Para a professora Myrian Del Vecchio, da UFPR, o livro-reportagem é o TCC mais difícil de ser produzido.| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

33% dos produtos

apresentados como TCC na UFPR entre 2000 e 2011 eram livros-reportagem. É o modelo mais escolhido pelos estudantes, ficando na frente de revistas, jornais, sites, vídeos e programas de rádio.

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INTERATIVIDADE E você?

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De olho no desenvolvimento de habilidades jornalísticas e na formação, é crescente o número de alunos de Jornalismo que optam por escrever um livro-reportagem como trabalho de conclusão de curso (TCC). Exceto quando é resultado de uma coletânea de reportagens, esse tipo de produto se distancia do jornalismo factual, pois tem um texto mais solto e literário. Mesmo assim, é um grande exercício de jornalismo, pois une técnicas de apuração e entrevista e os entrevistados tornam-se personagens de uma história que deve cativar o leitor.

Por mais que exija bastante esforço, o livro-reportagem tem ganhado a preferência dos alunos entre monografias e outros produtos, conta Marcio Fernandes, professor de Comunicação da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e jurado do concurso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Fernandes lembra que a mostra nacional do prêmio reúne quase 2 mil trabalhos desse tipo anualmente. "A essência do jornalismo é a reportagem e a segunda essência é o jornalismo literário. O livro-reportagem trabalha com esse tipo de texto que dá prazer de ler", diz.

Perfil

Orientadora de diversos TCCs de Jornalismo, a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Myrian Del Vecchio comenta que, entre todos os produtos que podem ser produzidos no fim da faculdade de Jornalismo, o livro-reportagem é o mais difícil. Ela menciona a própria densidade de uma grande reportagem, que precisa ao mesmo tempo ser investigativa e ter viés literário. "Deve ser escolhido por um aluno que tenha essa facilidade no próprio texto, que tenha estilo, além de ser excelente repórter e pesquisador", conta.

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Já Edvaldo Lima, autor de dois livros sobre jornalismo literário e diretor da pós-graduação em Jornalismo Literário da Faculdade Vicentina de Curitiba, não acredita que haja um perfil específico para ter sucesso nesse tipo de TCC. "Qualquer um que queira experimentar escrever de forma mais intensa, profunda e humanizada pode fazer", diz. Lima recomenda a aventura, lembrando que a universidade é uma oportunidade de o estudante correr riscos e aprender. "O TCC é parte do processo de aprendizagem e o caráter pedagógico vai sendo desenvolvido durante a produção", diz.

Para buscar o sucesso, o principal é encontrar personagens interessantes que rendam boas histórias. Entre os temas com maior potencial estão segurança pública, regionalidades culturais e imigração e colonização do Paraná. "É o caso da formação de Londrina, Maringá e Toledo. Cidades novas e potências impressionantes em menos de um século. Os pioneiros desses lugares ainda estão aí, disponíveis", diz Fernandes. Fica a dica!

Depoimento: Trabalho apaixonante

Vanessa Fogaça Prateano, jornalista da Gazeta do Povo.

O tema do meu livro-reportagem, intitulado Paixão organizada, foram as torcidas organizadas de futebol, especificamente as duas maiores de Curitiba: Império Alviverde e Fanáticos. Passei todo o ano de 2009 indo aos jogos e frequentando as sedes das torcidas, além de viajar com eles em alguns jogos do Campeonato Paranaense. Escolhi o tema porque gosto muito de futebol e queria ir além do senso comum, que relaciona o torcedor organizado apenas com a violência.

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Foi um processo trabalhoso, já que também precisei elaborar uma monografia e fiz o TCC sozinha. O lado bom foi poder escrever com liberdade e exercitar o meu lado "jornalista" antes de formada, ser a pauteira, redatora e editora do meu próprio trabalho, além, é claro, de escrever com profundidade sobre um tema que me interessava. Creio que escrever um livro-reportagem também me proporcionou confiança para redigir, pois me ajudou muito a aprimorar a redação do meu texto.