
Fazer um trabalho em grupo antes da internet banda larga se popularizar implicava ter um ponto de encontro onde todos os integrantes estivessem juntos. Hoje, a web e novas tecnologias dispensam não só o local de reunião, como também a necessidade de estarem todos empenhados ao mesmo tempo no desenvolvimento de um projeto.
São várias as ferramentas gratuitas que permitem a troca de informações e a produção colaborativa à distância. Embora essa virtualidade possa suscitar dúvidas quanto à qualidade do trabalho final e até sobre uma possível perda no que se refere ao relacionamento humano, especialistas afirmam que os trabalhos em grupo só têm a ganhar com a internet.
Para a doutora em Linguística Computacional Glaucia da Silva Brito, professora de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná, o uso das novas ferramentas depende do perfil de cada aluno e da forma como o professor as expõe como opções de trabalho. "Cabe aos estudantes se organizarem presencialmente ou virtualmente. Alguns combinam o horário e o local em que vão se encontrar, outros dizem que à noite todos devem entrar no Skype para conversar. Se o objetivo do trabalho for atingido, independe se os encontros foram presenciais ou não", diz.
A turma do professor Lourenço Chacon, da Universidade Estadual Paulista, aderiu à comunicação virtual de forma intensa. O doutor em Linguística coordena conferências pela web com pesquisadores e estudantes de Salvador (BA), Marília (SP), São José do Rio Preto (SP) e Maringá (PR), entre outros locais. Os envolvidos fazem parte do grupo de pesquisa Estudos sobre a Linguagem, credenciado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que atua nas áreas da Linguística, Fonoaudiologia e Pedagogia.
Com o uso de videoconferências e do Skype, as reuniões, que antes implicavam em gastos, cansaço e até risco, por perigos na estrada, agora acontecem de forma tranquila e rápida. "Os estudantes se comunicam ainda mais e melhor. Além das reuniões, os diferentes grupos de trabalho se comunicam por meio de emails coletivos, fazem backup de seus trabalhos conjuntos em programas que agilizam, inclusive, a escrita de trabalhos conjuntos", conta o pesquisador.
Recursos on-line dão apoio a estudantes e professores
Quando as aulas de Comunicação Social da Universidade Tuiuti começaram, um professor sugeriu aos estudantes a criação de um e-mail da turma, mas Melina Fonseca, 19 anos, foi além. Ela e as colegas Francielly de Azevedo e Juliane Danielski, com quem sempre faz os trabalhos em grupo, criaram também um grupo no Facebook e usam o chat da rede social para a comunicação fora da sala de aula.
"Nós trocamos arquivos de texto, escrevemos juntas e mandamos fotos umas para as outras. Não temos muito tempo para ficar ligando e se reunindo e, como o Facebook é instantâneo, faz as coisas ficarem mais rápidas", conta Melina.
E não é só entre os alunos que as ferramentas digitais têm um papel importante na produção acadêmica. Na orientação dos trabalhos, professores também entram na dança, como é o caso de Julius Nunes, coordenador da Pós-Graduação em Produção e Avaliação de Conteúdo para Mídias Digitais da Universidade Positivo. "Os estudantes escrevem os textos pelo Google Docs, eu faço a revisão pelo próprio sistema e vamos alterando o texto usando cores diferentes. É uma forma de produzir de foram colaborativa", diz.
A união de tecnologia e educação é vista por Nunes como uma grande vantagem. "Antes, até que todos chegassem, o trabalho não começava. Agora já se começa a falar com a equipe pelo smartphone. Se precisa de um livro, não precisa pegá-lo empoeirado na estante ou esperar alguém devolvê-lo. É só consultar a internet, encomendar pela web o próprio livro ou acessá-lo em formato digital", conta.



