
Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, é uma obra dramática, cuja temática principal é atual e justifica a sua entrada na lista de obras exigidas no vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) a partir deste ano. A peça gira em torno de uma família operária do Rio de Janeiro, em meados do século 20, envolvida em um movimento grevista.
A obra tem uma estrutura simples: dividida em três atos, é de rápida compreensão e não é muito metafórica. "É uma peça que trata da realidade imediata desse grupo de personagens", conta o professor de Literatura do Colégio Bom Jesus Marcelo Brum-Lemos.
A família protagonista da história é composta pelo casal Otávio e Romana e pelos filhos Tião e Chiquinho. O pai e o filho mais velho, Tião, trabalham em uma fábrica de lã. Engajado com o movimento grevista, que reivindica melhores salários e condições de trabalho para sua classe, Otávio entra em confronto com o filho, que, apesar de reconhecer o direito de greve, discorda do movimento e tem medo de suas consequências.
Para o professor Brum-Lemos, toda a peça se estrutura na tensão existente entre o que o filho e o pai representam. Suas visões de mundo, divergentes, retratam o interesse individual versus o interesse coletivo. Enquanto o pai é preocupado com o bem-estar de toda a classe de trabalhadores, o filho preocupa-se apenas com a sua família.
Outros pontos
Além do tema atual e da rivalidade entre o interesse coletivo e o individual, o professor Marcelo Brum-Lemos chama atenção para outro aspecto da obra. O violeiro Juvêncio, que dá a trilha sonora da peça, é inspirado no cantor e compositor Adoniram Barbosa, que ficou famoso por composições que usam uma linguagem mais popular, com português "errado", como a usada na peça de Guarnieri. O próprio nome da obra é inspirado na música Nóis Não Usa os Bleque Tai, de Adoniram.



