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Para Maíra, condições de segurança no último Enem deixaram a desejar | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Para Maíra, condições de segurança no último Enem deixaram a desejar| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Insegurança no Enem

A vestibulanda de Direito Maíra Crocetti, 20 anos, vai disputar uma vaga no ensino superior pela terceira vez. Ela fez o Enem e participou de vários processos seletivos, como da UFPR, UEPG e UFSC. Por isso consegue perceber pequenos detalhes que fazem a diferença para garantir uma prova segura.

Na UFPR ela conta que confia totalmente e que nunca presenciou alguém tentando fraudar o concurso. Já sobre o Enem as reclamações são muitas.

"Era proibido levar borracha, lápis, relógio e muitas outras coisas, mas vi vários estudantes com tudo isso. É uma baita injustiça, pois você se prepara, confia que vai dar tudo certo e quando chega lá os alunos fazem o que querem e os fiscais não estão preparados para impedir", conta.

Esvazie seu estojo

Esqueça aquela sua coleção de canetas, lapiseiras e borrachas no dia do vestibular. Os editais pedem que o candidato leve apenas caneta azul ou preta, lápis preto e borracha. Nem mesmo esse último objeto é consenso nos processos seletivos.

No Enem do ano passado e na UEPG (a partir do último vestibular de verão), a borracha foi eliminada para evitar tentativas de cola. "Temos muito espaço para rascunho, então ela não faz falta", explica Mathias, da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Na hora de arrumar o estojo, um cuidado extra deve ser tomado pelos candidatos da UEPG, UFPR e UFSC: a caneta precisa ter corpo transparente e ponta grossa, para preencher todo o círculo do cartão de resposta. Ao sentar na carteira o aluno deve deixar todos os objetos expostos, para que sejam verificados pelos fiscais.

"Em relação ao material, os vestibulandos costumam ser bem tranquilos, usar apenas o que pedimos", diz Szeremeta, da UFSC. Quando for necessário algum material adicional, como régua, o edital do concurso vai pedir.

UFPR Litoral

No vestibular do setor Litoral, marcado para os dias 22 de maio e 19 de junho, os estudantes só podem levar caneta transparente de tinta preta, lápis ou lapiseira e borracha. Assim como no vestibular tradicional da UFPR, a garrafa de água deve ser transparente e estar sem rótulo.

Depois de um ano de muito estudo nada mais normal do que exigir um vestibular que permita apenas aos candidatos mais preparados a conquista de uma vaga na universidade. Para que o ambiente de prova seja seguro e possibilite uma seleção justa, sem colas ou fraudes, existem normas previstas nos editais de cada instituição que proíbem o estudante de levar alguns objetos e de se comportar de forma inadequada. Algumas regras são gerais e valem para qualquer lugar, outras, variam. Confira o que é possível ou não levar nos dias de provas e fique atento para não vacilar e correr o risco de ser desclassificado do processo seletivo

Fique menos ligado

Para fazer as provas é necessário estar bem antenado, mas só com os conteúdos. Nada de levar aparelhos eletrônicos no dia, como pager, celular, mp3, iPod, iPad ou qualquer outro que transmita dados. A explicação é simples: evitar que o estudante receba informações ou armazene qualquer tipo de cola. A calculadora também deve ficar em casa.

Esses aparelhos são proibidos em todas as instituições, mas algumas deixam que o vestiba fique com os objetos embaixo da carteira ou dentro da bolsa, enquanto em outras eles precisam ser levados para a frente da sala de provas, bem longe do candidato. Na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) apenas o celular pode ficar perto do aluno, desde que esteja desligado e sem bateria. "Se por acaso ele tocar e o aluno não atender, tudo bem, pode continuar com a prova. Mas, se atender, mesmo que no corredor ou no banheiro, é eliminado na hora", explica o coordenador da Comissão Permanente de Seleção, Ivo Mário Mathias.

Em outros lugares, quando entra em sala, o estudante recebe um saco plástico para colocar esses objetos. Os aparelhos são recolhidos, ficam perto dos fiscais e só são devolvidos no término da prova.

O coordenador da Comissão Permanente do Vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Júlio Felipe Szeremeta, conta que uma das irregularidades que os alunos mais cometem – ou tentam cometer – durante a prova é permanecer com o celular. No último vestibular da instituição, com 35 mil candidatos, foram 52 casos. "Alguns insistem em não desligar o aparelho, mas são a minoria. Se isso acontece, temos de eliminar."

Para garantir que mesmo fora de sala não ocorram tentativas de fraude, os fiscais da UFSC, UEPG e Universidade Federal do Paraná (UFPR) usam detectores de metais nas portas dos banheiros. Porém, como o local exige privacidade, não há como evitar, por exemplo, que um estudante entre com algum tipo de cola em papel dentro da roupa. "Claro que isso pode acontecer, mas existe um universo tão grande de conteúdos que dificilmente o que o candidato escreveu no papel cairá na prova", diz Mathias.

No ano passado, os estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não passaram pelo detector de metais. Um repórter do Jornal do Commercio, de Pernambuco, conferiu o tema da redação, foi ao banheiro com um celular e enviou uma mensagem de texto com a informação para o veículo. O caso foi parar nas mãos da Polícia Federal.

Cuidado com o que vai na cabeça

Nada de boné ou cabelo muito longo e solto. Para organizadores de processos seletivos, eles podem esconder algum tipo de aparelho eletrônico ou até colas simples, feitas à mão. Então, assim que entra na sala, o estudante precisa guardar o boné embaixo da carteira ou na mochila, ou prender o cabelo. Essa regra vale para todas as instituições ouvidas pelo Vestibular.

Mesmo com todos esses cuidados, a UFPR registrou há alguns anos uma tentativa de cola. Um estudante escreveu informações sobre o conteúdo na mão, à caneta. Os fiscais descobriram e ele foi eliminado do processo seletivo. "O caso aconteceu na cidade de Cascavel, quando o concurso era descentralizado e aplicávamos provas em outras cidades. Agora que o concurso ocorre apenas aqui (Curitiba e Palotina) fica mais fácil de controlar", diz Heyde.

Comida e bebida controladas

Como o tempo de prova dura em média cinco horas, é normal que o vestibulando sinta sede ou fome. Só que em uma simples garrafa de água ou um pacote de biscoito pode haver algum tipo de cola. Por isso algumas instituições optam por não deixar o aluno comer durante a prova ou, se deixam, pedem que o alimento esteja fora da embalagem.

"Sabemos que muitas vezes as pessoas passam mal se ficarem muito tempo sem beber ou comer. Nós deixamos e até recomendamos a alimentação, porque ela pode ajudar a aliviar a tensão. Mas nossos fiscais ficam bem atentos e conferem os alimentos quando os alunos os colocam na mesa", comenta Mathias, da UEPG.

O mesmo acontece no vestibular da Universidade de São Paulo (USP), que permite comidas, mas instrui os aplicadores a tomarem cuidado.Em outros locais, como na UFPR, apenas a garrafa de água é permitida, desde que seja transparente e esteja sem o rótulo. O coordenador do Núcleo de Concursos da instituição, Raul von der Heyde, explica que nos alimentos é mais fácil esconder algo, já que dificilmente a embalagem é totalmente transparente. Ele recomenda que o estudante se alimente bem antes do concurso.

Segurança acirrada

Além de todos os cuidados com os objetos que os estudantes levam para dentro de sala, ainda existe um policiamento forte, visível ou não. Não só há policiais em alerta, como existe um sistema de rastreamento de equipamentos eletrônicos. Outra forma de garantir a segurança é retirar a impressão digital do estudante.

Durante a prova o fiscal passa recolhendo a digital no cartão-resposta e ela pode ser usada em caso de suspeitas. "No dia da matrícula, se for necessário, nós conferimos o cartão para saber se o estudante que fez a prova é o mesmo que está assumindo a vaga", explica o coordenador do Núcleo de Concursos da UFPR.Foi com esse método que uma das maiores tentativas de fraude do país foi descoberta em 2007. Uma quadrilha que atuava em diversos estados, entre eles Paraná, Rio de Janeiro e Ceará, usava bons alunos de universidades para fazer a prova no lugar de vestibulandos, principalmente para cursos mais concorridos, como Medicina.

Após suspeitas da Polícia Federal (PF), uma operação batizada de Vaga Certa conseguiu provar a fraude. Segundo a PF esses casos não são comuns e hoje não existe no Paraná qualquer inquérito aberto.

Segundo von der Heyde, algumas vezes são os próprios policiais que podem dar trabalho à comissão organizadora do vestibular. Na UFPR é comum candidatos militares não aceitarem retirar a arma da cintura na hora da prova. "Eles têm um certo receio que a gente recolha a arma, porque ela fica em uma sala separada. Mas, mesmo sendo policiais, eles não podem permanecer com ela. Ou nos entregam ou são desclassificados do processo", explica.

Foi o que aconteceu no ano passado, durante a primeira fase do vestibular da Federal do Paraná. Um candidato que fez a prova no câmpus do Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade) foi eliminado por portar arma de fogo. Ele se recusou a deixar o objeto com os fiscais e acabou sendo desclassificado.

Segundo Raul, o câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) recebe todos os candidatos ao Curso de Formação de Oficiais, cujas vagas também são preenchidas pelo vestibular da UFPR. Lá há um local especialmente preparado para que as armas sejam guardadas durante o exame.

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