De cada dez crianças e adolescentes brasileiros, pelo menos um tem sintomas de transtornos mentais. Muitas vezes são problemas simples, mas que se não forem tratados, podem comprometer seu futuro.

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A costureira Luciana Alkmin tem filhos gêmeos e sempre era chamada na escola. "Diziam que eles não tinham concentração nenhuma", ela conta.

É o mesmo comportamento do filho do contador Wendell Oliveira. "Eu pressionava muito meu filho, brigava muito com ele porque achava que erra preguiça, que ele realmente não estava querendo estudar", lembra.

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O diagnostico para os três casos foi hiperatividade e déficit de atenção. Depois de iniciar o tratamento, Luciana diz que tudo mudou: "As professoras já estão toda hora com elogio para cima deles".

Transtornos mentais em crianças e adolescentes são mais comuns do que se imagina. A psiquiatra Tatyana Moya coordenou uma pesquisa com 2 mil pais de jovens de 6 a 17 anos e constatou que 12,6% dos entrevistados já tinham procurado ajuda médica porque seus filhos apresentavam sintomas de distúrbios mentais. Isso significa que cinco milhões de crianças e adolescentes brasileiros podem ter problemas desse tipo.

Os sintomas mais comuns são:

- hiperatividade e desatenção (8,7% das crianças);

- dificuldade com leitura, escrita e contas(7,8%);

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- desafio às ordens dos pais (6,7%);

- ansiedade (5,9%);

- tristeza e choro excessivo (4,2%).

"O que a gente utiliza para diferenciar se está dentro da normalidade ou se é algo patológico é o quanto isso atrapalha a vida da criança na escola, na interação com amigos e na família", explica Tatyana.

Esse tipo de comportamento também pode ser sintoma de depressão. "Não é só o isolamento social, retirada da vida social da criança; é choro, desânimo, queda do rendimento escolar, perda do prazer com as coisas", diz Tatyana. "Já tive um paciente que falou para mim: ‘nem fico mais alegre quando eu ganho um brinquedo, a verdade é que eu não sinto nada’".

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Quando isso acontece, é hora de procurar ajuda médica e também de reforçar os cuidados em casa. Foi assim que Wendell venceu a dificuldade que tinha com o filho: "Os filhos são o maior bem que a gente tem, e às vezes a gente fica naquela correria do trabalho e não vê sua importância. Dar atenção à família faz parte da construção do caráter dos filhos".