O assistente em Administração Christopher Jonas Teles (com camisa branca, à frente), 36 anos, ajuda professores e alunos da Unila, em Foz do Iguaçu, há um ano e meio| Foto: Christian Rizzi / Gazeta do Povo
CARREGANDO :)

77.178 novos cargos

foram criados no ano passado pela Lei Federal 12.677. São vagas efetivas, de direção e funções gratificadas para instituições federais de ensino. Desse total, 27.714 cargos destinam-se a técnicos administrativos. A lei estipula que os cargos serão distribuídos conforme acordo entre os ministérios do Planejamento e da Educação e podem ser destinados a instituições já constituídas ou que ainda serão criadas. De acordo com o MEC, em março deste ano foram liberadas mais 4,3 mil vagas para cargos técnico-administrativos, cujos concursos estão em andamento.

Publicidade
Veja também
  • Biblioteca de cara nova
  • Universidades reprovadas em acessibilidade

Se todos os servidores técnico-administrativos deixam de trabalhar, a universidade para. Seja nos bastidores ou em função de destaque, lá estão eles em praticamente todos os setores, contribuindo com o processo educativo e com a função social das instituições. Eles atuam em dinâmicas administrativas dos processos de pesquisa, ensino e extensão, em hospitais universitários, no planejamento estratégico e operacional das organizações e em funções específicas determinadas com a aprovação em concursos públicos.

Nos últimos anos, os servidores ganharam destaque por sua forte atuação em busca de direitos trabalhistas e mais reconhecimento, especialmente durante as greves nas universidades federais. Além das questões salariais, o principal descontentamento relacionava-se com a disparidade entre novas vagas para alunos e técnicos.

Enquanto as vagas anuais para calouros passaram de cerca de 110 mil em 2003 para mais de 230 mil em 2011, segundo o Ministério da Educação (MEC), os servidores viram um pequeno aumento nas contratações nos últimos anos. O total de funcionários na ativa (desconsiderando aposentados) passou de 93,7 mil para 120,7 mil no mesmo período. Para o coordenador-geral da Fasubra (federação de sindicatos da categoria), Paulo Henrique Rodrigues dos Santos, as novas contratações têm sido insuficientes para cobrir afastamentos e aposentadorias.

"A sociedade não sabe que temos três vezes mais alunos e que o governo não faz a reposição do quadro [de servidores] conforme a sua necessidade, o que compromete a qualidade do ensino", critica Santos.

Publicidade

Cargos extintos

Outro fator que está mudando a concepção do trabalho de servidores em universidade federais é a extinção de cargos e de postos de trabalho. Enquanto nas instituições mais antigas a extinção ocorre de maneira gradual, até que os servidores desses cargos específicos se aposentem, as instituições mais recentes já contam com a divisão do quadro de funcionários entre concursados e terceirizados. Entre os 45 cargos que estão desaparecendo como posto público de trabalho e têm sido substituídos por funcionários terceirizados estão os de motorista, copeiro e servente de limpeza.

Guia dentro do câmpus

O assistente em Administração Christopher Jonas Teles, 36 anos, ajuda professores e alunos da Unila, em Foz do Iguaçu, há um ano e meio. Apesar da função estabelecida, ele não é procurado apenas para providenciar materiais das aulas. Por causa da longa experiência anterior como guia turístico, ele é "o cara" quando os alunos de diferentes nacionalidades procuram indicações sobre passeios e atividades na região. Vindos de longe, os alunos também conversam com ele sobre a falta que sentem de casa.

"Além da questão acadêmica, também acontece de procurarem quando estão com problemas pessoais, saudade dos pais e outras coisas corriqueiras. Isso porque tenho contato frequente com os estudantes", diz. O fato de falar inglês, espanhol e italiano ajuda a integração. "Servidores têm de estar sempre se aperfeiçoando e nisso entram também as línguas estrangeiras", diz Christopher.

Publicidade

Três pilares

Ao lado de professores e estudantes, os técnicos-adminstrativos formam os três pilares de uma universidade. É isso que defende o secretário de Gestão de Pessoas da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), João Afonso Hirt. "Sem qualquer um desses pilares, a instituição não funciona", diz. O pró-reitor de Gestão de Pessoas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adriano do Rosário Ribeiro, concorda. Para ele, a falta dos servidores traria um impacto altamente negativo, especialmente nos hospitais universitários.

>>> A sua turma tem bom relacionamento com algum técnico-administrativo? Deixe seu depoimento!

Deixe seu comentário abaixo ou escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

Leia as regras para a participação nas interatividades da Gazeta do Povo.

Publicidade

As mensagens selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.