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Preparação

Quando o papo é Enem, estudar é mais que decorar

O exame ganhou importância nos últimos anos e mudou o jeito com que os estudantes se preparam para os processos seletivos

Arthur (à esq.) e Bruno não pretendem ser pegos de surpresa com o estilo das provas do Enem | Walter Alves/Gazeta do Povo
Arthur (à esq.) e Bruno não pretendem ser pegos de surpresa com o estilo das provas do Enem (Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo)

Foi-se o tempo em que Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) servia apenas para avaliar a qualidade da educação no Brasil. Para se ter uma ideia da importância da prova, hoje ela seleciona bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni), fornece certificado de conclusão do ensino médio para quem tem mais de 18 anos e substitui os vestibulares de várias universidades públicas. Com tantas funções, é natural que o Enem tenha transformado o jeito de estudar e ensinar.

Decorar fórmulas, datas e nomes de rios não basta mais para entrar no ensino superior. O Enem não avalia se o aluno é capaz de memorizar detalhes de conteúdos do ensino médio, mas se tem capacidades e habilidades. "O Enem quer saber se o aluno é capaz de interpretar textos, gráficos e tabelas, independentemente da disciplina. Outra habilidade básica que o candidato deve apresentar é conseguir estabelecer relações", explica o professor de Física Euler de Freitas, que junto com outros docentes é responsável pela recém-lançada Revista Enem, especializada no tema.

No ano passado, 20 universidades e institutos federais de todo o país utilizaram a nota do Enem como único critério de seleção dos novos calouros, entre eles a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Outras 39 instituições aproveitaram o exame como parte das notas dos candidatos. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Enem foi usado das duas formas. Cerca de 10% das vagas de cada curso foram preenchidas apenas pelo resultado do exame. No vestibular tradicional, ele também teve participação. A prova objetiva representou 10% da nota final dos concorrentes.

A maneira como a UFPR aproveitou o Enem é tão complicada que confunde quem entrará neste ano na disputa por uma vaga na instituição. Aluno do terceiro ano do ensino médio do Curso Acesso, Arthur Wladyr Garcia Milicio, 16 anos, sabia apenas que o exame era utilizado na composição da nota final do vestibular. Mesmo assim, ele montou um cronograma para não ser pego de surpresa com o estilo dos exercícios. "Pretendo começar com meia hora por dia resolvendo questões do Enem e aumentar gradativamente o tempo até chegar a duas horas", afirma. Arthur prestará vestibular para Engenharia Mecânica. Além da UFPR, que é a sua prioridade, ele concorrerá a uma vaga na UTFPR e na Universidade Estadual de Londrina (UEL), que não utiliza a nota do exame.

Candidato a uma vaga no curso de Sistemas da Informação da UTFPR, Bruno Padilha Rocha, 16 anos, diz que o Enem traz questões que misturam várias disciplinas e valorizam o raciocínio lógico. "O aluno não vai ler e responder rapidamente com algo que ele decorou", afirma. Segundo Bruno, o estudante que resolve uma ou duas questões do Enem pode até ter a impressão de que o exame é moleza. Mas a dificuldade virá com o tempo de prova, já que os exercícios são longos e exigem bastante leitura. "No conjunto a prova é mais difícil. Em um determinado momento do exame o aluno se cansa e perde a concentração", afirma.

Pré-Enem

Mais de 4,6 milhões de estudantes se inscreveram para o Exame Nacional do Ensino Médio em 2010. Foi de olho nesse público que alguns cursinhos no Ceará e no Pará montaram turmas específicas de "pré-Enem". No Paraná, as instituições de ensino costumam oferecer aulas intensivas para todos os alunos às vésperas do exame. E incluem questões do Enem nos seus materiais didáticos. "Como a inclusão do Enem nas seleções é um processo recente, o que ocorre é uma mudança lenta na forma de organizar as aulas e nas orientações de estudo", afirma o professor de Filosofia e História Daniel Medeiros, também editor da Revista Enem.A professora de Biologia e su­­pe­­rintendente de ensino do Gru­­po Acesso, Tânia Rodini, afirma que os estudantes costumam se preparar para vários modelos de prova, até porque apenas a UTFPR aderiu completamente ao Enem no Paraná. Além disso, o Enem tem se aproximado dos vestibulares e vice-versa, explica o diretor-geral do Curso Unificado, Fernando Luiz Fruet Ribeiro. "As questões de Matemá­tica e Física do Enem do ano passado cobravam mais conhecimentos específicos e estavam mais pesadas do que as da primeira fase da UFPR. Na prova da Federal, o aluno resolvia muitas questões por regra de três. O Enem foi uma surpresa para todos", diz. Apesar desse caso específico, o professor lembra que normalmente os vestibulares são mais conteudistas que o Enem.

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