| Foto: Angélica Batista / Arte
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Informações

Como cada acordo tem suas particularidades, a melhor forma de participar de um desses programas de mobilidade acadêmica é procurar pelo departamento da instituição que cuida desses processos, geralmente chamado de Assessoria de Relações Internacionais. É importante saber que nem sempre são previstas bolsas de estudo nos acordos. Nesses casos é preciso recorrer a alternativas, como os financiamentos oferecidos por fundações, bancos ou pelo poder público.

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Há muito tempo, universidades de todo o mundo buscam umas às outras para firmar convênios que facilitem o trânsito de sua comunidade acadêmica a outros países. Trata-se de um processo no qual todos os envolvidos saem ganhando. O aluno, pelas muitas experiências que pode viver; os professores, pela possibilidade de aprofundar pesquisas de um modo que jamais seria possível no país de origem; e as instituições, que aumentam seu prestígio pegando carona no sucesso dos intercambistas.

Apesar de todo o destaque dado ao programa federal Ciência sem Fronteiras, o que mais chama a atenção na nova iniciativa é o volume de investimento público – não a prática em si. A cooperação internacional entre instituições de ensino superior é comum, especialmente nos níveis de titulação posteriores à graduação. "Não existe universidade sem internacionalização. Para quem quer um doutorado, a experiência no exterior é entendida como uma obrigação", afirma o professor Manuel Simões, assessor de Relações Internacionais da Universidade Estadual de Londrina. A instituição mantém acordos bilaterais com 48 universidades de 17 países.

Em geral, esses convênios começam a partir de contatos feitos pelos próprios professores ou alunos – interessados por um curso ou área de pesquisa presentes em determinada universidade. Para facilitar a recepção do intercambista, a instituição de origem propõe um acordo de reciprocidade e se coloca à disposição para receber estudantes ou professores da instituição de destino.

Outra forma de garantir a parceria é a visita oficial de representantes de uma universidade a outra com o objetivo definido de estabelecer a cooperação acadêmica. Naturalmente, instituições de renome internacional ou bem posicionadas em rankings do ensino superior recebem mais propostas de cooperação do que aquelas conhecidas apenas regionalmente.

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Idioma

O idioma é um dos aspectos que mais estimula a criação de acordos. Embora não haja dados oficiais, o número de convênios firmados entre instituições brasileiras e portuguesas é enorme. Das nove instituições consultadas pela reportagem, acordos firmados com universidades de Portugal são comuns a todas. A facilidade de comunicação parece ser fator determinante na aproximação das comunidades acadêmicas.

O Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba), por exemplo, mantém convênios com as universidades de Lisboa, Coimbra, Lusíada, entre outras. Nas Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), com parcerias com 20 instituições estrangeiras, os países ibéricos também centralizam a maior parte dos convênios.

Profissionalizante

Outra modalidade de acordo internacional são os intercâmbios profissionalizantes, nos quais o estudante não viaja para pesquisar ou dar continuidade à graduação, mas sim para fazer estágio. "Se um espanhol, por exemplo, quer fazer estágio na Renault do Brasil, ele pode, desde que o processo seja intermediado por uma instituição de ensino", explica Wanda Camargo, presidente da comissão de processo seletivo da UniBrasil, que trabalha com esse tipo de mediação.

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América Latina está atrasada com acordos

A gestão de escritórios internacionais, a mobilidade estudantil e a internacionalização dos currículos e da pesquisa foram alguns dos temas discutidos, em abril, no Congresso América sobre Educação Internacional, conferência que reuniu educadores e representantes de relações internacionais de várias instituições de ensino superior no Rio de Janeiro.

Uma das conclusões do evento apontou que o nível de integração entre universidades da América Latina encontra-se atrasado quando comparado com a mobilidade acadêmica existente com países desenvolvidos. Na prática, é mais fácil um estudante ir para a Europa do que fazer intercâmbio em instituições dos países vizinhos.

Segundo análises feitas pelo Instituto Internacional para Educação Superior da América Latina e Caribe (Iesalc), os motivos são a falta de investimento em educação, o crescimento descontrolado de instituições particulares de baixa qualidade, regras muito distintas entre um país e outro e as más posições das universidades em rankings mundiais.

Erasmus

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Exemplo de programa de mobilidade acadêmica bem sucedido, o Erasmus, da União Europeia, funciona desde 1987. Trata-se de uma iniciativa de apoio interuniversitário que visa a mobilidade de estudantes e docentes entre estados membros ou associados ao bloco. "Nesse programa, um aluno da Polônia, por exemplo, pode estudar um ano em Portugal e, quando voltar à universidade polonesa, revalida automaticamente [as disciplinas cursadas]", explica o professor Mauro Seraphin, supervisor do Núcleo de Relações Internacionais do Unicuritiba.

Você participou de algum intercâmbio acadêmico? Qual a importância dele para a sua formação? Deixe sua opinião!