda, vivência é mais intensa

Com o câmpus de Umuarama dentro de uma fazenda de 145 hectares, os 174 alunos de agronomia da UEM têm a oportunidade de vivenciar a fundo a área em que pretendem se formar. "Às vezes estamos em aula, queremos mostrar alguma coisa e já vamos para fora ver na prática o que estamos falando", conta a coordenadora do curso Juliana Poletine. Os laboratórios e áreas experimentais são compartilhados com os alunos de Medicina Veterinária, que também têm aulas na fazenda.

Na área vegetal, as pesquisas desenvolvidas no câmpus que merecem destaque são a cultura de oleaginosas, como soja e crambe; a cultura de grãos de inverno, como trigo e canola; o estudo de plantas daninhas e o melhoramento genético de plantas. Além disso, o laboratório de nematologia, que estuda vermes de solo, é referência para o país.

Maringá

A 170 quilômetros dali, os 420 alunos do câmpus Maringá da UEM têm à disposição a fazenda experimental de Iguatemi – uma área de 170 hectares que conta com um setor agrícola e outro zootécnico, usado pelos estudantes de Zootecnia. "Talvez nem todas as disciplinas utilizem a fazenda experimental, mas todos os alunos têm contato com ela durante os anos do curso. A fazenda é um laboratório ao ar livre", afirma o coordenador Telmo Antonio Tonin. O manejo de culturas, o melhoramento genético vegetal, o manejo integrado de pragas e de plantas daninhas estão entre as áreas de pesquisa mais importantes da unidade.

A Fazenda Experimental de Iguatemi fica a 20 quilômetros da UEM, em Maringá
Setor de produção animal do câmpus Umuarama da UEM
O câmpus Umuarama da UEM fica dentro de uma fazenda
Fazenda Experimental de Iguatemi da UEM
A pesquisa com cordeiros é um dos carros chefes na fazenda-escola da UEPG
Detalhe do Laboratório de Análise do Solo da UEPG
Fabrícia Silva Ramos está no 4º ano do curso de Agronomia da UEPG
Isaltino Cordeiro dos Santos é o gerente de operações da área animal da fazenda da UEPG
Jennifer Caroll Valdívia pesquisa plantas daninhas no cultivo do trigo na UEPG
Laboratório de Análise do Solo da UEPG
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Trator na fazenda-escola da UEPG
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No país que ocupa as primeiras colocações em rankings de exportação agrícola do mundo, 233 cursos superiores de Agronomia estão em funcionamento e apenas 19 deles obtiveram conceito máximo na última avaliação do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Quatro estão no interior do Paraná. A qualidade das graduações, avaliada com base na performance dos alunos em provas, é reflexo do conhecimento adquirido durante o curso – aprendizado que depende de professores capacitados e do contato com a prática.

Veja imagens das fazendas.

Nesse aspecto, as fazendas experimentais são primordiais para a formação de quem quer trabalhar no campo. Em um mesmo espaço, elas reúnem áreas de plantio e de criação de animais e laboratórios destinados a diversos tipos de pesquisa em que trabalham e estudam alunos de vários cursos, como Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária e Engenharia de Alimentos.

Os coordenadores dos quatro cursos de Agronomia paranaenses que se destacam entre os melhores do país – câmpus Pato Branco da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e câmpus Umuarama e Maringá da Universidade Estadual de Maringá (UEM) – concordam que o bom desempenho de seus alunos deve-se ao corpo docente qualificado e à vivência nas fazendas-escolas. "A prática é importante para o futuro deles. Quando o aluno vai a campo, ele vai firmar mais o conhecimento teórico que teve na aula. Todo engenheiro agrônomo deve fazer a experimentação", afirma a coordenadora do curso da UTFPR, Marlene de Lurdes Ferronato.

Conhecimento compartilhado com produtores

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Gostar de mexer com a terra, saber trabalhar em equipe e ter paciência e metodologia são características essenciais para quem cursa Agronomia, o que é facilmente percebido ao visitar a fazenda-escola Capão da Onça, da UEPG, nos Campos Gerais. Nos 300 hectares (3 km²) divididos em quadras, centenas de alunos, professores e pesquisadores desenvolvem estudos ligados à agricultura e à pecuária. A distância de oito quilômetros do câmpus não impede que as atividades estejam interligadas.

Em um espaço reservado para o cultivo de trigo e cevada, por exemplo, trabalham estudantes de graduação e pós-graduação. "Cada um de nós desenvolve alguma pesquisa específica. Meu trabalho é sobre as plantas daninhas no cultivo do trigo. O trabalho em equipe é fundamental", afirma Jennifer Caroll Valdívia, aluna do 4.º ano.

Assim como em outras fazendas-escolas, o conhecimento gerado nas pesquisas costuma ser compartilhado com a comunidade local. "Temos todos os tipos de solo e todas as dificuldades que os agricultores da região conhecem bem. Isso nos ajuda bastante", afirma o coordenador Cláudio Puríssimo, que ressalta a interação em campo com os cursos de Ciências Biológicas, Zootecnia e Engenharia de Alimentos como um dos pontos fortes da fazenda.

Referência

O curso de Agronomia da UEPG é o primeiro no Brasil a ensinar o plantio direto na palha, uma técnica iniciada no Paraná na década de 1970. O método reduz a erosão do solo e ajuda na preservação de nutrientes importantes. Na fazenda-escola, a técnica é usada em diversas pesquisas, que avaliam inclusive os efeitos do material orgânico espalhado pelo solo.

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Em outra área – simples e não muito grande –, uma técnica de ponta praticada na criação de cordeiros para o corte é referência para o país. Os estudos começaram há 25 anos e têm o objetivo de criar animais que cheguem ao ponto ideal de abate com apenas 90 dias de vida. "É o chamado Sistema Intensivo de Produção de Cordeiro, que faz com que um animal mais precoce possa chegar ao mercado com boa qualidade e com um custo mais baixo", afirma o gerente de operações da área animal da fazenda, Isaltino Cordeiro dos Santos. "O que não gastamos com grandes estruturas é investido no melhoramento genético das raças e no bem-estar dos animais", complementa.

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