• Carregando...
Surpresa: o fundador do mercadão da UFPR, Gabriel Gratival, é aluno da UEM. | Ivan Amorim / Gazeta do Povo
Surpresa: o fundador do mercadão da UFPR, Gabriel Gratival, é aluno da UEM.| Foto: Ivan Amorim / Gazeta do Povo
 |

Pequenos negócios são impulsionados

André Rodrigues / Gazeta do Povo

Pequenos negócios também têm chances de ganhar impulso nos classificados acadêmicos. A estudante Jéssica Mayara Schattman (foto), 21 anos, do curso de Administração da Faculdade Doutor Leocádio José Correia (Falec), frequenta diversos grupos com o mesmo perfil, fazendo propaganda quase todos os dias de seus serviços. Ela confecciona cestas de café da manhã e anuncia exclusivamente no Facebook. "É muito mais viável para a divulgação do que fazer panfleto e dá mais retorno", diz Jéssica. Ela conta que, em média, produz de 20 a 30 cestas todos os meses e os pedidos partem de pessoas que viram o anúncio em algum dos "mercadões" universitários.

Rigor

O segredo do sucesso, avalia Gabriel Gratival, criador do "UFPR – Mercadão", é ser fiel a alguns princípios. "A ideia não é abrir espaço para qualquer empresa anunciar de graça o que bem entende. O grupo é para pessoas físicas. Empresas que quiserem postar devem pagar pelo anúncio." A convicção de Gratival custa a ele várias horas de moderação e algumas inimizades. Cerca de 500 perfis já foram expulsos do mercadão por não seguirem as regras.

INTERATIVIDADE E você?

Qual o melhor negócio que você já fez em um mercadão acadêmico? Deixe seu comentário abaixo.

Os murais das universidades ainda cumprem seu papel, mas, para uma geração que vive conectada ao Facebook, ter acesso a anúncios interessantes na tela do smartphone ou fazer ofertas sem burocracia são opções mais atraentes. Diante disso, o sucesso dos chamados "mercadões" – grupos em redes sociais destinados a compra, venda e troca de produtos entre universitários – é garantido.

Os atrativos não ficam restritos à comodidade. Como os grupos atendem comunidades locais, as negociações iniciadas na rede costumam ser concluídas pessoalmente, dispensando frete e dando mais segurança a quem compra. A chance de encontrar bons preços também é grande, já que muitas ofertas são de produtos usados e os anunciantes querem retorno rápido.

Essas vantagens, no entanto, se verificam apenas em grupos bem moderados, restritos a pessoas físicas. Caso contrário, uma avalanche de postagens comerciais de lojas on-line tende a invadir o espaço, descaracterizando a ideia de comunidade virtual para universitários. Quanto a esse quesito, merece destaque o grupo fechado "UFPR – Mercadão", o mais organizado e numeroso dos grupos encontrados pela reportagem.

Em um ano, a iniciativa já reúne quase 62 mil membros. Grupos de outras universidades de Curitiba têm comunidades menores: o "Mercadão UTFPR Curitiba" tem cerca de 2,8 mil membros; o "UP Mercadão", 4,7 mil; e o "PUCPR Mercadão", 3,6 mil.

As regras para participar dos classificados da UFPR são rigorosas. Além da restrição ao anúncio de lojistas, são proibidos sarcasmos sobre qualquer anúncio e vetadas propagandas de outros grupos de venda e troca de produtos ou de páginas pessoais. Também não é permitido burlar o sistema para que o post ganhe mais destaque nem anunciar a venda de animais.

Brunno Covello / Gazeta do Povo

Nos mercadões acadêmicos, Fábio Teider já comprou dois smartphones e vendeu geladeira, fogão e máquina de lavar.

Origem

E, para a surpresa de muitos, o mercadão on-line mais famoso entre os acadêmicos da capital foi criado e é administrado por um estudante da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Gabriel Gratival, 22 anos, é aluno de Engenharia de Produção e o grupo destinado aos colegas da UFPR está entre outras sete iniciativas com objetivos similares.

Gratival conta que viu na ferramenta do Facebook uma oportunidade de oferecer um serviço útil e lucrar com ele. Como o grupo tem um fluxo de 3,5 mil interações por dia, interessados em dar mais destaque a seus anúncios podem pagar para que o moderador fixe uma publicação no topo da página. Além disso, empresas que queiram marcar presença no ambiente virtual, mesmo impedidas de postar, podem comprar um espaço na imagem de capa que identifica o grupo. "Acabou virando um negócio. Hoje eu compro grupos", conta Gratival.

Quem usa recomenda

Gabriela Müller, aluna de Publicidade e Propaganda na UFPR, usa frequentemente o "Mercadão". Por trabalhar com marketing digital, leva vantagem em estratégias de negócios e ajuda o namorado a vender suplementos alimentares para musculação. Ela optou por fixar a oferta no topo da página. "O grupo atualiza tão rápido que, se você não faz isso, em cinco minutos, o seu anúncio já foi lá para baixo", constata.

Não é só para vender que ela recorre ao grupo. Gabriela já comprou muita roupa, móveis e até contratou um frete em negociações com outros acadêmicos. "Vendem de tudo e, normalmente, bem abaixo do preço de mercado. É bem vantajoso para o estudante que não tem muito dinheiro", diz.

A fama do "Mercadão" como local de negócios se espalhou rapidamente para alunos de outras instituições. O estudante de Direito na FAE Centro Universitário Zamir Teixeira, por exemplo, está no grupo da Federal desde maio e usa o espaço principalmente para trocar jogos de PlayStation 3.

Recentemente, ele publicou uma oferta de 50 jogos para vender ou trocar. "Já fiz algumas negociações no Mercadão. É uma ferramenta muito útil, porque a gente pode fazer a troca pessoalmente, testar o jogo, conhecer o vendedor. Isso dá mais segurança", diz.

Já Fábio Ladeira, 25 anos, do curso de Secretariado Executivo da UFPR, fez o movimento inverso. Ele anunciou um fogão, uma geladeira e uma máquina de lavar no "Mercadão UTFPR – Curitiba". Fechou negócio em três dias. "Esses grupos têm o mesmo público e, com frequência, a gente encontra as mesmas pessoas anunciando e comprando", diz Ladeira, que já comprou dois smartphones.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]