Aline Luchesi e Fernando Chagas animam paciente do Hospital Evangélico.| Foto:

Trabalho social no currículo

O Projeto Comunitário da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) é disciplina obrigatória para todos os cursos de graduação. Ao todo, são 36 horas que os estudantes precisam dedicar a trabalhos sociais dos mais variados tipos em instituições de caridade, organizações não governamentais (ONGs), hospitais, escolas e comunidades carentes.

Desde sua criação, em 2002, o programa colocou cerca de 60 mil universitários em contato com realidades que boa parte deles, possivelmente, jamais teria conhecido sem o incentivo da faculdade. Só no ano passado, 139 instituições que dependem de contribuições voluntárias contaram com o apoio de estudantes da PUCPR em suas rotinas.

Embora a carga horária nessas atividades seja indispensável à conclusão do curso, o Núcleo do Projeto Comunitário, que coordena as ações, recebe pedidos todos os semestres de alunos que já cumpriram o tempo exigido, mas querem dar continuidade ao trabalho que desempenhavam – sem vínculo com a universidade e movidos unicamente pela vontade de ajudar.

Experiência continuada

Daniela Favaro, aluna do 6º período de Psicologia, é um exemplo. Ela se apaixonou pela experiência que teve na brinquedoteca da Vila Pantanal, onde era responsável por contação de histórias, brincadeiras e jogos educativos. Mesmo depois de concluir as 36 horas exigidas pela univer-sidade, Daniela continua ajudando várias crianças com quem conviveu. "Muitas delas não queriam apenas ouvir histórias, mas contar sobre os problemas de casa.É muito bom poder aliviar um pouco o sofrimento delas", conta.

O laço com a comunidade que ajudou também não foi rompido por Talita Cocatto, formanda do curso de Relações Públicas. Na hora de escolher a atividade que faria, ela optou pela mais próxima de casa e passou a ensinar a comunidade local a confeccionar bonecas de pano. o projeto mediado pela PuCPR terminou em junho, mas as bonecas continuam a ser feitas. Em dezembro, 120 delas serão distribuídas a lares infantis.

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Flávia, Mariana, Carol, Denise, Gabriela, Priscila, Allana, Karin, Amanda e Camila (da dir. para a esq.) cursam Odontologia na UFPR e dedicam tempo e atenção a crianças carentes
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Poucas ideias atraem tanto a juventude brasileira como a de tornar melhor a vida de outras pessoas. Fazer o bem está na moda. Isso foi o que revelou o Projeto Sonho Brasileiro, pesquisa divulgada em junho pela Box1824, empresa que mapeia tendências de comportamento. O estudo constatou que 77% dos jovens de 18 a 24 anos consideram que seu próprio bem-estar depende diretamente do bem-estar da sociedade em que vivem. Universitários, em especial, revelam grande satisfação ao engajar-se em iniciativas voluntárias vinculadas à sustentabilidade, redução da pobreza ou outro trabalho com relevância social. Em busca desses jovens altruístas, a Gazeta do Povo constatou que a experiência de dedicar tempo e esforço a quem mais precisa traz atodos os envolvidos boa dose de realização pessoal.

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Calouros engajados

Na Faculdade Evangélica, o voluntariado é proposto aos estudantes assim que ingressam no ensino superior. O programa Calouro Solidário dá aos recém-chegados a oportunidade de desempenhar atividades de companhia, leitura e recreação em oito setores do Hospital Evangélico, incluindo pediatria, pronto-socorro e ala de queimados. Como se trata de um programa voltado exclusivamente a calouros, os estudantes que avançam de período podem propor outras formas de contribuir, o que ocorre com frequência.

Foi assim que surgiu o grupo Vagalume. Inspirados nos Doutores da Alegria, os universitários se vestem de palhaços e visitam vários setores do hospital procurando alegrar os ambientes. "Alunos de todos os cursos e períodos podem participar. Tudo que a gente quer é dividir os benefícios da terapia do riso com o pessoal", explica o estudante de Medicina Gabriel da Cruz Domingues, um dos coordenadores do grupo.

Crianças carentes

Com 90 voluntários em atividade, sendo a maior parte formada por universitários, a organização não governamental (ONG)Sonhar Acordado tem ampliado suas ações mês a mês. O foco é simples: visitar comunidades e instituições que atendem crianças carentes, ensinando valores, doando um pouco de tempo e atenção e organizando campanhas de arrecadação para suprir as necessidades delas.

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No dia 25 de setembro, um grupo de estudantes do curso de Odontologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) aceitou o convite da colega Allana Pivovar para visitar crianças abandonadas ou em situação de risco em uma casa-lar no bairro Uberaba, em Curitiba, e entregar um micro-ondas para a instituição.

Lá, lições sobre escovação correta dos dentes, um bate-papo sobre virtudes e o compromisso de voltar mensalmente preencheram a tarde de domingo das crianças e dos voluntários. "Nosso curso é de período integral, mas a gente prioriza essa ação. amos um jeito de dividir as tarefas e realizar as visitas", conta Allana, que revela ter planos de se tornar agente comunitária de saúde assim que se formar.

O coordenador da ONG em Curitiba também é universitário e coordena as ações voluntariamente. Thiago Agustinho estuda Direito nas Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil) e fala com orgulho sobre o número de pessoas que tem participa do das ações, ao menos esporadicamente. "Em maio, fizemos uma festa e tivemos que limitar inscrições para caber todo mundo. Há mesmo muita gente interessada em voluntariado."

Retribuição

Rita de Cássia brambilla, estudante do curso de Pedagogia da UFPR, começou a participar das aulas de balé do instituto Arte Geral quando tinha 10 anos. o tempo passou, ela adquiriu experiência na escola de Dança teatro Guaíra e retornou ao lugar onde tudo teve início. Agora, ela ensina o que aprendeu a crianças carentes de 5 e 6 anos e abre portas para as mesmas oportunidades que outras voluntárias um dia lhe deram.

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