A UTFPR, que tem o melhor ensino médio do Paraná, oferece 18 cursos técnicos em seus 11 câmpus no estado| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Caderno Vestibular: eles passaram no ProUni, mas não ganharam a bolsa

Candidatos perderam o benefício do programa porque não houve formação de turma no curso em que foram aprovados. Apesar de o edital do MEC prever essa possibilidade, estudantes questionam as regras

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Análise

Inep pede cautela com os resultados

De acordo com o Inep, os resultados do Enem devem ser olhados com cautela, pois a participação dos estudantes é voluntária e, com a nova metodologia empregada, não há correção de participação. Uma das observações feitas pelos técnicos é que a nota média pode ser pouco representativa no conjunto do total de estudantes de cada escola. "Mesmo para as escolas com altas taxas de participação, a amostra dos alunos de cada instituição pode não representar o desempenho médio que a escola obteria caso todos os alunos participassem", informa a nota técnica.

Segundo o presidente do Inep, Joaquim José Neto, apesar de a correção de participação ter sido retirada, os dados sobre matrículas e números de participantes de cada instituição foram mantidos e não trazem prejuízos na divulgação dos resultados. "A divulgação do resultado do Enem por escola oferece informação para a sociedade para que ela possa fazer análise da qualidade da educação oferecida pelas instituições", afirma Neto.

De acordo com a doutora em Educação e superintendente executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engel, o ensino médio precisa de uma avaliação que seja obrigatória a todas as escolas, pois os resultados seriam fidedignos. Ela ressalta que só a partir deste ano os resultados de cada exame poderão ser comparáveis, pois as provas passaram a seguir uma mesma sistemática. "O Enem não pode ser comparável por escolas porque algumas particulares colocam seus melhores alunos para fazer o exame", diz. Para Wanda, além das avaliações, o governo precisa promover um plano para a gestão de resultados, prevendo inclusive um aumento direcionado de recursos. "Os candidatos nas próximas eleições precisam apresentar um plano emergencial para o ensino médio, que é o gargalo da educação brasileira", ressalta.

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Das dez escolas brasileiras onde os seus estudantes obtiveram os melhores desempenhos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2009, nove são particulares e uma é federal. Nas primeiras posições do ranking estadual também predominam as instituições públicas: são sete escolas particulares e três federais. A mesma proporção é observada entre as dez primeiras colocadas de Curitiba.Os resultados do Enem por escola de 2009 serão divulgados hoje pelo Instituto de Pes­­qui­­sas Educacionais Anísio Tei­xei­ra (Inep), do Ministério da Educação (MEC). O ensino mé­­dio da Uni­­versidade Tecnológica Fe­­deral do Paraná (UTFPR) é o me­­lhor do estado, se considerada a re­­de pública e a privada. No país, na lista das melhores escolas da rede pública, a UTFPR ocupa a terceira posição.

No ranking paranaense, os co­­légios da rede estadual só aparecem na 42.ª colocação. O desempenho é melhor do que o obtido em 2008, quando a rede estadual só aparecia na 59.ª posição. O Colégio Estadual Maria Cintra de Al­­cân­­tara, de Tamarana, Norte do estado, foi o que obteve a maior média da rede estadual, 624,77.

Também são da rede estadual as 58 escolas do país, de um total de 27.253, que obtiveram médias abai­­xo de 400. A nota é considerada como parâmetro para certificar estudantes que não concluíram o ensino médio em idade regular.

Novo Enem

O Enem existe desde 1998 e tem o objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes ao fim da escolaridade básica. Foi reformulado no ano passado e passou a servir como forma de seleção para as principais universidades federais do país. A mudança foi marcada por problemas, como o roubo da prova, que fez com que a data do exame fosse adiada e batesse o recorde de desistência. De 4,1 milhões de inscritos, só 2,5 milhões fizeram as provas.

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A mudança foi pautada na promessa de alteração do currículo do ensino médio a partir do novo formato do Enem, o que, na opinião de alguns educadores, não está se concretizando. O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou para a Gazeta do Povo, em abril deste ano, que o novo Enem democratizaria o acesso ao ensino superior e mudaria o currículo do ensino médio, que é pautado pelo excesso de conteúdo. "O vestibular no Bra­­sil é cota para a população mais abastada", disse. Porém são os estudantes das escolas públicas que continuam a apresentar os piores desempenhos.

Na análise do vice-presidente do Sindicato das Escolas Particula­res (Sinepe) do Paraná, Jacir Ven­­turi, o MEC está perdendo a chance de promover a unificação de um currículo nacional para o ensino mé­­dio. "A rede particular já fez uma série de indicações para retirar o ex­­cesso de conteúdo, princi­pal­men­­­te os que não têm nada a ver com a realidade dos jovens. Até agora não recebemos resposta."

Na opinião do professor de curso pré-vestibular Marlus Geronas­so, que apresenta o programa de televisão Eureka, os resultados do Enem há mais de dez anos mostram que é preciso mudar o ensino médio pú­­blico brasileiro. "Será que não se per­­cebe que dá para aprender com as experiências bem sucedidas da rede privada e federal?", questiona.

A Secretária de Estado da Edu­ca­­­ção e presidente do Conselho Nacional dos Secretários em Edu­cação (Consed), Yvelise Arco-Verde, foi procurada pela reportagem para comentar os resultados da rede estadual de ensino. Sua assessoria de imprensa informou que ela só irá se pronunciar hoje, após a divulgação oficial dos dados.

UTFPR volta com o ensino integrado

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O bom resultado da Univer­si­da­­de Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2009 marca o retorno da oferta de ensino médio integrado ao profissionalizante na instituição.

O tradicional ex-Cefet, referência em ensino técnico e pro­fis­sionalizante desde 1975, formou as últimas turmas só de en­­sino médio em 2007 e no ano passado seus alunos não participaram da avaliação. Desde 1997, um decreto do governo federal proibiu a oferta do ensino médio integrado ao técnico no país.

A decisão só foi revogada em 2006, quando a instituição, já com o título de universidade, vol­­tou a oferecer as modalidades integradas. Atualmente, a UTFPR oferece 18 cursos técnicos, nos 11 câmpus existentes no estado.

De acordo com o diretor de educação profissional da escola, Ricardo Karvat, as turmas do ano passado foram as primeiras a se formarem nesse novo formato. "Tínhamos uma expectativa para saber se o modelo integrado daria certo. O resultado mostra que apesar de termos incluído as disciplinas do técnico, não se perdeu a qualidade de ensino das disciplinas do regular", afirma.

Karvat ressalta que a possibilidade de os estudantes estarem em um ambiente universitário con­­tribui ainda mais para a sua formação. "Muitos professores do ensino médio são doutores e também dão aulas na graduação e pós-graduação", diz. Em Curi­tiba, são oferecidos quatro cursos técnicos integrados ao ensino médio, com duração de quatro anos, um a mais que o ensino mé­­dio regular.

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