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Paulo Kasnodzei saiu do Paraná para estudar Engenharia Aeronáutica na USP e não se arrepende: agora está de olho em uma vaga na Embraer | Antônio More / Gazeta do Povo
Paulo Kasnodzei saiu do Paraná para estudar Engenharia Aeronáutica na USP e não se arrepende: agora está de olho em uma vaga na Embraer| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo
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O desafio de morar longe da família

Arquivo pessoal

Juliana Landolfi Maia, ex-aluna do Colégio Militar de Curitiba, conquistou uma vaga na Unicamp e hoje é mestranda em Ciências da Nutrição e do Esporte

Quem tem família no Paraná e descobre que conseguiu uma vaga em uma universidade de ponta, mas fora do estado, precisa encarar as consequências do sucesso, que às vezes são dolorosas.

Juliana Lindolfi Maia (foto), por exemplo, conta que quando foi conhecer com a mãe o campus da Unicamp onde estudaria, a despedida foi emocionante. "Lembro de minha mãe dizendo que só de ver o brilho nos meus olhos já valia todo esforço. Isso ajudou a encarar a saudade, mas cortar o cordão umbilical não foi fácil."

Ela diz que 60% dos estudantes da universidade vêm de outros estados e que o serviço de atendimento aos recém-chegados é eficiente. Inclui auxílios referentes à moradia, alimentação, transporte, além de outras formas de integrar o calouro (ou "bixo", como se diz em São Paulo) à comunidade acadêmica e à própria cidade.

Paulo Kasnodzei também não pôde reclamar da hospitalidade em São Carlos. "Como é uma cidade universitária, quando a gente chega todo mundo oferece vaga em república ou quarto pra dividir". Kasnodzei também comenta sobre o "Kit Bixo", um conjunto de materiais úteis a calouros que é vendido na USP.

Quando chegou a hora de o paranaense Paulo Kasnodzei decidir o curso e a faculdade onde estudaria, ele fez uma opção arriscada. Escolheu Engenharia Aeronáutica, um curso raro, disponível em poucas instituições, e não podia ser em qualquer universidade. Ele queria a melhor do continente. O sonho de estudar na Universidade de São Paulo (USP) se concretizou em 2011 e o estudante admite sem constrangimentos que ficou comovido com a conquista. "Eu mal acreditava que estava estudando ali".

Atualmente há 429 paranaenses na USP. Em 2012, a instituição foi indicada pelo grupo britânico QS, especializado em rankings educacionais, como a melhor universidade da América Latina. Esse prestígio tem grande poder de influência sobre os alunos que não se contentam com a instituição mais próxima ou a melhor de sua cidade. Ao mesmo tempo, há motivos mais práticos para querer ingressar numa instituição de ponta.

Pesquisa e mercado

"A USP tem uma verba absurda, equipamento é o que não falta", diz Kasnodzei. Ele estuda no campus de São Carlos, onde os alunos contam com duas aeronaves reais para estudar e até desmontar. O incentivo à iniciação científica é contínuo, e a participação em pelo menos um dos vários programas que fornecem bolsa chega a ser regra, não exceção.

A proximidade com as grandes companhias também é maior. Kasnodzei está de olho na Embraer, a gigante brasileira construtora de aviões que todos os anos sai à caça de talentos. E o contato da empresa com a USP vai além da mera oferta de estágios. No ano passado, a indústria ajudou a financiar a construção do Centro de Engenharia de Conforto, dentro da Escola Politécnica, na capital paulista, um espaço dedicado à pesquisa sobre a comodidade no interior de aeronaves. Toda essa parceria com indústrias milionárias concede aos estudantes da USP chances reais de um futuro próspero.

Sonho

A mestranda em Ciências da Nutrição e do Esporte na Unicamp Juliana Landolfi Maia é outro exemplo de quem definiu o objetivo desde cedo e o perseguiu com persistência. Aluna do Colégio Militar de Curitiba durante toda a educação básica, ela cresceu ouvindo os professores falarem sobre as vantagens de se estudar nas melhores universidades.

Determinada em estudar Educação Física na Unicamp, ela chegou a viajar até Campinas três anos antes de prestar vestibular. "Fiquei encantada com a estrutura que teria quando fosse aluna", conta. Para ela, a instituição sustenta com perfeição os pilares da pesquisa, ensino e extensão, que regem toda universidade.

Outro diferencial que atraiu Juliana foram os serviços de assistência estudantil. Ela salienta as inúmeras possibilidades de acesso a conhecimentos extracurriculares, incluindo o ensino de idiomas, sem custo algum. Em pelo menos três rankings universitários (Times Higher Education, QS, e Ranking Universitário da Folha) a Unicamp desponta como a segunda melhor do país, atrás apenas da USP. Há 562 estudantes que saíram do Paraná para estudar na instituição. No último vestibular, 22 paranaenses foram aprovados.

Sonhos exigem preparação de qualidade

Os professores de cursos preparatórios conhecem bem o perfil de quem quer passar nas melhores universidades do país, como USP, Unicamp e outras instituições de ponta. Quando encaram o desafio com seriedade, esses alunos dispensam o intervalo para tirar dúvidas sobre exercícios mais complexos e costumam pedir atenção especial aos professores com hora marcada para não deixar nenhuma brecha ao erro.

"São alunos excelentes que sempre querem algo a mais, buscam mais profundidade em tudo o que estudam", diz o professor Renato Ribas Vaz, diretor do curso Positivo. Segundo ele, uma média de cem alunos por ano partem de Curitiba em comboio para tentar a Fuvest, fundação que organiza o processo seletivo de acesso à USP e à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Para o professor Eliomar Rodrigues Pereira, do curso Dom Bosco, a diferença desses vestibulares em relação ao da Universidade Federal do Paraná (UFPR) não está tanto na dificuldade das questões, mas sim na qualidade da concorrência. "Uma coisa é um bom aluno disputar contra trinta que não estudam o suficiente; outra coisa é enfrentar trinta ótimos alunos que vêm de todo o país e estudam muito".

Segundo Pereira, outra característica típica dos estudantes que se preparam para encarar o vestibular da USP, Unicamp ou ITA é a esperança de fazer pós-graduação ou cursos de extensão fora do Brasil. "Ele falam numa possível ida para a Europa ou Estados Unidos depois da graduação, para fazer mestrado e doutorado". Segundo o professor, o reconhecimento internacional dessas instituições costuma facilitar o acesso de brasileiros que se destacam.

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