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Não é novidade que as instituições públicas no Brasil falham no ensino do inglês. E uma das causas para esse problema é o perfil dos professores: a maioria deles não tem formação em língua inglesa (61%, de acordo com levantamento do British Council), sendo que grande parte é formada nas graduações de letras-português ou pedagogia, sem fluência no idioma.

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Para minimizar esse problema, a Universidade de Cambridge, em parceria com instituições no Brasil, está oferecendo uma séria de capacitações em universidades. O objetivo é melhorar a habilidade dos docentes universitários para que estes, por sua vez, consigam formar melhor os futuros professores em cursos de graduação. No Paraná, o programa está sendo realizado em parceria com a secretaria do governo do estado responsável por administrar as universidades estaduais, a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

“Apostamos nesse segmento (da educação superior) para que, ao melhorar o preparo dos professores, possamos conseguir depois formar alunos com domínio de inglês comprovado”, afirmou Hugh Moss, consultor especialista em educação internacional de Cambridge English, que esteve no Brasil para participar de um workshop em escolas de educação básica.

No Paraná, acaba de terminar o primeiro projeto-piloto em universidades, que envolveu 14 professores de graduação de diferentes cursos e teve duração de quase um ano. O curso contou com 120 horas de aulas online, foi precedido de um teste de nivelamento e incluiu o ensino de melhores estratégias de ensino em inglês. A iniciativa teve o financiamento do British Council e da Fundação Araucária. A ideia, agora, é expandir essa formação para um contingente maior de pessoas.

“Além de oferecer o projeto em outras universidades estaduais no Paraná, queremos, ao capacitar os professores, aumentar o número de disciplinas ofertadas em língua inglesa dentro das instituições”, explicou Eliane Registro, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp), e uma das responsáveis pelo projeto com a Seti.

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Falta de inglês: pesquisas brasileiras ainda são lidas por poucos

Além de buscar melhorar a formação de docentes que ensinam os futuros professores da educação básica, outro objetivo da parceria com Cambridge é o de fomentar que a pesquisa científica no Brasil, principalmente na área de humanas, seja escrita em inglês. Na área de Educação, por exemplo, 80% das pesquisas brasileiras realizadas não são citadas por nenhum outro pesquisador – e um dos motivos é o fato da produção ser apresentada em português.

“Para que a pesquisa seja mais acessível a um público global é cada vez mais importante que ela esteja disponível em inglês. O mesmo vale para a internacionalização e a colaboração com pesquisadores em outros países”, alerta Hugh Moss.

Luis Paulo Mascarenhas, assessor de relações internacional da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), lamenta que a educação no Brasil ainda esteja “amarrada” à língua portuguesa. “A internacionalização é algo primordial para conseguir recursos, ampliar a rede de contatos, participar de eventos internacionais”, afirma. No caso das universidades estaduais no Paraná, a meta é preparar cada vez mais seus 7,7 mil docentes para os acordos firmados com 46 países diferentes. “No mundo, 95% da ciência é redigida em inglês, por isso é essencial que os nossos professores tenham essa habilidade”, diz.

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No Brasil, o nível de proficiência da língua entre os adultos caiu em 2018 do 41º para o 53º lugar num ranking de 88 países medido pelo EF English Proficiency Index, a mais abrangente classificação mundial nesse sentido. Em 2012, levantamento da British Council mostrou que, naquela época, só 5% da população brasileira sabia falar inglês em nível básico, sendo que apenas 1% era fluente no idioma.

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