Luiz Felipe Lins: muito produzido a partir do pouco| Foto: Reprodução/ Facebook

Caixas de papelão, canetinha e celular são as principais ferramentas de trabalho do professor Luiz Felipe Lins.

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Ele transformou a Escola Municipal Francis Hime, na periferia do Rio de Janeiro, em uma das instituições públicas mais premiadas do Brasil nas olimpíadas de matemática. A fórmula? Fazer o que considera mais elementar: transformar os números em algo que faça sentido na vida das crianças e dos adolescentes. 

Para ensinar matemática a alunos a partir do 6º ano do Ensino Fundamental, Lins utiliza papelão e canetas para criar jogos, como memória e dominó. Os alunos ainda precisam decifrar enigmas propostos, escrever um texto sobre como se chegou ao resultado e registrar todo o processo em vídeo para compartilhar com os colegas. O objetivo, segundo o professor, é desenvolver habilidades que estão além da matemática, como expressão escrita e verbal e trabalho em equipe.  

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As caixas de papel também ganham forma de maquete para representar a área da casa que planejam construir. Os estudantes fazem os cálculos do material para a obra e vão até o comércio pegar orçamento de quanto dinheiro precisam para concluir a construção. A obra fica apenas na teoria, mas os adolescentes aprendem na prática conceitos de área, perímetro, razão e proporção.  

“A matemática que aprendi na escola e que aprendem até hoje traumatiza, porque prioriza a fórmula, e não dá a menor importância para o raciocínio lógico, para as estratégias de resolução. Decidi que faria diferente: ensinar uma matemática conectada com a realidade, que faz sentido para as crianças “, diz o educador de 45 anos, 22 deles no magistério.

Quase 200 medalhas 10 anos 

 Com uma proposta que evita a decoreba e prioriza o ensino por meio da resolução de problemas, o professor chegou a resultados importantes. Segundo o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), a Escola Municipal Francis Hime conquistou 197 medalhas em competições de matemática nos últimos 10 anos.

Na semana passada, no 14º Congresso do Ensino Privado Gaúcho, Luiz Felipe disse aos mais de 2 mil educadores presentes no que não ensina para as provas, mas para a vida: “Não mudei a metodologia para que meus alunos fossem campeões nas olimpíadas. Eles se tornaram campeões a partir do momento em que a matemática ganhou novo significado na vida deles”, afirma o professor.

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E não são apenas as competições que evidenciam o sucesso do método adotado na escola carioca. Os resultados da Prova Brasil de 2015, avaliação do governo federal, mostram que metade dos alunos do colégio saem do Ensino Fundamental com aprendizado considerado adequado. Pode até parecer pouco, mas é uma grande façanha diante da realidade do ensino público. Em todo o Brasil, apenas 14% dos estudantes sabem fazer contas simples ao concluir o 9º ano do Ensino Fundamental.

Luiz Felipe ainda quer mais. “Quero construir o alicerce para o futuro das crianças. E mais do que o aprendizado de uma disciplina, isso representa a formação de um cidadão preparado para o futuro, que sabe otimizar o tempo, que consegue raciocinar, que se expressa bem”, diz.