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Fabiano Cruz: “Na agência falamos de 30, 40 marcas diferentes, por isso é um trabalho de que é difícil enjoar". | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Fabiano Cruz: “Na agência falamos de 30, 40 marcas diferentes, por isso é um trabalho de que é difícil enjoar".| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Para não errar na escolha

Ao buscar ajuda profissional para escolher uma carreira, é provável que você seja convidado a avaliar ao menos três aspectos. O primeiro se refere às características pessoais. Nesse ponto entram a vocação, as habilidades naturais, a história e a cultura familiares, além dos recursos financeiros.

O segundo aspecto considera as características da carreira, a profissão em si. E o terceiro diz respeito ao mercado. Como anda a procura por esses profissionais e qual é a sua remuneração são algumas das perguntas que o estudante deve responder. Para a psicóloga Daniella Bauer, orientadora profissional, fazer uma investigação familiar é importante quando se escolhe a futura profissão, assim como considerar quem já está no mercado pretendido.

"É bom o estudante avaliar do que ele gostava de brincar quando criança, ver fotos, pesquisar a profissão dos familiares e conversar com pessoas que trabalham na área. Avaliar o mercado, a cidade onde terá de morar e se a profissão exige atualizações constantes também é importante", explica.

  • Manoel Coelho:
  • Rômulo Sandrini:
  • Luiz Edson Fachin:

> Fabiano Cruz, diretor de criação digital e ganhador de vários prêmios – entre eles o de Profissional de WEB do Clube de Criação do Paraná.

A escolha pela área

Sou formado em Processamento de Dados e Artes Visuais. Comecei como programador, trabalhei com computação gráfica, e fui convidado para iniciar uma Unidade de Comunicação Digital na Agência Opus Múltipla, quando a mídia on-line estava começando, em 2000. Somamos o conhecimento da tecnologia e da propaganda e, à medida que a internet foi entrando na comunicação, o volume de trabalho digital dentro da agência cresceu demais. Abrimos uma nova empresa, a HouseCricket, que já tem dois anos. Para mim foi muito bom, pois somei tecnologia e artes visuais, e a comunicação digital absorveu isso muito bem. Não vou dizer que essa área é um vicio, mas é viciante. Pensei em sair algumas vezes, fiquei dois meses fora, mas não aguentei e voltei. Foi o tempo suficiente para eu perceber que não conseguia viver sem a adrenalina de a cada dia ter uma conta nova, um projeto novo. Na agência falamos de 30, 40 marcas diferentes, por isso é um trabalho de que é difícil enjoar. Desafios

Todo dia é desafiante. Você acorda e não imagina tudo pelo que vai passar. Sabe o que sobrou do dia anterior, mas não sabe o que vai encontrar em seguida.

DicaNa comunicação digital, a defasagem do profissional é muito rápida. Antes diziam que, se você ficasse parado por um ano, estaria fora do mercado. Hoje você está fora se ficar um mês sem estudar. As redes socais destacam marcas da noite para o dia e essas marcas viram coqueluches, assim como de um dia para o outro deixam de existir. O profissional dessa área tem de estar bem conectado. Para quem está estudando, é importante sempre buscar o estágio, para saber o que é dito na academia e no mercado.

>Manoel Coelho, arquiteto e professor aposentado de Arquitetura e Urbanismo da UFPR. Participou dos projetos de arquitetura da Rodoferroviária e da PUCPR, entre outros.

A escolha pela área

Em 1960, quando deixei Florianópolis e vim a Curitiba para tentar o vestibular, disputei uma vaga no curso de Engenharia e felizmente não fui aprovado. No ano seguinte abriu o curso de Arquitetura na UFPR e eu, que nem sabia o que era, mas gostava muito de desenhar, entrei para a primeira turma. Descobri uma profissão fascinante, muito abrangente e necessária à sociedade, por trabalhar com a organização dos espaços para as pessoas desenvolverem suas necessidades de trabalho, saúde, habitação e lazer.

Desafios

Houve uma melhora com o tempo, mas a sociedade ainda não tem noção perfeita do que é a arquitetura, e ainda confunde o curso com engenharia, decoração. O arquiteto ainda é muito ligado à edificação e projeto de prédios, casas, interiores. As pessoas não enxergam essa grande faceta do arquiteto que é a cidade e as edificações que compõem as áreas externas, o paisagismo e o conforto ambiental. Outras dificuldades seriam baseadas nessa falta de reconhecimento, problemas de respeito à obra e remuneração abaixo da adequada.

Dica

O arquiteto tem de ter desde a faculdade espírito de pesquisa, de ir atrás da história, de como as coisas foram feitas no mundo inteiro. Hoje conhecemos a história do mundo pela arquitetura, que marca as civilizações. Quem pretende seguir nessa área tem de ter esse espírito investigativo e não se acomodar achando que as coisas começam daqui para frente. Além disso, a arquitetura leva a emoções internas, se revelando materialmente por volumes e jogos de luz e sombra. Por isso, o profissional também tem de ter um espírito investigativo e criativo. Ele precisa estudar tecnologias para ter propostas arrojadas e inovar para trazer avanços à própria arquitetura.

>Eliane Prolik, artista plástica. Participou da Bienal Internacional de São Paulo em 1987 e em 2002, e tem obras em acervos de vários museus brasileiros.

A escolha pela área

Por aptidão, desde a infância tive interesse pelas artes plásticas em atividades na escola, cursos livres, leituras e exposições. No momento em que tive de escolher um curso ou uma profissão, optei pela Escola de Belas Artes do Paraná. Também encontrei no curso de Filosofia a extensão para discussões pertinentes e importantes para um artista.

Desafios

Cada obra nova é um desafio, esta é a força e a intensidade da arte. Primeiro é preciso acreditar em si e realizar, e então conseguir espaço para o que se acredita. Além do esforço contínuo de se construir uma produção artística que seja de relevância, há dificuldades quanto ao retorno do meio, isto é, quanto às repostas, ao entendimento, à valorização e à aquisição do que se produz. Mas a intensidade de alguns retornos supre a falta de outros. No Brasil ou no meio local, há outras prioridades de maior urgência a serem supridas que não a arte, mas de qualquer maneira essa situação melhorou muito nas duas últimas décadas. Aquilo que não vem, a gente vai buscar e ajuda a construir. Nessa tarefa pode-se contribuir com a obra de outros artistas. No meu caso, realizei, por exemplo, uma pesquisa sobre a obra de Miguel Bakun (livros e exposições) e Raul Cruz (catálogos e exposições).

Dica

Para seguir a carreira de artista, é importante ter uma boa cultura geral, convivência com a arte e aproveitar bem viagens onde se pode ter contato com obras de importantes artistas em museus e galerias.

>Rômulo Sandrini, médico pediatra, professor de Medicina da UFPR e ex-presidente da Sociedade Latino-Americana de Endocrinologia Pediátrica.

A escolha pela área

Provavelmente minha mãe disse para eu fazer Medicina e eu fiz. Hoje eu sei que, apesar de ter várias carreiras à frente, escolhi Medicina porque me identifiquei com as crianças, e com a esperança e lealdade delas. E pela capacidade de fazer o bem, pela vontade de fazer pesquisas, por sempre ter uma participação política. A Medicina seria a melhor forma de fazer política sadia.

Desafios

Trabalhar com as políticas de saúde e de pesquisa, com o ensino, e sobretudo com as pessoas, que merecem todo o respeito, sem deixar de acreditar na ética e nas mudanças científicas e sociais.

Dicas

É importante passar no vestibular de uma instituição respeitada e que dê a possibilidade de continuar a carreira (em cursos de pós-graduação). Por ser uma profissão atraente, é difícil entrar. Por isso é necessário manter um estudo constante e disciplinado. Estudar Medicina permite trabalhar com a mente, com mulheres, com homens, com a cirurgia, com o laboratório, com a tecnologia, com a Pediatria - que é meu ramo -, e com todas as possibilidades do ser humano.

>Luiz Edson Fachin, advogado e professor titular de Direito Civil na Universidade Federal do Paraná.

A escolha pela área

Foi decorrência da comunhão entre razão e intuição. O primeiro passo foi optar pelo campo maior de afinidade. Depois, conjugar a vocação para a leitura, a arte, a literatura, com um campo de formação profissional que pudesse abrir horizontes para a interdisciplinaridade e a cultura. Intuitivamente, como participava da política estudantil, depreendi que o conhecimento das leis poderia ser um bom caminho para tentar entender o que é e o que não é justiça. Faria a mesma escolha, especialmente porque somei, ao lado do exercício da advocacia, a prática do magistério, o que me permite, todos os dias, ensinar e aprender.

Desafios

Houve e sempre haverá, sem dúvida, dificuldades e obstáculos conjunturais, espinhos pelo caminho. Porém, encontrei na profissão a realização dos sonhos à época almejados. No começo do curso, os primeiros desafios foram a adaptação com a nova linguagem, com a especificidade do procedimento de ensino e com o próprio sentido da universidade, que gira em torno do binômio responsabilidade-liberdade. Depois, tivemos de enfrentar as opções formativas visando às futuras carreiras profissionais. E, após a formatura, fazer frente à vida como ela é. Aí sim aparece, paradoxalmente, toda a imensidão das possibilidades ao lado dos grandes limites. Muitas situações se alteraram nas últimas décadas, especialmente com as inovações tecnológicas.

Dicas

Em primeiro lugar, colocar a razão e o coração para funcionar e definir, com o máximo possível de precisão e sentimento, se essa é a profissão que lhe atrai. Em segundo lugar, preparar-se bem no plano dos conhecimentos exigidos para o atual modelo de seleção. É um período de definições e a prioridade total deve ser essa preparação.Em terceiro lugar, preparar-se ainda melhor no plano pessoal e subjetivo: um estudante que se prepara para ingressar na universidade deve ser sujeito de sua própria história, consciente de que vai participar de um momento crucial de sua vida e também da vida da sociedade. Não se trata tão somente de definir um futuro salário ou ganho, mas uma digna vida pessoal que tem na profissão um instrumento e não um fim em si mesmo.

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