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Como desenvolver

A criatividade pode ser aprimorada em qual­quer fase da vida. Confira as dicas:

Na infância

Ajuda

- Brincar com materiais diferentes.

- Ter experiências sensoriais diferentes.

- Ter experiências culturais em passeios, espetáculos e livros diferentes.

- Exercitar a imaginação em brincadeiras e desenhos. Sair da ideia da árvore pintada de marrom e verde, por exemplo.

Atrapalha

- Educação rígida, sem espaço para sanar a curiosidade.

- Não ter os questionamentos respondidos ou espaço para perguntar.

- Ter muitos limites e regras e um aprendizado que não é divertido.

Na vida adulta

Ajuda

- Atividades como palavras cruzadas, sudoku e forca.

- Leituras, idas ao cinema e ao teatro, viagens a locais de culturas diferentes.

- Estudar e escutar música e praticar danças diferentes.

- Fazer cursos que estimulam a criatividade.

Atrapalha:

- Trabalhar em ambientes que não valorizam novas ideias.

- Não valorizar ideias e invenções aparentemente inadequadas.

- Ter uma vida social restrita, convivendo sempre com as mesmas pessoas.

- Limites como questões políticas, econômicas ou sociais.

A criatividade é uma ferramenta importante para o desenvolvimento intelectual e é acessada quando há a dúvida, a curiosidade e a necessidade de se encontrar uma solução para algum problema.

Nos Estados Unidos, pesquisas que procuram avaliar o uso da criatividade por crianças e adultos descobriram que crianças estão menos criativas, sendo a situação mais crítica entre as mais novas. Apesar de não apontarem a causa, os pesquisadores veem na internet e no modelo atual de ensino uma grande contribuição para esse resultado.

Levantar a mão antes de falar, aguardar o final da aula para tirar alguma dúvida, não falar sobre assuntos que fogem do conteúdo do dia, e evitar conversas "paralelas". Quem frequentou a escola já se deparou com regras como essas que, com o propósito de garantir a ordem em sala de aula, acabam limitando nas crianças e adolescentes a curiosidade e a espontaneidade – ferramentas essenciais para o desenvolvimento da criatividade.

Em casa, a história não costuma ser diferente. É fácil encontrar pais torcendo para que a fase dos porquês vá embora e muitos dos questionamentos dos filhos acabam sem resposta. Mas, na hora do: "Deixe de perguntas e vá brincar!", à espera dos pequenos estão a internet, a televisão e o videogame, outros vilões no que se refere ao desenvolvimento da capacidade criativa.

O ambiente é fundamental para o desenvolvimento e prática da criatividade de acordo com a psicóloga Clara Brenner Mindal, professora de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutora em Psicologia da Educação pela Pontifícia Univer­­sidade Católica de São Paulo (PUCSP). "Há sociedades que não permitem experimentações, se­­jam elas religiosas, políticas ou ligadas à arte. Tendemos a ligar a criatividade à arte, mas ela se dá em qualquer área de desenvolvimento humano, inclusive no trabalho da dona de casa, que pode inventar receitas e lidar com o orçamento de forma criativa, por exemplo", diz. A rigidez de pensamento, repetição de padrões, a acomodação e o medo, seja em sala de aula ou no trabalho, de expressar ideias e fazer perguntas são apontados pela psicóloga como inimigos da criatividade. "As pessoas se reprimem por medo de serem motivo de risada ou de fazer um papel ridículo", complementa.

Atividade profissional

Independentemente da área de atuação, as empresas podem contribuir ou cercear a criatividade de seus funcionários. A Pixar, estúdio de animações norte-americano tido como exemplo de inovação tecnológica e artística, é uma das empresas que defende a criatividade coletiva e tem como uma de suas principais preocupações a manutenção de um am­­biente favorável ao desenvolvimento do pensamento criativo. Há alguns anos, em uma entrevista, um dos fundadores da Pixar, Ed Catmull, revelou que a filosofia da empresa era buscar indivíduos criativos, apostar neles, dar enorme liberdade e apoio e criar um ambiente no qual possam receber um feedback honesto de todos na empresa.

Mas, de uma forma geral, as pessoas mais criativas não costumam passar nas entrevistas de emprego de grandes empresas conservadoras, segundo o empresário e professor da FAE Businnes School Ruy Sant’Ana, doutor em Filosofia e Ph.D. em Engenharia pela Colorado State University. "Contudo, mais tarde, as empresas vão atrás das pessoas criativas em busca de soluções inovadoras para os problemas que aparecem", diz.

Sant’Ana explica que cada pessoa deve descobrir de que forma a sua criatividade se manifesta e então investir nisso. "A criatividade é uma palavra que associamos a coisas boas, e ela pode tornar o mundo melhor. Amar e criar são as coisas mais importantes da vida segundo a Filosofia e eu gosto desse conceito, pois tem tudo a ver com o progresso da humanidade e com a felicidade das pessoas", diz.

É mesmo necessária?

Assim como perdemos o olfato superapurado com o passar dos séculos, a criatividade também pode estar diminuindo pela lei do uso e desuso. A suposição é do psicólogo e mestre em Educação Naim Akel Filho, professor dos cursos de Neurociência da PUCPR. Como o cérebro humano é econômico do ponto de vista da neurociência, acaba poupando energia. "As novas ferramentas de produção e conhecimento estão dispensando o investimento na área da criatividade. Nós deixamos de usar a criatividade e deixamos a energia para outras coisas. Ninguém sabe que outras coisas são essas, ou se as próximas gerações vão ser melhores ou encontrarão mais dificuldades que as anteriores. Mas a mudança está acontecendo."

Sobre as pesquisas norte-americanas que revelam a diminuição da criatividade em crianças, Akel Filho não vê motivos para preocupação. "As estruturas cerebrais mudam, temos áreas funcionais ampliadas ou diminuídas dependendo das experiências. De repente, parte da criatividade, que está diminuindo, não está acabando, vai ser substituída por outra coisa muito melhor. As crianças que estão vindo aí são diferentes. Elas não têm que inventar uma brincadeira, elas baixam um joguinho. Se eu e alguém dessa geração ficarmos perdidos em uma selva, possivelmente eu teria mais chance de sobreviver. Mas qual é a probabilidade de ficarmos perdidos em uma selva? Nem temos mais selvas", afirma.

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