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Valdinei faz cursinho à noite e revê os conteúdos no ônibus e no horário do almoço | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Valdinei faz cursinho à noite e revê os conteúdos no ônibus e no horário do almoço| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Para conciliar trabalho em período integral e estudos para o vestibular, Valdi­nei Fernandes, 21 anos, desenvolveu um sistema pessoal de agendamento de compromissos. Ele faz cursinho à noite e revê os conteúdos no ônibus e no horário do almoço. Assim como muitos vestibas, o estudante tem uma jornada dupla que exige dose extra de força de vontade. Quem trabalha e estuda ao mesmo tempo conta com pelo menos dois grandes desafios: continuar realizando um bom trabalho, para agradar ao patrão, e preparar-se adequadamente para as provas.

Embora exija muito mais disposição e disciplina, conciliar trabalho e estudo não impede a aprovação no vestibular, diz a diretora pedagógica do Curso Apogeu, Izabel Quiles Fujita. "No ano passado, muitos alunos do turno da noite passaram. Esses estudantes são mais comprometidos, porque sabem que têm de aproveitar cada minuto e não podem faltar às aulas", afirma. Segundo Izabel, a grande dica é organizar bem o tempo, reservando momentos do dia para os estudos. E seguir rigorosamente o que planeja. "Esse planejamento é pessoal, depende do trabalho que cada um faz. O aluno tem de pegar a agenda e montar um plano de estudo levando em conta o horário em que entra e sai do trabalho e os intervalos, para ver qual é o horário livre para estudar", recomenda.

Aproveitar cada brechinha do dia é exatamente o que faz Valdinei. Na empresa onde trabalha, ele tem uma hora e meia de intervalo para o almoço. Do total de 90 minutos, o estudante gasta 20 para a refeição e usa o restante do tempo para revisar as matérias do cursinho, na sala de estudos oferecida pela companhia. Durante os 50 minutos em que passa dentro do ônibus, no trajeto de casa para o trabalho, ele também aproveita para colocar as leituras em dia. O estudante trabalha das 8 às 18 horas e faz cursinho das 19 às 23 horas. Além do período em que passa nas aulas, ele estuda cerca de duas horas por dia.

Ariane Cristina de Souza, 22 anos, também é uma estudante trabalhadora. Ela consegue estudar por aproximadamente uma hora e meia, utilizando o tempo em que não está no cursinho nem no serviço. Ariane gostaria de fazer Medicina, mas diz que talvez preste Biomedicina ou Enfermagem. "A falta de tempo para estudar é um dos motivos que fazem com que eu fique em dúvida", diz.

Fim de semana

Para quem tem jornada dupla em ano de vestibular, outra dica da diretora pedagógica do Apogeu é aproveitar os sábados e domingos – para estudar, é claro. "Geral­mente no sábado tenho aula no cursinho pela manhã. Deixo para estudar na parte da tarde. Durante o fim de semana também vejo muitas videoaulas", diz Valdinei.

Segundo o diretor do Curso Direto, Luiz Carlos Domenico, o aluno que trabalha não pode deixar de sonhar com um lugar na universidade. Para compensar a falta de tempo, ele sugere que o estudante aproveite ao máximo as aulas e substitua pequenos momentos de distração pelas apostilas. "Ele pode usar o tempo em que passaria na internet, nas redes sociais, para o estudo. O aluno tem de se dedicar, nem que seja meia hora por dia", recomenda.

Mesmo com o trabalho, elas foram aprovadas

As irmãs Larissa e Louise Ansay, 17 e 16 anos respectivamente, são exemplos de como a organização pode vencer a falta de tempo. Mesmo com o trabalho na empresa de fotografia da família, as duas passaram no vestibular – Louise como treineira, ainda no segundo ano do ensino médio. "Pela nota do Enem do ano passado eu fui aprovada na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Eu ia para o colégio de manhã e trabalhava quatro horas à tarde, das 14 às 18 horas. Depois estudava em casa", diz.

Para Louise, o importante é não trabalhar mais do que o previsto. "É importante que o chefe entenda que você não pode fazer muito além do que estava combinado, porque o tempo é muito importante para o vestibulando. Nesse caso, o apoio dos meus pais foi fundamental", conta. Aprovada em primeiro lugar no curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Larissa diz que o que ajudou foi aproveitar ao máximo as aulas do colégio, anotando tudo o que os professores diziam. Ela conta que trabalhava cerca de três horas por dia e estudava aproximadamente duas horas em casa.

Números

No último vestibular da UFPR, 33,07% dos candidatos disseram que trabalhavam. Entre os aprovados, o índice foi de 32,96%.

Esta reportagem foi proposta pelo leitor Valdinei Fernandes. Mande você também a sua sugestão.Escreva paravestibular@gazetadopovo.com.br

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