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Imagem ilustrativa.| Foto: Pixabay

O fato de que há um problema com a formação de professores no Brasil não é novidade. É possível atestar essa informação ao observar os resultados alcançados pela educação do país em rankings de larga escala. Os números indicam que uma das causas desse cenário é a formação inadequada dos professores.

Outros fatores contribuem para esse quadro, é claro: falta de estrutura, péssimas condições em sala, falta de materiais, indisposição dos alunos e, até mesmo, a "inversão dos papéis" em sala de aula, quando o professor perde a função de protagonista e se reduz a um mero "transmissor" do saber.

Os professores sabem de tudo isso, e eles concordam, em grande maioria, que não têm formação adequada. É o que aponta uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Península. Foram entrevistados cerca de 2 mil professores de todo o país. Desses, 65% acredita que a "formação de professores no Brasil não prepara para a complexidade da sociedade".

Retrato dos 2,2 milhões de educadores que atuam na área, o relatório mostra que mais da metade (60%) dos profissionais são formados em universidades privadas. Do total, 80% possui graduação em Licenciatura ou Magistério; 23% têm formação em Pedagogia e o restante fez "outro curso de curta duração". Pouco mais da metade ingressou na pós-graduação: 56%.

Diante do quadro de capacitação ineficiente, metade dos entrevistados alega não ter tempo ou dinheiro para ingressar em algum curso de aperfeiçoamento. Há também outras justificativas para não se aperfeiçoar: "tenho outras prioridades atualmente", "problemas de saúde", "dificuldade de achar cursos", etc.

Ao mesmo tempo, esses professores, que admitem má formação, têm renda média mensal de R$ 4.820, "o que os coloca como representantes das Classes B2/C1", diz a pesquisa; 21% do total recebem remuneração entre R$ 5.363, 20 e R$ 10.386,52.

Para Carlos Henrique Patrício, professor e gestor da Escola Comandante Amaral Peixoto, em Magé, Rio de Janeiro, uma das causas da má formação é o "aglomerado" de instituições que foram abertas. "Percebo um número enorme de instituições que se abriram para formação de professores. Perdeu-se o controle", defende. "Há muitos lugares não têm estrutura para formação. O que chega para nós hoje, nas escolas, são professores com pouca maturidade na prática".

"O número de professores que estão se formando com pouca base, estrutura, é muito grande. Isso impacta os resultados, o desenvolvimento dos alunos em sala de aula. O professor que se forma mal, forma mal", diz.

Vocação e saúde

Há também a questão da vocação para a profissão. Apenas 43% dos entrevistados pelo Península afirmaram que escolheram a docência por "dom e vocação".

Sobre a perspectiva de carreira, 29% dos professores querem trabalhar até se aposentar; 28% desejam exercer a profissão até o fim da vida; 6%, até conseguirem um melhor emprego e o restante diz que vai trabalhar na educação até "aguentar/tiver saúde/ disposição".

Além disso, problemas de saúde em função da profissão parecem acometer 32% dos docentes analisados. Desses, a principal queixa é "estresse, ansiedade, dificuldade de dormir e depressão".

Ao mesmo tempo, 48% dos entrevistados afirmam se sentir "bem" em sala de aula; 35% se sentem "muito bem" e 14% dos docentes consideram a sensação "regular". Quanto se sentem mal, e esse índice é de apenas 1%, revela a pesquisa, é, em maior parte, por "indisciplina dos alunos/ problemas com as famílias dos alunos/ falta de interesse e desvalorização do professor".

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