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Alunas de Pedagogia fazem atividade com estudantes da rede pública em Maringá | Paulo Matias/Gazeta do Povo
Alunas de Pedagogia fazem atividade com estudantes da rede pública em Maringá| Foto: Paulo Matias/Gazeta do Povo

Teoria e prática

Atividades desenvolvidas em sala de aula viram experiência profissional

Depois de se dedicar por três anos ao Pibid, Cicília Rodrigues Monteiro, 24 anos, estudante de Pedagogia, deixou as salas de aula direto para o Mestrado em Educação, pela UEM. Ela conta que decidiu participar do programa no fim do primeiro ano do curso porque não se sentia dentro do universo pedagógico apenas com os livros.

Ao aliar teoria e prática, até mesmo os textos mais complexos passaram a ter significado no momento de elaborar uma atividade para os alunos. "Pode até parecer clichê, mas minha trajetória na universidade foi desenhada a partir do Pibid", avalia.

Das histórias a serem contadas da época, Cicília se lembra de uma bem simples, mas que a fez refletir. Em uma das aulas de contação de histórias para estudantes do ensino fundamental na Escola Municipal Benedita Natália Lima, no bairro Santa Felicidade, um dos mais carentes de Maringá, o livro escolhido narrava a história de um bolinho de chocolate e sua família. Para deixar a aula mais "doce", ela levou ingredientes e ensinou as crianças a fazerem um cupcake.

"Muitas nem sabiam o que era um cupcake. Outras só tinham conhecimento pela tevê. Tive uma alegria muito grande em levar o sabor da novidade para muitas delas", conta Cicília.

Marcela Pires Ramalho, 21 anos, que cursa o terceiro ano de Pedagogia, participa do programa há um ano e meio. Ela explica que não vai sentir tanto medo de encarar uma sala de aula depois que estiver formada. Além disso, ela diz que o programa a ajudou até na organização pessoal. "Ter que respeitar um cronograma, uma visão metodológica para que a criança possa entender qual o momento de brincar e o momento de fazer a tarefa. Isso acaba nos mudando e nos tornando mais organizados até dentro de casa", conclui.

De dentro da mochila, o tímido Bernardo Leite e Silva, 13 anos, retira um bloquinho já quase todo tomado por palavras. No papel, o estudante da 7.ª série de uma escola pública de Maringá, Noroeste do Paraná, imprime com a própria letra a arte de poetizar. Vocação descoberta há um ano, durante as aulas de poesia dadas pelas universitárias de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que participam do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid).

O programa leva universitários de licenciatura para dentro das salas de aula do ensino fundamental e médio para aplicarem ações pedagógicas, que estimulam a relação de trabalho colaborativo entre a universidade e as escolas públicas estaduais. Como resultado, explica a coordenadora do Pibid Pedagogia da UEM, Maria Angélica Olivo Francisco Lucas, existe a troca de conhecimento e descobertas entre eles.

Além de cruzar teoria e prática das atividades docentes, fortalecendo a iniciação profissional, existe, segundo ela, o estímulo para novas práticas de aprendizado aos alunos, assim como aconteceu com Bernardo, que descobriu a poesia sendo estimulado a ouvir e a escrever durante as oficinas de português. As ações do programa, conta a coordenadora, englobam desde o conhecimento de atuação na rede pública de ensino até o prazer em ser professor e ver reconhecido o trabalho na evolução dos alunos.

Segurança

"Os futuros professores vão para o mercado de trabalho com mais segurança, sabendo das dificuldades. Estando inseridos no contexto da escola pública, encaram o trabalho com mais seriedade. Em contrapartida, temos um nível maior de letramento dos alunos das escolas parceiras, estimulando-os a aprender a ler e a escrever e aperfeiçoando essas habilidades", diz.

O coordenador do programa no Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM (CAP), Chrystian Ronaldo Silva, pontua que a dinâmica do colégio mudou depois da implantação do programa há quatro anos. "Os universitários levam produção científica aos alunos, complementam e estimulam de maneira até lúdica aquilo que o professor aplica no dia a dia."

"A gente aprendeu sobre poesia nas aulas, mas nunca saímos para sentar embaixo de uma árvore e ler os poetas. Nunca havíamos criado as nossas próprias [poesias]. Fizemos isso e fiquei curioso para escrever também", completa o poeta Bernardo, do alto de seus 13 anos.

Pibid

O Pibid foi criado em 2007 pelo Ministério da Educação, em parceria com a Secretaria de Educação Superior da Coordenação e Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes), com o objetivo de melhorar a formação de professores para a educação básica. A ideia é elevar a qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores na rede estadual de ensino.

Para tanto, estudantes de licenciatura plena das instituições federais e estaduais de educação superior foram para as salas de aula do ensino público para vivenciar programas didático-pedagógicas sob orientação de um docente e de um professor da escola.

De acordo com o Ministério da Educação, a principal proposta está no "incentivo à carreira do magistério nas áreas da educação básica com maior carência de professores com formação específica: pedagogia, ciência e matemática de quinta a oitava séries do ensino fundamental, além de física, química, biologia e matemática para o ensino médio".

No Paraná, as sete instituições públicas de Ensino Superior fazem parte do programa, atendendo cerca de 200 escolas da rede municipal e estadual conforme a Secretaria de Educação.

Os coordenadores de áreas do conhecimento recebem bolsas mensais de R$ 1,2 mil. Os alunos dos cursos de licenciatura têm direito a bolsa de R$ 350 e os supervisores - professores das disciplinas nas escolas onde os estudantes universitários vão estagiar -, recebem bolsa de R$ 600 por mês.

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