• Carregando...

Em 2007, 42% dos analfabetos do país diziam já ter frequentado a escola em algum momento da vida. Em 2006 e 2005, essa parcela era de 40% e e de 38%, respectivamente.

Os dados do Observatório da Equidade que faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) foram apresentados pela especialista em educação de jovens e adultos da Universidade de São Paulos (USP)Maria Clara Di Pierro, durante seminário sobre os dois anos do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).

Na avaliação da professora, isso significa que a escola está produzindo sistematicamente novos analfabetos ou pessoas com sérias limitações. Ela acredita que o Brasil Alfabetizado, principal programa do governo federal para combater o problema, não é suficiente. "Esse problema não pode ser equacionado por ações emergenciais pontuais", disse.

Para o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, André Lázaro, o MEC já tem um excelente mecanismo para trabalhar a questão do analfabetismo escolar: a Prova Brasil, que mostra o desempenho dos alunos na 4ª e na 8ª séries. "Nós já sabemos disso e estamos cuidando, disse.

Ele acrescentou que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, 50 mil jovens de um total de 3 milhões chegaram analfabetos idade de 15 anos. "É muito, mas proporcionalmente já melhorou", afirmou.

Sobre a educação de jovens e adultos, o secretário informou que algumas demandas históricas foram recentemente resolvidas, entre elas a ampliação dos programas de Merenda Escolar edo Livro Didático para essas turmas. Ele destacou que só o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) destina R$ 5 bilhões a essa etapa da educação.

Mas é preciso que os estados invistam esse dinheiro realmente na educação de jovens e adultos, defendeu. Segundo Lázaro, 1,5 milhão de pessoas estão matriculadas hoje nas turmas de alfabetização do programa.

Maria Clara Di Pierro alertou para a falta de formação adequada de professores de alfabetização e o baixo valor das bolsas pagas a esses profissionais. Não me conformo com uma bolsa de R$ 250, está aquém do piso nacional do magistério, disse.

Durante seminário para avaliar avanços e desafios após dois anos do lançamento do PDE, representantes de entidades civis discutiram os principais problemas de acesso e inclusão de pessoas com deficiência na escola, além das especificidades da educação indígena, da baixa escolaridade do campo e a necessidade de políticas raciais afirmativas.

André Lázaro afirmou que o PDE não está completo e não resolve o conjunto de contradições da qual se partiu, mas há avanços visíveis e estamos no caminho certo.

O secretário defendeu maior participação da universidade na solução dos problemas e protagonismo das entidades da sociedade civil para pressionar governos em todas as esferas na implementação das medidas necessárias.

"Se a inteligência do Brasil não se comprometer com essa agenda, a gente não sai do lugar. A formação dos professores não trabalha as questões indígenas e do campo e há uma resistência das universidades. Parece que eles não gostam do país que somos", disse Lázaro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]