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Arthur (à esq.) e Bruno não pretendem ser pegos de surpresa com o estilo das provas do Enem | Walter Alves/Gazeta do Povo
Arthur (à esq.) e Bruno não pretendem ser pegos de surpresa com o estilo das provas do Enem| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo

O que muda

Confira quais são as principais características do Exame Nacional do Ensino Médio:

- Conhecimentos gerais: enquanto os vestibulares tradicionais cobram detalhes dos conteúdos de ensino médio, o Enem normalmente privilegia o conhecimento geral. O exame exige um conhecimento mais próximo do dia a dia do aluno. A ideia é que o estudante deve se especializar apenas na graduação.

- Atualidades: o exame também avalia se o candidato está por dentro das notícias de repercussão nacional e internacional. Na semana passada, o Vestibular trouxe uma matéria completa sobre como se preparar para as atualidades e os temas que devem cair nas provas deste ano. Se você perdeu a reportagem, pode encontrá-la no nosso site (www.gazetadopovo.com.br/vestibular).

- Tempo: a maior dificuldade é controlar o tempo para resolver todas as questões. O Enem é aplicado em dois dias. Em cada um deles o aluno tem cinco horas para responder a 90 exercícios. Na primeira fase da UFPR, há 80 perguntas para as mesmas cinco horas. Além disso, as questões do Enem apresentam enunciados longos e são cansativas.

- Contextualização: as perguntas do Enem não são feitas de forma direta. Os assuntos são sempre contextualizados, trazendo situações reais do dia a dia e solicitando que o aluno aponte soluções.

- Redação: o Enem cobra apenas um texto longo dissertativo-argumentativo, diferentemente da UFPR, que traz cerca de cinco propostas de redação de gêneros diversos, como carta, resumo e progressão textual.

- Mistura de disciplinas: o Enem traz uma proposta de redação e quatro provas objetivas: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Matemática. A prova de Ciências Humanas mistura conteúdos de História, Geografia, Sociologia e Filosofia, enquanto a de Ciências da Natureza contém questões de Biologia, Química e Física. Já a prova de Linguagens reúne o que é discutido nas aulas de Português, Literatura, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes e Educação Física. Embora as questões sempre apresentem uma disciplina em destaque, o Enem procura relacionar conteúdos de diferentes áreas.

Foi-se o tempo em que Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) servia apenas para avaliar a qualidade da educação no Brasil. Para se ter uma ideia da importância da prova, hoje ela seleciona bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni), fornece certificado de conclusão do ensino médio para quem tem mais de 18 anos e substitui os vestibulares de várias universidades públicas. Com tantas funções, é natural que o Enem tenha transformado o jeito de estudar e ensinar.

Decorar fórmulas, datas e nomes de rios não basta mais para entrar no ensino superior. O Enem não avalia se o aluno é capaz de memorizar detalhes de conteúdos do ensino médio, mas se tem capacidades e habilidades. "O Enem quer saber se o aluno é capaz de interpretar textos, gráficos e tabelas, independentemente da disciplina. Outra habilidade básica que o candidato deve apresentar é conseguir estabelecer relações", explica o professor de Física Euler de Freitas, que junto com outros docentes é responsável pela recém-lançada Revista Enem, especializada no tema.

No ano passado, 20 universidades e institutos federais de todo o país utilizaram a nota do Enem como único critério de seleção dos novos calouros, entre eles a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Outras 39 instituições aproveitaram o exame como parte das notas dos candidatos. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Enem foi usado das duas formas. Cerca de 10% das vagas de cada curso foram preenchidas apenas pelo resultado do exame. No vestibular tradicional, ele também teve participação. A prova objetiva representou 10% da nota final dos concorrentes.

A maneira como a UFPR aproveitou o Enem é tão complicada que confunde quem entrará neste ano na disputa por uma vaga na instituição. Aluno do terceiro ano do ensino médio do Curso Acesso, Arthur Wladyr Garcia Milicio, 16 anos, sabia apenas que o exame era utilizado na composição da nota final do vestibular. Mesmo assim, ele montou um cronograma para não ser pego de surpresa com o estilo dos exercícios. "Pretendo começar com meia hora por dia resolvendo questões do Enem e aumentar gradativamente o tempo até chegar a duas horas", afirma. Arthur prestará vestibular para Engenharia Mecânica. Além da UFPR, que é a sua prioridade, ele concorrerá a uma vaga na UTFPR e na Universidade Estadual de Londrina (UEL), que não utiliza a nota do exame.

Candidato a uma vaga no curso de Sistemas da Informação da UTFPR, Bruno Padilha Rocha, 16 anos, diz que o Enem traz questões que misturam várias disciplinas e valorizam o raciocínio lógico. "O aluno não vai ler e responder rapidamente com algo que ele decorou", afirma. Segundo Bruno, o estudante que resolve uma ou duas questões do Enem pode até ter a impressão de que o exame é moleza. Mas a dificuldade virá com o tempo de prova, já que os exercícios são longos e exigem bastante leitura. "No conjunto a prova é mais difícil. Em um determinado momento do exame o aluno se cansa e perde a concentração", afirma.

Pré-Enem

Mais de 4,6 milhões de estudantes se inscreveram para o Exame Nacional do Ensino Médio em 2010. Foi de olho nesse público que alguns cursinhos no Ceará e no Pará montaram turmas específicas de "pré-Enem". No Paraná, as instituições de ensino costumam oferecer aulas intensivas para todos os alunos às vésperas do exame. E incluem questões do Enem nos seus materiais didáticos. "Como a inclusão do Enem nas seleções é um processo recente, o que ocorre é uma mudança lenta na forma de organizar as aulas e nas orientações de estudo", afirma o professor de Filosofia e História Daniel Medeiros, também editor da Revista Enem.A professora de Biologia e su­­pe­­rintendente de ensino do Gru­­po Acesso, Tânia Rodini, afirma que os estudantes costumam se preparar para vários modelos de prova, até porque apenas a UTFPR aderiu completamente ao Enem no Paraná. Além disso, o Enem tem se aproximado dos vestibulares e vice-versa, explica o diretor-geral do Curso Unificado, Fernando Luiz Fruet Ribeiro. "As questões de Matemá­tica e Física do Enem do ano passado cobravam mais conhecimentos específicos e estavam mais pesadas do que as da primeira fase da UFPR. Na prova da Federal, o aluno resolvia muitas questões por regra de três. O Enem foi uma surpresa para todos", diz. Apesar desse caso específico, o professor lembra que normalmente os vestibulares são mais conteudistas que o Enem.

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