São Paulo - "Era muito sofrimento", resume a ex-professora Rita Rodrigues, que após 9 anos dando aulas de artes nas redes estadual e municipal de São Paulo decidiu mudar de carreira no ano passado. Ela abriu mão da estabilidade de dois concursos públicos para se tornar autônoma – aos 28 anos, faz consultoria de harmonização de ambientes com base na técnica chinesa do Feng Shui. "Foi triste largar. A gente se sente bem quando dá uma boa aula, mas não tinha condições de trabalho."

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Rita entrou na rede estadual quando ainda era estudante. "Tinha 18 anos e estava na faculdade, mas como faltava professor eles aceitavam", conta. Ao se formar, passou em dois concursos. Duran­te seu período de magistério, atuou em todas as séries do ensino fundamental e médio de escolas de várias regiões da capital paulista.

Segundo ela, as condições de trabalho sempre foram difíceis. "Nunca tinha material, precisava tirar do meu bolso para comprar algumas coisas e fazer um bom trabalho. Depois ainda via os políticos na tevê dizendo que tudo estava uma maravilha", reclama. O baixo salário e a desvalorização da carreira por parte da sociedade também pesaram na decisão. "Par­ti­­cipei de três greves. Mas a gente passa maus bocados e ainda é visto pela sociedade como vagabundo."

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Rita diz que, com o tempo, começou a ficar desanimada e até depressiva. "Era comum chegar em casa e chorar, estava sempre estressada. Quem trabalha de verdade se desgasta, fica doente." Segundo ela, vários colegas também estão desistindo. "Admiro quem consegue se manter dando aulas. Para mim, são mártires."

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